Capítulo 25 - Melhores amigos

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Um dia depois...

Escola, 08h20...

– Estão todos sentados? – Perguntou o professor de História assim que a turma entrou no autocarro.

Todos responderam afirmativamente entre risinhos histéricos, e momentos depois o autocarro começou a andar. Íamos ter uma visita de estudo durante toda a manhã a um museu sobre a Arte Gótica, se não me engano.

A Anna estava à minha frente, a Maya estava ao meu lado, atrás estava o Noah com a Catherine (que mais uma vez lhe chateava o juízo com brincadeiras infantis), e o Harry estava algures mais à frente. Não sabia exatamente onde.

A Anna lia atentamente o livro que tínhamos roubado do museu, e eu via os carros e as ruas a passarem através da janela.

– Lucas, vou para a outra cadeira. – A Maya avisou-me e apontou para as cadeiras do outro lado do autocarro, onde estava uma miúda sozinha. Acho que elas estavam a combinar irem comprar roupa juntas ou lá o que era.

Assenti com a cabeça em resposta e voltei a olhar para lá para fora. A Anna e eu ainda não tínhamos falado desde aquela discussão naquela espécie de sala laboratorial do Shadow.

Ao que parecia, aquelas pessoas que lá haviam eram inocentes, e o Shadow tinha-as colocado lá dentro como cobaias para as suas experiências.

O Sr. Abraham tratou as nossas feridas e conseguiu apagar as memórias desses inocentes, que agora seguiam as suas vidas normalmente.

Mas em relação a mim, ele não conseguiu perceber o que me injectaram. Até fez análises ao meu sangue para tentar perceber, mas a única coisa que conseguiu descobrir foi que, de facto, não tinha sido injectado em mim nenhum sangue demoníaco.

– Anna. – Dei por mim empoleirado sobre o seu banco (à frente do meu), a chamá-la.

Ela estava a comer uma maçã e parou de mastigar assim que falei com ela, mas logo depois voltou a mastigar, como se me estivesse a ignorar.

Quer dizer... Ela estava-me mesmo a ignorar.

– Anna. – Chamei um pouco mais alto e desta vez ela ignorou-me por completo.

Sabia perfeitamente que ela estava a fazer de propósito, porque estava chateada por eu ter gritado com ela, no laboratório. Caso contrário, tinha continuado a comer como se nada fosse.

Tirei-lhe o livro das mãos e voltei a sentar-me, o que a fez levantar-se.

– Dá cá isso! – Ela ordenou, virando-se para trás (e ficando assim de frente para mim).

– Então não me ignores! – Disse-lhe e ela semi-serrou os olhos.

– Ignoro-te sempre... – Ela retrocou.

– Não me ignores só porque estás chateada. – Corrigi a minha frase e ela deixou escapar um "Tsc".

– Uma briga entre o casal! – A Catherine riu-se de nós e fiquei feliz por a Maya não ter ouvido aquilo, caso contrário eu era um homem morto.

– Está calada, não podes falar de nós! Tu e o Noah andam sempre juntinhos! – Retroquei e ambos coraram, olhando para direções opostas.

A Anna tirou-me o livro do museu e guardou-o na sua mochila, ignorando-me completamente.

– Olha, Anna... – Ela olhou para trás e preparei-me para falar, mas a Maya chamou-me.

Aproximei-me da loira e a Anna cruzou os braços. O que raio se passava com ela?

Depois de a Maya me dizer meia dúzia de coisas às quais eu não prestei muita atenção, dei por mim a sair do autocarro juntamente com o resto da turma. Já tínhamos chegado ao museu?

Entrámos no estabelecimento e o professor disse que podíamos explorar o mesmo à vontade, dizendo que nos teríamos que encontrar todos na entrada do edifício ao meio dia. Depois de me esconder da Maya, comecei a explorar o museu e adivinhem quem é que encontrei...

– Oh, Anna. – Forcei-me a rir e ela semi-serrou os olhos, afastando-se de mim.

Estava farto desta situação estúpida em que estávamos e por isso segui-a.

– Hey, és capaz de desamuar? – Ordenei-lhe e ela desembainhou uma espada que havia junto de muitas armas antigas.

– Desamuar? – Ela observou a lâmina da arma com cuidado.

– É melhor parares com isso... – Avisei-a enquanto a via fazer manobras com a espada.

Sem eu contar, ela deixou a arma bem perto do meu pescoço e fiquei com algum medo, mas na realidade sabia que ela não ia fazer mais do que isto (esperava eu...).

– Tens razão, ainda magoo alguém. – Ela virou-se momentos depois e colocou a espada dentro da sua bainha, pousando-a no local onde ela estava inicialmente.

– Por que é que não vais ter com a Maya? Os melhores amigos deviam andar sempre juntos. – Ela cruzou os braços.

– Então por que é que não estás sempre com a Catherine? – Perguntei-lhe e ela descruzou os braços.

– Porque ela não é a minha melhor amiga... – Mais um dos mistérios da Anna. Boa.

– Não? Então quem é? – Perguntei-lhe, deixando a minha curiosidade tomar conta de mim.

– Ninguém que eu vá voltar a ver... Nós nunca mais nos vamos voltar a ver. – Ela desviou o olhar e fez uma cara de sofrimento.

Nunca pensei vê-la a falar com tanta tristeza. Mas afinal quem seria a melhor amiga da Anna?

Nunca me tinha questionado sobre os amigos da Anna, mas de facto queria mesmo saber quem era a melhor amiga da Miss Seriedade (provavelmente uma Santa, como eu, para ter paciência para aturar as coisas dela...).

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora