Capítulo 69 - Adolescente Criança

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Casa do Sr. Abraham, 02h20...

A miúda do bikini atirou-se para uma das cadeiras da cozinha e cruzou as pernas e os braços. Estava com uma cara de tédio.

– E esta é a Korin. Filha de um amigo meu que já morreu. Tem 26 anos e é uma Mestre de Armas. – O Sr. Abraham disse enquanto olhava para a mesma, que nos ignorava.

– Então, ela não está contra nós? – Perguntei.

– Infelizmente, pelos vistos saiu ao pai e faz qualquer tipo de trabalho desde que lhe paguem bem. – O Sr. Abraham informou. Ele também parecia entediado.

– Cale-se, Velhote... – A tal Korin grunhiu.

– Queres explicar-me o que foi desta vez? – O Sr. Abraham questionou-a.

– Pagaram-me para matar a Anna Sheltery. Foi só isso. – A mesma disse, ainda com cara de má.

– E o nome "Sheltery" não te diz nada? – O Sr. Abraham cruzou os braços.

– O que é que foi? Não é como se estivéssemos a falar do próprio Nick... – A Korin reclamou pela milionésima vez.

A Anna bebia água enquanto olhava para a rapariga de forma séria, pronta para a matar a qualquer momento, mas a mesma arregalou os olhos assim que ouviu o nome Nick.

Será que Nick era o nome do pai dela? Pensando bem, sempre me referiram a ele como "pai da Anna".

– Tens razão. Estás a falar da filha dele. Da minha neta. – O Sr. Abraham retrucou.

Pelos vistos, sim. Nick era o nome do pai da Anna.

– Se fosse o próprio Nick, era óbvio que não o matava. Nem sequer me conseguia aproximar dele, em primeiro lugar. Mas se for outra pessoa qualquer, basta pagarem bem e eu mato. – A Korin reclamou e fiz cara de mau.

– Desculpa que te diga, mas se pensas assim com essa idade, então ainda tens muito que aprender. Dinheiro não é tudo. – Dei por mim a abrir a boca.

Pensei que ela fosse reclamar comigo ou ficar indignada, mas a reação que teve foi precisamente a oposta.

Ela deu-me um sorriso gozão.

– Cala-te, arbusto. – Ela disse e senti-me corar. Ela referia-se ao que tinha acontecido quando ela apareceu em minha casa, quando saltei da janela com ela e fiquei cheio de folhas de um dos arbustos do nosso jardim.

– Mas afinal que relação tens com o meu pai? – A Anna já se tinha levantado do seu lugar na mesa.

– Eu? Nenhuma. Ele era o meu ídolo, mas era um idiota. Só isso. – A Korin disse e arregalei os olhos.

Esta miúda definitivamente não bate bem. Acabou de se contradizer em apenas uma frase!

– Como?! – A Anna já estava fora do controlo.

– Calma, Anna. – O Sr. Abraham interviu.

– Fazes-me mesmo lembrar o teu pai, honestamente. – A Korin acrescentou.

– Esta rapariga andava sempre no nosso meio, quando era mais nova. Uma vez que o pai dela fazia parte do nosso grupo de Mestres de Armas, ela costumava andar sempre perto de nós. Esta história remonta há uns 15 ou 16 anos atrás, no Segundo Mundo. – O Sr. Abraham começou, o que fez a Korin suspirar.

– O pai da Anna e o do Harry tinham acabado de voltar de mais uma missão, e a Korin estava com o seu pai e connosco nesse momento. Depois de ouvir o relato do Nick sobre o trabalho do qual tinham vindo, aparentemente ficou fascinada. E desde aí que nunca deixou de andar atrás do pai da Anna. Um verdadeiro ídolo, tal como ela disse. – Olhei para a Korin enquanto o Sr. Abraham falava. A morte do pai da Anna também lhe deve ter custado muito.

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora