Capítulo 56 - O que aconteceu?

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Num lugar do Terceiro Mundo, a uma certa hora...

Layla On#

Acordei pela sétima vez com os passos daquela criatura a chegar, o que me fez tremer de imediato. Até já tinha decorado aquela frase dele: 7 dores, 7 cortes, 7 gritos, e 7 vezes. Era a frase que não me saía da cabeça...

– Então, Layla? Já recuperaste das tuas feridas anteriores? – Ele perguntou com uma voz gozona.

– Eu quero ir embora... – Pedi já à beira das lágrimas.

– Não, não, não. Tu sabes que não podes ir, Layla. – Ele disse e ouvia os seus passos cada vez mais próximos.

– Mas isto dói! – Gritei e desatei a chorar logo de seguida.

Vi o Mestre Shadow pegar numa faca e comecei a tremer mais do que antes. Ia começar.

A primeira facada foi direta à minha perna direita, o que me fez gritar de dores. As minhas feridas dos castigos anteriores ainda nem tinham sarado e já estavam a abrir outra vez. Ele deixa-nos à beira da morte pela nossa perda de sangue e quando estamos minimamente recuperados, volta a torturar-nos.

– Então, vais voltar a ser fraca? – Ele perguntou com uma voz gozona e solucei.

– Não! Eu prometo! – Gritei na esperança de que ele parasse com aquilo.

Fui mais uma vez atingida pela faca e gritei de novo.

– Não ouvi bem. – O Mestre disse e solucei mais algumas vezes. Todo o meu corpo tremia.

– Eu não vou ser fraca! – Gritei mais alto e ele riu-se.

– Eu vou só buscar uma ferramenta especial. Venho já. – Ele disse e abandonou a sala, deixando-me a chorar sozinha.

Uma nova figura entrou na sala a correr, desta vez era alguém com uma capa que lhe cobria o corpo todo.

– Está tudo bem, Layla. Agora vais poder fugir. – A mesma pessoa disse, abaixando-se à minha frente. Pela voz sabia que era um homem, e a mesma era tão familiar...

Olhei para essa pessoa com os meus olhos arregalados. Quem era ele? Por causa do capuz não lhe conseguia ver o rosto por completo. Apenas um sorriso doce.

– Agora vou utilizar toda a minha magia para te teletransportar para o Primeiro Mundo outra vez. Quando lá chegares tens que te esconder e nunca mais voltas para o Shadow. Tens de me prometer isso! É a tua oportunidade de seres livre dele, por isso esforça-te ao máximo! – Aquela pessoa disse mas não tive nenhuma reação. Apenas deixei mais lágrimas caírem enquanto ele olhava para mim.

– Vai correr tudo bem. – Aquela pessoa que eu julgava conhecer disse e limpou as minhas lágrimas, invocando uma das suas armas e usando esta para me libertar das algemas que me prendiam à cadeira. Ou seja, era um Mestre de Armas.

– Sê forte. – Foi a última coisa que ele disse, pousando a mão na minha cabeça.

Em menos de um segundo estava num espaço completamente diferente. Agora estava no meio de um local com relva, mas ainda com as minhas feridas. Pelos vistos tinha mesmo voltado para o Primeiro Mundo, graças àquele homem.

Reconheci a rua onde me encontrava mas não tinha ninguém a quem pedir ajuda, por isso limitei-me a andar sem rumo, encontrando uma casa luxuosa à minha frente.

Layla Off#

Estava com a Catherine, a Petra, o Noah e a Anna em casa do Sr. Abraham a estudar com eles. Na semana que se seguia íamos ter vários testes e por isso teríamos que estudar durante o fim-de-semana todo, por isso mais valia estudarmos todos juntos.

– O fim-de-semana é tão bom... – A Anna comentou enquanto lia uma revista e comia bolachas, sentada connosco à mesa e com as pernas cruzadas.

– Dizes isso porque não precisas de estudar, como nós. Quem me dera ser como tu... – A Catherine resmungou.

– Eu vou comer gelado. – O Noah disse, levantando-se rapidamente da cadeira e abrindo o congelador.

– Coitadinhos. Vocês têm que estudar... – A Petra lamentou enquanto tentava pegar num lápis (que era demasiado pesado para ela).

Suspirei e deitei a cabeça sobre os livros, ficando a olhar para a Anna. Ainda não tínhamos trocado uma única palavra um com o outro desde que ela me beijou (repito; não fui eu que a beijei, foi ela que me beijou a mim!).

Ela levantou os olhos da revista e olhou para mim com uma bolacha na boca, o que nos fez a ambos desviar o olhar.

Não aguentava esta situação durante muito mais tempo!

Ouvi alguém dizer umas coisas do lado de fora de casa. Parecia ser uma voz cansada e aflita, mas sobretudo familiar.

– Mas quem será? – A Petra perguntou e largou o lápis que estava a tentar levantar, saindo de casa comigo para ir ver quem era.

Vi ao longe uma rapariga de cabelos roxos caminhar lentamente até nós e ao inicio não percebi quem era, mas quando ela caiu do nada no chão é que percebi que era a Layla.

– Noah, anda cá! – Gritei pelo rapaz e corri até à Layla, abaixando-me à frente dela

A mesma estava inconsciente e tinha feridas por todo o corpo, mas principalmente nas pernas.

– O que é que ela tem? – O Noah perguntou assim que nos viu e também se abaixou.

– Eu não sei. Ela simplesmente desmaiou. Provavelmente por causa da perda de sangue. – Expliquei e a Anna e a Catherine também correram até nós.

– A Layla? – A Anna pareceu surpreendida.

– Quem é que lhe terá feito uma coisa destas? – A Catherine perguntou aflita e suspirei.

– Pelo menos não parecem ser feridas graves. Vamos levá-la para dentro. Cuidamos das feridas dela e quanto acordar falamos com ela. – Informei e todos concordaram.

– Coitadinha... – A Petra disse com uma voz triste.

O Noah pegou na Layla ao colo e entramos em casa, deitando-a no quarto de hospedes.

– Aqui há gato... Isto é mesmo muito estranho. – Comentei enquanto olhava para a Layla.

– Quem é que a poderá ter ferido desta forma? – A Petra perguntou baixinho enquanto víamos o Sr. Abraham tratar das feridas da rapariga. O mesmo tinha chegado após deitarmos a Layla, depois de vir do supermercado.

– Pode ter sido o próprio Shadow. Afinal, ela perdeu contra o Lucas na última vez que nos encontramos, ou já se esqueceram? Pode ter sido uma espécie de castigo. – A Anna atirou e todos nos surpreendemos.

– A Anna tem razão... Mas se isto foi um castigo, então foi mesmo um grande castigo. Olhem para a quantidade de feridas que ela tem! – O Noah disse boquiaberto.

– Mas nós não vamos deixar que lhe façam mal, pelo menos enquanto ela não melhorar. – Disse e por incrível que pareça a Anna concordou comigo, ainda que ela não goste nada da Layla.

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora