Capítulo 61 - O Verdadeiro Objetivo

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Ruas da Cidade, 01h20...

Anna On#

– E então? Não o odeias? Se pensares bem, ele é que é o verdadeiro assassino do teu pai. – Ele disse e desviei o olhar.

– Não o queres matar? – O Shadow sorriu.

Fiquei a olhar para o chão depois de perceber que ele não me iria atacar até obter uma resposta.

A verdade é que ele tinha razão. O pai do Harry tinha causado a morte do meu pai, ou seja, apesar de não o ter morto com as próprias mãos, entregou-o a quem o fez.

E isso era motivo mais do que suficiente para eu o querer matar.

– Não. Não o quero matar. – Informei o Shadow, o que o surpreendeu.

– Não queres? Porquê? Oh, espera. É por ser o teu sogro? – Ele gozou e arqueei a sobrancelha. Só depois é que percebi que ele se estava a referir ao Harry...

– Não, não é porque ele é o pai do Harry. Não o quero matar simplesmente porque a culpa não foi dele. Ou melhor, foi. Mas ao mesmo tempo não foi. – Sabia que me estava a contradizer.

– Ora explica-te lá... – O Shadow sorriu-me.

– É normal como humano ele ter medo. E também é normal ele ter fugido por causa de ter medo. Não o posso censurar por isso, por ter escolhido fugir por medo. É óbvio que o culpo por ter fugido e causado a morte do meu pai, mas também não o culpo por ter tido medo. – Expliquei enquanto encarava o demónio.

– Não consegues ver mais além, pois não? Ele claramente matou o teu pai. Por outras palavras, eu só tratei de fazer o trabalho sujo. – Ele disse e acabei por suspirar.

– Essa é a tua visão das coisas. A minha é esta. Mas diz lá, para que queres o livro? – Resolvi perguntar, uma vez que nenhum de nós iria atacar. Pelo menos por agora...

– A sério, Anna? Pensei que já tivesses percebido... Esperava mais das tuas capacidades, uma vez que és tão inteligente. – Ele disse e grunhi. Estava a chamar-me burra?

– Só tenho duas teorias: ou é porque o livro tem formas de te matar, e tu não queres que ninguém as descubra; ou é porque o livro tem benefícios para ti, e agora que os historiadores o encontraram passados tantos anos, tu queres o livro para ti porque, por alguma razão, precisas dele. – Apresentei as duas opções.

– Bem, posso já dizer-te que é a segunda teoria que está certa. Mas não foste tu que te lembraste dela, pois não? Quem foi? – Ele questionou e mordi o lábio ao lembrar-me daquela pessoa...

– Foi o Lucas... – Respondi-lhe.

– Oh, o teu namoradinho? Interessante... É pena que ele agora esteja morto. – Ele gozou e apertei a minha foice.

– Ele não está morto! – Gritei-lhe e o mesmo riu-se.

– Pensando bem, se calhar não está. Uma vez que tem os esteróides e tal... – Ele levou a mão ao queixo e arqueei a sobrancelha.

– Esteróides? De que estás a falar? – Questionei de imediato.

– Oh, pois. Vocês não sabem que foi isso que eu lhe injetei... De qualquer forma, ele nem os sabe usar, por isso... – O Shadow começou a falar de coisas completamente aleatórias, aparentemente...

– Apenas cala-te e vamos acabar com isto. – Grunhi e corri até ele, iniciando mais uma onda de investidas contra o mesmo.

Anna Off#

Continuei deitado no chão enquanto ouvia a Anna a distanciar-se de casa, levando consigo o Shadow.

Mantive-me de olhos fechados enquanto deixava os esteróides fazerem efeito, tratando assim minimamente da minha ferida. Tinha-me esquecido que eles deixavam o meu corpo mais forte, e por isso quando fui ferido achei mesmo que ia morrer.

E por causa disso disse à Anna que gostava dela...

Mas a verdade é que esqueci-me de que tinha esteróides no meu corpo. Apenas precisava de descansar e já me sentiria melhor.

– Lucas! – Ouvi a Petra chamar por mim e alguns segundos depois senti a mesma pousar sobre a minha testa.

– Hey, abre os olhos! – Ela pediu desesperada.

– Eu estou bem... – Informei, mantendo os olhos fechados.

– N-Noah! Ele está vivo! – A Petra gritou ao rapaz em casa.

– A-A sério? – O rapaz perguntou e ouvi-o correr até mim.

– Lucas! – O mesmo chamou por mim e abri apenas um dos olhos.

– Como é que tu...? – Ele parecia pasmado com o facto de eu estar vivo. Bem... Quem não estaria?

– É uma longa história... Agora não vos posso explicar. Tenho que me concentrar em recuperar e ganhar forças para ir ajudar a Anna. – Informei e voltei a fechar o olho que tinha aberto.

– Não vais ajudar a Anna nesse estado! – A Petra reclamou de imediato.

– Então quem vai? A Catherine, que está doente? A Layla, ferida? O Noah, que também está ferido? O Sr. Abraham, que precisa de descansar, e não de lutar? – Reclamei com a fada de imediato, sempre de olhos fechados.

– M-Mas... Tu também estás ferido! – A Petra reclamou de imediato.

– Mas o meu caso é diferente. Eu tenho os esteróides. – Relembrei.

– Esteróides? – O Noah questionou. De facto, eu tinha-me mesmo esquecido de lhes contar acerca deles...

– Como já disse, não tenho tempo para explicar agora. Basicamente é algo que não me vai deixar morrer facilmente. – Informei e abri os olhos, levantando-me do chão.

Vi que a minha ferida ainda sangrava. Eu próprio tinha perdido bastante sangue, mas, provavelmente devido aos esteróides, sentia-me bastante bem. Pelo menos por agora.

– Vou indo. Liguem à Susy e aos outros e peçam-lhes para nos vir ajudar, por favor. – Informei e caminhei para fora do jardim da casa.

– Lucas, espera! Eu vou contigo! – A Petra disse e acabei por deixá-la vir.

Caminhei lentamente pelas ruas enquanto procurava a Anna. Estava a andar bastante devagar para não perder ainda mais sangue, embora este continuasse a preencher o chão das ruas da cidade com pintinhas vermelhas.

– Lucas, ainda estás a perder sangue. – A Petra disse-me com um tom de voz preocupado.

– Eu sei, mas não posso ficar parad-... – Fui interrompido por um grande estrondo. Vinha da rua ao virar da esquina.

Dei uma pequena corrida e espreitar para a mesma, encontrando a Anna encostada a uma parede, sentada no chão. Aparentemente ela tinha sido lançada pelo Shadow contra essa parede e estava agora exausta.

– Temos que fazer alguma coisa. – A Petra sussurrou-me.

– Eu sei. Já vou tratar disso. – Informei e arregacei a manga do meu pulso direito. Só precisava de algo para o poder cortar e deixar os esteróides saírem.

Provavelmente iria sentir o mau estar causado pela minha ferida depois de os utilizar como arma, uma vez que estes iriam deixar de estar no meu corpo.

– O que estás a fazer? – A Petra perguntou-me.

– Já vais ver. Só preciso de um pedaço de algo cortante. – Informei a fada.

– Eu tenho um plano. – A Petra informou-me.

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora