Anna [Pausada]

Capítulo 28 - Três Dias

Escola, 19h20...

A Anna estava a ler aquele livro sobre demónios que tínhamos roubado do museu enquanto a Petra me contava o que tinha acontecido no episódio do anime da noite passada (sinceramente não lhe prestava muita atenção).

– E então, já descobriste alguma coisa nova? – Aproximei-me da Anna assim que a Petra acabou de descrever o primeiro beijo dos protagonistas do anime.

– Acho que sim. Petra, preciso que me ajudes. – A rapariga olhou para a minha cabeça e a fada apareceu entre os meus cabelos.

– Tudo bem. – Ela aceitou e quando dei por mim, encontrava-me já em frente à casa do Sr. Abraham.

– Velhote. – A Anna chamou depois de bater à porta três vezes.

– O que querem? – O velho abriu a porta bruscamente.

Não sabia muito bem qual era a relação entre estes dois, mas apesar de estarem sempre a responder torto, eles pareciam gostar bastante um do outro.

– Precisamos de utilizar o jardim. – A Anna entrou em casa e eu e a Petra seguimo-la, acabando assim lá fora.

Lembrava-me de o Sr. Abraham me ter testado neste mesmo jardim para ver se eu era mesmo um feiticeiro ou não, mas dessa vez o jardim não me pareceu ser tão grande quanto realmente era.

– Aqui temos espaço suficiente para treinarmos sem ninguém nos ver. – A rapariga explicou e mudou de roupa, utilizando magia para trocar do seu uniforme da escola para o vestido negro que usava em batalha.

– Lucas, a baba... – A Petra avisou-me num sussurro e fechei a boca, limpando discretamente o fio de baba que saía da mesma.

– Sabes que a Anna usa calções por baixo do vestido, não sabes? – A Petra sussurrou-me novamente.

Espera, a Anna usava calções? Aquele vestido tinha acabado de perder a piada...

– Segundo este livro, a ligação entre fadas e humanos, como a minha com a Petra, pode trazer-nos algumas vantagens. – Ela começou a falar, aproximando-se da mesa de jardim juntamente com o livro do museu.

– E depois de traduzir este primeiro capítulo, percebi que há uma forma de os meus ataques se tornarem mais fortes com a ajuda da Petra. – Ela pousou o livro naquela pequena mesa.

– Como assim? – Perguntei depois de me sentar numa das cadeiras que fazia conjunto com a mesa.

– Também não sei bem. – Ela informou-me e a Petra saiu da minha cabeça, entrando no corpo da Anna (adoro quando ela fazia isso).

– Segundo o livro, basta-me invocar uma arma. Uma vez que a Petra tinha que controlar a minha alma para não despertar o meu lado demoníaco, grande parte das minhas capacidades não era aproveitadas. – A Anna explicou.

Como assim? Ela já era tão forte, e nem estava a lutar a sério?

Agora até tinha medo...

– Assim sendo, agora que o meu lado demoníaco despertou, a Petra já não precisa de conter a minha alma. Posso lutar livremente. – Ela continuou a sua explicação.

– Isso quer dizer que já não precisas de mim...? – Ouviu-se a voz da Petra perguntar, dentro do corpo da Anna.

– Claro que preciso. Tal como já percebemos, eu não consigo lutar direito com o meu lado demoníaco activo. E é por isso que preciso que continues a ajudar-me: podia ser muito mais forte sem te ter a controlar a minha alma, mas preciso que o continues a fazer para não perder o controlo sobre mim mesma. – A Anna explicou e acabei por sorrir. No fundo ela estava a dizer à Petra o quão ela era importante para todos nós.