Capítulo 46: O problema sou eu, não você.

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Boa leitura, xoxo

Z A Y N

 Meus nervos estavam a flor da pele.

 Era sempre assim quando entravamos no ringue, a adrenalina subia tanto que todos os meus sentidos ficavam aguçados no máximo, atentos, ao mesmo tempo que a onda de endorfina me fazia se sentir aéreo, voando de tamanha felicidade.

 Eu estava feliz. Com a minha vida, com o jogo, com tudo. Isso mudava muita coisa, pois tirava o peso da vitória ser a única coisa que poderia me animar. Deixava o jogo com o peso que ele deveria ter, normal.

 Eu sabia que era apenas um amistoso, mas sendo o primeiro da temporada era importante, tanto para saber como estava o adversário, quanto para medirmos o nosso próprio desempenho e ver se estava bom, ver o que precisávamos mudar e o que ou quem tinha que ser substituído.

 Ao menos, sabíamos de certeza que a festa da fogueira teria de um jeito ou de outro, marcando o início dos jogos que poderia ser tão bom, quanto ruim para nós.

 Como todo início de jogo, os capitães se cumprimentam no meio da quadra e eu conseguia sentir a confiança e a sede de ganhar de Nishinoya apenas com um aperto de mão.

 Mal parecia ser a mesma pessoa que antes tinha brincado com a gente, toda a seriedade estava nele e isso era ótimo, porque com ele motivado, nos motivava também a sermos melhores.

- Bom jogo. - Falamos juntos e com aceno, nos despedimos, cada um voltando para o seu lado e posição.

 O gelo iria pegar fogo, isso era uma certeza.

*

 Quando eu entro no vestiário, encontro a cena de sempre.

 Confesso que já estava acostumado a ver tantos homens pelados, mas ainda preferia desviar o olhar sempre que possível.

 Estávamos todos acabados.

 Tinha sido um jogo intenso. Um ponto atrás do outro, nenhuma vantagem ou tempo para descansar.

 Sem brincadeira, tinha sido um dos jogos mais difíceis do time e olha que já tínhamos ido jogar a nível nacional.

 Os corvos quase nos comeram vivos... Mas o susto que demos como bichos-papões foi o suficiente para nós garantir a vitória mais suada que já tivemos.

 Eu estava morto, todos os músculos do meu corpo pedindo um arrego, nem a água quente conseguindo fazer milagre deles pararem de doerem ou relaxarem e eu sabia que meu papel como capitão ainda não tinha acabado, então nem a folga ou descanso viriam por tão cedo.
 Terminando meu banho rápido, enrolo uma toalha na cintura e me junto ao resto do time, que estava do mesmo jeito ou então terminando de se trocar.

 - Vocês foram incríveis. - Falo logo de cara a verdade, meu papel não era engana-los ou passar mel na boca mentido sobre performance, mas eu tinha que elogiar quando iam bem. - Foi uma das vitórias mais difíceis que a gente já conseguiu, mas foi merecida. - Espero eles comemorem entre eles, com exclamações e brincadeiras entre si. - Mas... Se não melhorarmos, num próximo jogo, contra os corvos ou adversários melhores, vamos perder. Ganhamos hoje, mas não deveríamos ter sofrido tanto igual sofremos. Eles estão com fogo nos olhos e não podemos nos acomodar só porque ganhamos. Temos muito o que melhorar, para podermos comemorar de novo. De resto, aproveitem a festa, porque nós merecemos!

Enquanto eles gritam entre si, Louis passa o braço sobre o meu ombro, brincando.

- Nunca pensei que ia ouvir palavras tão sérias de alguém com uma toalhinha na cintura. - Fico vermelho, esquecendo que estava de toalha enquanto dava um dos discursos mais importantes do time.

- Vai se trocar Malik, último jogo que a gente vai poder beber depois. - Liam me lembra e eu concordo, indo terminar de trocar de roupa para podermos ir embora.

Essa seria uma das comemorações mais merecidas que teríamos em tempos.

*

 Saio do vestiário quase que por último, levando minha bolsa no ombro, enquanto secava o cabelo com uma toalha e andava em direção a saída.

 O rinque estava praticamente vazio, o que me indicava que os ônibus já deveriam estar indo embora, então eu precisava me apressar.

 Olhando o celular, sorrio com a mensagem de Aria dizendo que estava me esperando do lado de fora. Meu dia estava perfeito.

 Acho graça, porém, de outras mensagens, perguntando se eu estava namorando. Outras pessoas também usavam a camisa com o meu nome, mas sabia que estávamos sendo fofoca a algumas semanas e nenhum dos dois fazia qualquer questão de mentir ou esconder algo.

 Estava pensando em quando pediria ela em namoro, mas sou tirado dos meus pensamentos por Jenny, que aparece na minha frente, como se estivesse me esperando.

- É verdade? - A dúvida era clara na minha cara.

- Verdade o quê? - Fazia um tempo que não se falávamos, eu não tinha a mínima ideia do que ela estava me perguntando.

- É verdade que você está namorando? - Porra. Eu jurei que tinha cortado esse mal pela raiz, não estava entendendo a sua reação.

- Você levou o nosso "término" de boa, eu não estou entendendo essa situação... - Estava sendo sincero.

- Eu levei de boa porque achei que o problema estava em você, não em mim. - A cada coisa que ela falava, meu cérebro ficava girando cada vez mais. - Você sempre me disse que não queria namorar e por um momento, eu achei que estava de boa com isso, que você fosse mudar de ideia... Mas então você terminou tudo, reforçando que não queria um relacionamento... E agora aparece namorando. O que eu não fiz? O que eu não tinha pra isso?

Era a última coisa que eu esperava ter que lidar no dia de hoje.

- Você não fez ou não deixou de fazer nada, Jenny. O problema realmente sempre foi eu. - Ela ri, impedindo que eu continuasse o que estava indo explicar.

- É difícil pra caralho ver que alguém pode mudar, só que você não foi o suficiente pra essa mudança. - Imagino que era isso o que estava mais angustiando ela, porque eu conseguia ouvir na sua voz.

- Não é isso... É que meu coração nunca esteve pra jogo, porque ele já pertencia a outra pessoa. Sempre pertenceu, desde que eu me conheço por gente. Se eu fosse ser sincero e direito, nunca teria começado nada com ninguém antes dela e eu sinto muito por ter te arrastado nisso e te dado falsas esperanças, mas eu posso te garantir que o problema nunca foi você. Eu achei que estávamos bem antes, por isso não fui falar com você direito... Desculpa novamente. - Quase entro em desespero ao ver que ela estava chorando, sem saber o que fazer agora.

- Eu vou superar. Eu nem sequer amo você, essa não é a questão... Eu precisava tirar essa dúvida. Obrigada por ter sido sincero comigo. - Ela parece que vem me abraçar e como, de novo, sempre formos amigos, não estranho, abraçando de volta e torcendo pra isso ter voltado com a nossa amizade ou pelo menos retirado a roupa suja que parecia estar atrapalhando o desenvolvimento dela. - Bem, eu estou indo agora... Desculpa, novamente.

Ela se afasta, secando as lágrimas e parece trombar em alguém, que logo aparece no meu campo de visão.

- Que porra foi essa? - Harry me pergunta, um misto de confusão e irritação. - Olha, você obviamente pode abraçar quem você quiser, mas levemente suspeito você saindo do vestiário com a menina, então...

- Eu não sai do vestiário com ela. - Corrijo essa informação, andando mais rápido para alcança-lo e podermos ir embora. - Veio fazer o quê aqui?

- Te buscar para irmos mais rápido, mas se eu descobri que você estava traindo a minha amiga, eu posso demorar mais cortando o seu pau. - O jeito que seu tom passea de um quase animado para uma ameaça mortal me assusta um pouco.

- Eu não estava traindo a Aria. Estava terminando um caso que terminou com pontas soltas. Na verdade, estava pensando em pedir ela em namoro. - Não sei porque solto essa informação para ele, acho que porque ainda estava com a adrenalina circulando no sangue e muito confuso com o tanto de acontecimentos acontecendo de vez.

- É bom você pedir logo, se quiser que continue na surpresa. - Percebo que foi meio burro contar pro amigo dela, mas queria um norte no assunto.

- Eu vou. Queria sondar o terreno com você primeiro. Você acha que ela vai aceitar? - Disso, ele ri da minha cara e finalmente chegamos na entrada, para podermos ir embora logo.

- Isso, meu não-tão-querido-amigo Malik, você só vai descobrir, quando perguntar. - Com isso, ele não me responde mais, acenando para um lugar que eu vejo o resto dos seus amigos, Louis, Liam e Aria.

Todos me xingam e me mandam andar logo, porque queriam chegar na festa o mais cedo possível, o que me faz rir vendo o ódio e o amor andando numa linha tão tênue.

Apressando meu passo, eu acompanho eles, achando que nada mais poderia movimentar um dia já tão movimentado.

*

Cortei uma ponta que eu ne sabia que estava solta ksks nos vemos sexta amores, estamos caminhando pro final... Beijinhos, xoxo





Ice Cold - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora