Anna [Pausada]

Capítulo 73 - Portal para o Terceiro Mundo

Escola, 17h50...

– Por hoje é tudo. Podem sair. – O professor disse e todos começaram a arrumar as suas coisas.

– Meninos. – A Catherine chamou-nos depois de pegar no seu telemóvel.

– O Sr. Abraham disse que íamos ter uma reunião agora mesmo. Em casa dele. – A rapariga informou-nos, incluindo o Harry, a Susy, o Jack e o Zac.

– Eu vou ter com vocês daqui a nada. Preciso de ir fazer uma coisa primeiro. – O Harry disse e saiu de forma apressada da sala de aula.

Suspeito.

Provavelmente estava a ser paranóico, mas mesmo assim preferia sê-lo em vez de ser descuidado. Afinal, com o Harry nunca se sabe.

Todos arrumamos as nossas coisas e saímos da sala rapidamente. Estava curioso acerca do motivo para esta reunião tão em cima da hora.

– Vamos lá, tropas. Toca a despachar! – Chamei pelo resto do grupo, que caminhava de forma descontraída até à saída da escola.

– Sim, sim! – Ouvi a Catherine exclamar enquanto arrastava o Noah.

Logo a seguir a Anna correu até mim e continuou a andar ao meu lado. Vê-la correr até mim era estranho... Muito estranho.

– Sabes onde foi o Harry? – Resolvi perguntar. Estava extremamente curioso (ou talvez preocupado).

A Anna rolou os olhos e dirigiu o seu olhar para a frente enquanto caminhava, ignorando a minha pergunta.

De alguma forma, não era um daqueles revirar de olhos rudes. Era mais um daqueles "deixa lá, isso não interessa agora". Confesso que chegava a sentir falta da Miss Seriedade (embora isso faça de mim um potencial masoquista...).

– Podias dar-lhe uma pequena chance, não achas? – A Anna perguntou baixo sem olhar para mim.

– A quem? Ao Harry? Nem pensar. Não depois de tudo o que ele fez! Chances foi coisa que não lhe faltou, e ele não aproveitou nenhuma delas. – Reclamei e ela desviou o olhar.

– Também tens razão... Mas eu quero acreditar que desta vez ele vai mesmo mudar. – A Anna disse e suspirei.

– Acho que só vais apanhar mais uma desilusão, mas tu é que sabes. – Informei-a, mas ela não respondeu.

– Eu também concordo com o Lucas. – A Petra surgiu de dentro da mochila da Anna. Bem sabia que ela estava lá dentro!

O resto do caminho até casa do Sr. Abraham foi feito em silêncio. Apenas se ouviam a Catherine e o Noah a conversarem sobre sei lá o quê... Para ser sincero não prestei atenção.

A Susy também esteve calada durante todo o caminho, e o Jack e o Zac cochichavam sobre qualquer coisa.

Assim que chegamos a casa do Sr. Abraham, bati à porta e o idoso abriu a mesma algum tempo depois.

– Podemos saber de que se trata esta reunião? – A Anna perguntou assim que o mesmo nos convidou a entrar.

– Onde está o Harry? – O Sr. Abraham questionou, ignorando a pergunta da Anna.

– Ele disse que tinha que ir fazer uma coisa primeiro. – O Jack respondeu.

– Mas nós precisamos dele para esta reunião. – O Sr. Abraham retrucou enquanto entravamos na cozinha e nos íamos sentando à volta da grande mesa de vidro.

A Korin estava sentada numa das cadeiras enquanto nos observava a todos. A Layla fazia o mesmo.

– Precisamos assim tanto dele? – Dei por mim a perguntar.

– Sim, precisamos. Quero saber como é que ele contactou o seu pai deste mundo para o Segundo. – O Sr. Abraham informou.

– Para quê? – A Catherine questionou.

– Quero falar com o Rei, explicar a nossa situação e o nosso plano contra o Shadow, e pedir-lhe que abra o portal para o Terceiro Mundo. – O idoso explicou e abri a boca.

– O Terceiro Mundo? Mas esse sítio não é só para demónios? – Estava bastante confuso.

– Sim. É um local onde os climas são bastante distintos: ou está extremamente frio, ou está extremamente quente. Com essas condições é difícil construir casas, meios de defesa e campos de cultivo, por isso é que é tão difícil para os humanos lá sobreviverem. Também existem muitos mais demónios nesse mundo, sendo essa mais uma razão para a dificuldade em sobreviver no Terceiro Mundo ser tão grande. – A Susy pronunciou-se. Ela está sempre por dentro de todos os assuntos. É impressionante!

– Então para que é que precisamos de abrir o portal até lá? É um sitio perigoso. – Foi a vez de o Noah fazer uma pergunta.

– Derrotar o Shadow quer no Primeiro, quer no Segundo Mundo, iria causar uma enorme destruição. Alguns de vocês viram como ficou o palácio do Segundo Mundo quando a Anna teve uma pequena luta contra ele. – O Sr. Abraham disse.

Revirei as minhas memórias e lembrei-me de como o Shadow se tornou grande, naquela forma de cão gigante. A Anna usou a espada do seu pai, a sua arma mais forte, para lutar contra ele dessa vez, e mesmo assim não foi suficiente para o travar. Isso sim, foi assustador, e de facto deu origem a muita destruição.

– Então qual é o plano? Lutar contra o Shadow no Terceiro Mundo? – O Jack pronunciou-se.

– Exatamente. Depois de explicar o nosso plano ao Rei do Segundo Mundo, tenho a certeza de que ele nos vai ajudar. Afinal, ele quer o bem para o Segundo Mundo, e ele sabe que esse bem só virá assim que o Shadow estiver morto. – O Sr. Abraham confirmou.

– Eu vou ligar ao Harry. – A Anna informou e acabei por me sentar numa das cadeiras perto da mesa de vidro da cozinha.

Assim que o Harry atendeu a chamada, a Anna pediu ao mesmo para vir ter connosco o mais rápido possível. Esperamos que a princesa Harry chegasse, e após isso explicamos-lhe o nosso plano.

– Muito bem. Estou disposto a ajudar, mas preciso que venham até minha casa para poder falar com o meu pai. – O Harry disse e semi-serrei os olhos.

– Não podes simplesmente falar com ele aqui? – Reclamei. Não me conseguia controlar... O facto de ele querer levar-nos com ele fosse para onde fosse cheirava-me a problemas.

– Não. O meu pai deu-me um aparelho especial para falar com ele, e esse mesmo aparelho está em minha casa. É difícil de o transportar, por isso é mais fácil se formos até lá. – O Harry explicou, o que me fez suspirar.

– Tudo bem, tudo bem. Não há problema. – A Anna olhou para mim e depois para o Harry. Acho que ela estava mais a tentar acalmar-me...

– Então vamos lá. – Acabei por dizer.

– "Vamos"? – O Harry repetiu.

O quê? Ele esperava que eu o deixasse ir sozinho com a Anna? Nem por sombras!

– Sim. Vamos os três a tua casa. – Disse, o que o fez revirar os olhos. Sinceramente...