Capítulo 72 - A Roda Gigante

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Parque de Diversões, 18h50...

– Vamos lá! O parque fecha às 19h30! Já nem temos uma hora! – A Catherine gritou a toda a gente enquanto corríamos em direção à roda gigante. Acho que ela e a Maya tinham deixado essa diversão para ultimo lugar por ser a mais popular do parque.

Assim que lá chegamos, tínhamos uma grande fila à nossa frente, o que não era bom sinal.

– Ficamos aqui? – A Layla perguntou à Catherine. Estava surpreendido por ela estar a falar (refiro-me à Layla). Ao longo do dia ela tinha mostrado algum interesse pelas atrações e pareceu ter-se divertido.

– Por mim, tudo bem. – A Susy disse.

– Por mim também. – A Anna e o Noah acabaram por dizer em conjunto.

– Então ficamos! – A Maya celebrou.

A fila foi avançando lentamente enquanto eu jogava um jogo no telemóvel. Era um daqueles jogos básicos para crianças. Só o tinha no meu telemóvel por cause da Kate, a minha irmã.

As 19h20 chegaram e nós estávamos mesmo à frente na fila, o que queria dizer que ainda íamos conseguir andar na roda. A Catherine e a Maya estavam extremamente entusiasmadas com isso.

– Só podemos enviar mais algumas pessoas. Tudo a mexer! – Um dos monitores do parque reclamou e começou a empurrar alguns dos nossos para os cubículos da roda gigante.

Vi a Susy e o Zac serem enfiados no mesmo cubículo, assim como a Layla e o Jack. Logo a seguir foi o Noah com a Catherine, e no final o Harry com a Maya.

– Os últimos dois! – O homem gritou e empurrou-me a mim e à Anna. Boa...

Para os outros, no geral os casais tinham ficado bem. Mas no caso da Anna e do Harry, não.

Sinceramente, acho que preferia ter uma viagem agradável e calma na roda gigante com a Maya, do que uma viagem silenciosa e constrangedora com a Anna.

O monitor fechou a nossa cabine e vi-o mandar todos os outros que estavam na fila embora. Confesso que tive sorte por ainda poder andar na roda.

– Gostaste deste dia? – A Anna fez-me desviar o olhar do homem.

– Oh, sim. Foi divertido. – Foi divertido ver o Harry andar atrás de ti feito cão, sim.

– Também acho que foi divertido. De qual diversão gostaste mais? – A rapariga questionou-me.

– Acho que foi da casa assombrada. Os figurantes eram bons, e de facto a casa assombrada era bastante realista e assustadora. – Já tinha dito que sou o menino dos filmes de terror?

– Acho que a minha favorita foi a diversão das chávenas. – Ela atirou e arqueei a sobrancelha.

– A das chávenas? Mas nessa nem andaste com o Harry. Vocês divertiram-se muito ao longo do dia... – Não conseguia esconder os meus ciúmes.

– Não preciso do Harry para me divertir... – Ela reclamou baixo.

– Mas tu gostas dele. Por que é que foste comigo nas chávenas e não quiseste ir com ele quando ele te pediu? – Questionei.

– Oh, acerca disso... Gostava de falar contigo sobre uma coisa. – Ela desviou o olhar e apertou as mãos em cima das suas pernas.

Por alguma razão, esta pergunta tinha-me apanhado desprevenido. Estava desconfiado. E aquele desviar de olhar só me deixava ainda mais confuso e intrigado.

– Sobre o que queres falar? – Acabei por perguntar, uma vez que ela não desenvolveu mais. Não me parecia ser um assunto sério, mas mesmo assim estava curioso.

– Bem, eu te-... – O meu telemóvel tocou, o que fez a Anna calar-se.

– Desculpa... – Pedi e tirei o telemóvel do bolso das calças, encontrando o nome "Catherine" no visor.

– A Catherine? – Arqueei a sobrancelha, desconfiado. Resolvi atender a chamada.

– Sim? – Questionei.

– Lucas, olha para a cabine do Harry e da Maya! – A Catherine gritou do outro lado.

Levantei-me do meu lugar e fui até ao da Anna, uma vez que a cabine deles estava atrás dela.

Não podia acreditar no que estava a ver. O Harry mexia no rosto da Maya enquanto sorria para ela, e por sua vez a Maya parecia hipnotizada. Eu já sabia que não a devia ter deixado ir com aquele... Aquele idiota.

– Grande desgraçado! O que é que ele pensa que está a fazer com a minha melhor amiga?! – Desviei o olhar e olhei para a cabine à frente da do Harry e da Maya, onde o Noah e a Catherine iam.

– Está a tentar deixar-te irritado, e está também a tentar fazer ciúmes à Anna. – A Catherine também olhava para mim.

Desviei o olhar e vi que a Anna também olhava para a cabine do Harry e da Maya, mas não conseguia perceber se ela estava incomodada com a atitude do Harry.

Voltei a olhar para a cabine deles e vi a Maya afastar o Harry, o que me fez sorrir.

– Ainda bem que a Maya tem juízo! – Dei por mim a celebrar.

– Sim, tenho que concordar. Confesso que não estava à espera que ela o fosse afastar. – A Catherine comentou do outro lado.

– Pronto, acho que podemos desligar. – Disse-lhe.

– Certo. Até já! –Ela disse e acenou-me pela sua cabine, por isso fiz o mesmo e desliguei a chamada.

Acabei por me sentar à beira da Anna sem dar por isso, o que acabou por me deixar um pouco desconfortável.

– Estou cansado... – Deixei escapar baixo, acabando por me espreguiçar.

Depois de erguer os braços no ar, ao pousá-los acabei por deixar a minha mão a tocar na da Anna.

Momentos vergonhosos e constrangedores, cá vamos nós!

Sentia as minhas bochechas a queimar bastante, e quando olhei para ela pelo canto do olho vi que as suas estavam iguais (ou até piores).

– Então... Ias-me dizer qualquer coisa antes da Catherine ligar. – Tentei fazer conversa voltando ao assunto anterior.

– Oh, isso... Depois conto-te noutra altura. A nossa cabine está quase a chegar ao chão, por isso não temos tempo. – Ela disse e olhei para fora da cabine. Ainda faltava algum tempo para chegarmos ao chão, por isso percebi que ela só estava a inventar desculpas.

– É algo importante? – Resolvi perguntar.

– Não... Não é. – A rapariga respondeu-me enquanto eu olhava pela janela. A Susy e o Zac já tinham saído do seu cubículo.

– Só quero que saibas que, volto a repetir, não vou ser tão estúpida em relação ao Harry. E isso quer dizer que também não lhe vou dar tantas confianças. – Suponho que isto explicava por que é que ela preferiu vir comigo na diversão das chávenas e não com o Harry.

– Isso é bom de ouvir. Não é porque tenho ciúmes, mas porque significa que estás mais protegida do Harry. – Esclareci. Era estranho não ter corado com a minha última frase...

Seguiram-se alguns segundos em que nenhum de nós falou. Mais um momento constrangedor com a Anna...

– Hey... – A Anna chamou-me baixinho.

– Sim? – Perguntei enquanto nos via cada vez mais próximos do chão.

– Gostas mesmo de mim? Tens a certeza de que gostas de mim? – Ela perguntou e olhei para ela. Por sua vez, ela também olhava para mim.

– Sim. – Tentei ser o mais firme e convincente possível.

– Hmm... Estou a ver. – Ela disse e desviou o olhar.

Assustei-me assim que senti a nossa cabine atingir o chão, e logo de seguida o monitor de ao bocado veio abrir-nos a porta.

– A diversão está fechada. Podem ir embora. – Ele disse. Adoro a forma como ele foi simpático com os seus clientes...

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora