Boa leitura, xoxo
A R I A
Dia de jogo amistoso era quase a mesma coisa que um evento nível copa do mundo.
Eu queria poder dizer que estava exagerando, mas a energia era exatamente igual.
Agora que tinha acabado a temporada dos coiotes, os bichos-papões iriam fazer a sua estreia, com ninguém menos, ninguém mais, que os corvos. Se a rivalidade entre os coiotes eram grandes, com as aves era ainda maior, com o campus inteiro se reunindo e torcendo para um só time.
Eu tinha pensado duas vezes antes de vir para o jogo com a camisa 17, o Malik estampado nas costas. Aquilo iria confirmar o que já estava rolando solto de fofoca na faculdade a dias, desde quando eu e Zayn começamos a sair e andar juntos mais regularmente, a umas 3 semanas atrás.
Não sabia dizer o que éramos, mas sabia que éramos alguma coisa.
O maior choque não foi nem o nosso relacionamento, mas sim a consequência dele: coiotes e bichos-papões andando juntos, sem matar um ao outro, já que nossos amigos andavam com a gente e como agora estávamos servindo de elo, os dois mundos estavam se chocando e convivendo entre si.
Estávamos indo para o ginásio local pelo espaço das arquibancadas de lá ser maior, suportando as duas torcidas.
Se alguém ainda tinha alguma dúvida de algo sobre nós, Zayn fazia questão de aniquilar qualquer que fosse, vindo ao meu encontro no momento em que me vê, me puxando para um beijo rápido e convidando para eu ir no ônibus com ele.
- Não é apenas do time? - Pergunto, ainda um pouco estática pela demonstração pública de afeto tão escancarada.
- Qual é a graça de ser o capitão se eu não tenho o mínimo dos privilégios? - Dou risada com isso, porque a última coisa que Zayn tinha nessa vida era privilégio, ainda mais sendo capitão do time.
Acompanhando sua rotina mais de perto eu tinha conseguido ver como ele não tinha um minuto sequer de sossego, arrumando treino, bolando estratégia ou apenas ajudando um ou outro companheiro que estava mais atrasado.
- Além disso, olha... - Ele passa o braço sobre os meus ombros, apontando para Liam e Maya. - Eu não sou o único.
- Vou só mandar mensagem avisando, então. - Murmuro já fazendo isso, avisando meus amigos onde estava indo para que pudéssemos nos encontrar lá.
- Vamos ir entrando no ônibus. - Ele pega a minha mão, enquanto eu concordo distraidamente, colocando de volta meu celular na bolsa.
Passamos por seus amigos e eu cumprimento quem eu conhecia, notando que ele realmente não era o único a levar companhia. No final, era só mais um ônibus levando alunos, como todos os outros, do que um separado pro time em si.
Geralmente, na maioria dos jogos, não tem tanta comoção e muito menos ônibus para levar todos os alunos, a questão era a rivalidade tão antiga com os corvos que acendia o fogo e a vontade da torcida não somente nos alunos, como os responsáveis maiores, que entendiam a empolgação e tentavam ajudar como podiam.
Quinze minutos depois, estávamos finalmente saindo e eu pergunto algo que estava curiosa desde que tínhamos chegado juntos, hoje de manhã.
- Você não está nenhum pouco ansioso? - Zayn parecia tão calmo, tão tranquilo sobre isso, quando eu no lugar dele, já teria desmaiado duas vezes e voltando a vida só depois.
- Claro que eu estou. - Ele me responde, mas ainda assim, sua tranquilidade era de quem me responderia que o céu é azul. - Mas estou ainda mais empolgado que tudo. É começo de uma temporada nova, eu estou extremamente feliz com a gente, com tudo a minha volta e não importa o resultado, eu vou me divertir jogando e isso é o que importa.
Apesar da sua postura calma, eu conseguia ver no seu jeito de falar um pouco do medo que ele estava tentando esconder, ao se convencer disso. Não acho que ele está mentindo ou qualquer coisa assim, apenas acho que não esteja sendo totalmente sincero com essa última parte, a vontade de ganhar claramente falando mais alto do que apenas se divertir.
- Você ainda não me disse pra quem vai ser a sua torcida. - Olho pra ele quase que indignada.
- Tem um "Malik" gigante nas minhas costas e você ainda tem a coragem de me perguntar isso? - Ele ri, encostando de forma suave com as pontas dos dedos na minha bochecha, no local que eu sabia que estavam as duas faixas de tinta, uma preta e uma amarela, o completo oposto das cores dos seus uniformes.
- A última vez que eu chequei, essas cores não eram nossas. - Fico vermelha, desviando o olhar.
Tinha quase esquecido que tinha pintado o rosto com elas, lembrando do momento que tinha feito isso, hoje de manhã, na frente do espelho.
- Eu me sentiria mal de dar nenhum apoiozinho. São meus amigos, eu conheço todos eles. - Não que eu não conhecesse desse time, mas os corvos... Eu tinha convidado mais tempo e sabia da vontade deles de ganhar depois de tudo. Eu não conseguiria mentir e falar que não estava sim, de fato, torcendo pros dois.
- Está bem, está bem... Eu aceito perder a batalha, sabendo que ganhei a guerra. - Acho graça do jeito que ele fala isso, me aproximando para deixar um beijo rápido na sua boca, o deixando surpreso por ser a primeira vez que eu início qualquer demonstração de afeto perto de gente. - Nós vamos ganhar, infelizmente, até o final do jogo, essa tinta já vai ter saído. - Dou risada, batendo no seu braço e me afastando um pouco.
- Acho que se eu chorar a vitória do meu alguma-coisa não seria um bom sinal ou começo de relacionamento. - Se bem que eu não descarto a possibilidade disso realmente acontecer.
- Seu "alguma-coisa"? - Ele me pergunta divertido e eu vou tentar explicar. - Sim, ué. Eu não sei o que nós somos. Ficante é feio de falar. - Achava quase que infantil, na verdade.
- Logo, logo, a gente muda isso. - Sua promessa continua ecoado na minha cabeça, enquanto ele rapidamente é distraído por um dos colegas de time, que o provoca e começa uma conversa em grupo, que eu fico mais do que feliz em apenas escutar, ainda pensando nos significados das suas palavras.*
O ringue era enorme, bem diferente do que tínhamos no campus e as arquibancadas, além de tudo, lembrava algo profissional, que você via na TV.
Já tinha me despedido do Zayn e do time, desejando boa sorte enquanto seguia agora, com Harry e o resto dos meus amigos, até algum lugar bom para ver o jogo.
Eu era um território tão neutro que daqui a pouco eu estava, sei lá, também com algum representante do atletismo, porque não bastava as cores adversárias, eu também andava com os seus inimigos de casa. O que, na minha opinião, era ótimo.
Já deu a hora dessa rivalidade tóxica ir embora e eles conseguirem ver as coisas de uma maneira melhor, sendo amigos ou pelo menos colegas, sem virar o rosto um pro outro nos corredores ou quererem se matar em jogos.
Sentamos num lugar bom, perto do gelo, e quem entra na quadra primeiro é os corvos, podendo fazer o reconhecimento do lugar novo.
Logo, Noya e Tanaka se juntam perto do vidro que estavam, acenando pra gente, já que já estavam com os protetores bocais e falar era um pouco difícil. Antes de virar e embora, os dois passam a mão na bochecha, acenando em positivo para a gente, que estávamos todos com as camisas dos bichos-papões, mas com as cores deles nas bochechas.
Pareciam apreciar e quase agradecer o gesto, voltando para o que estavam fazendo anteriormente.
- Que grande homem que você perdeu, Aria. - Olho confusa para Ben, por ele ter falado isso do nada e muito sério e acabo rindo, assim como os outros que escutaram também.
- Eu não sei a sexualidade dele... Mas a gente pode perguntar para você. - Harry oferece, divertido e Ben fica vermelho, desviando o olhar, porque a gente entendeu o que ele quis dizer, só estávamos brincando pelo jeito que soou.
Ele ia responder, mas o som de gritos e torcida o interrompem, quando nosso time finalmente entra em quadra.
Os corvos tinham recebido aplausos e torcidas também, mas, modéstia a parte, o nosso com certeza foi mais alto e mais animado. Era fácil encontrar Zayn no meio dos outros, tanto pelo uniforme ser levemente diferente, quanto como ele se comportava, interagindo com a torcida e a motivando a ficar ainda mais animada.
Eles, assim como os corvos, fazem também o reconhecimento do gelo e eu acho graça quando Zayn dá um pulinho tímido, provavelmente incentivado por Louis que parecia gritar alguma coisa como "me deve 10 conto, Payne" ao mesmo tempo que colocava de novo o protetor bocal.
Não era muito inteligente apostar isso com um cara que estava saindo com uma patinadora artística. O mínimo que eu consegui ensinar para Zayn nos anos que passamos juntos, eu tinha, isso incluso.
- Meu deus, que demora para começar. - Eu estava começando a ficar ansiosa e concordava com Harry.
Quanto mais os segundos passavam, mais eu ficava ansiosa com o jogo, ainda que eu nem fosse jogar, a sensação era quase a mesma.
Não sabia direito pra quem torcer, não sabia pra quem eu estava querendo que ganhasse ou muito menos tinha algum palpite para aposta. Era um jogo bem imprevisível na minha opinião.
Os bichos-papões eram bons por natureza e vinham treinando como sempre, já os corvos mesmo que bons, estavam com fogo nos olhos graças a última derrota... Sentia que seja lá quem fosse o vencedor, iria ter que suar muito para finamente alcançar a vitória.
Não seria um jogo fácil, definitivamente.*
Eu fiz sorteio pra ver quem ganharia e confesso que fiquei levemente triste com o resultado ksks mas de qualquer jeito, até segunda amores, beijinhos, xoxo
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Ice Cold - Zayn Malik.
FanfictionAmigos de infância, Aria e Zayn sempre foram as crianças escolhidas para serem deixadas de fora ou sofrer qualquer tipo de comentário maldoso ou brincadeira sem graça. Não tendo muito atributos a seu favor e tempo de sobra, nunca sendo convidados...