Reese Smith é uma jovem simples e acanhada que vive em seu mundo fechado tendo a sua vida se cruzado com a do Sat Avery, um belo chef de cozinha habilidoso.
A medida em que ela convive com Sat, seus pensamentos a conduzem até a lugares proibidos o...
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Se me perguntassem dez anos atrás o que gostaria de fazer como profissão diria ser escritora, e se perguntassem o mesmo daqui há dez anos a resposta continuaria sendo a mesma.
Fazer literatura não era minha prioridade apesar de gostar de ler, de escrever e de imaginar mil e uma coisa para criar uma história. Talvez faria psicologia que é também algo que me interessa, mas meu pai queria tanto que eu seguisse os passos dele, que eu fizesse direito. Porém, só para contrariá-lo decidi fazer de última hora literatura.
Papai disse que eu me arrependeria, e quando esse dia chegasse que eu não reclamasse. Ele não falou em tom de ameaça, muito pelo contrário, foi mais para me proteger, pois um escritor tem seus altos e baixos relativamente a receber uma comissão.
Ele sempre foi protetor quanto a mim porque sou a única filha e o único amor da sua vida. A minha mãe, morreu quando eu era apenas uma criança, eu tinha oito anos na altura.
Desde então ele está sem ninguém, não teve outra mulher, sequer uma namorada. Quando toco no assunto ele desvia, pois não gosta de falar sobre isso. Eu respeito a sua escolha, mas eu gostaria de vê-lo amar novamente, de ser feliz como era com a mamãe. Tenho memórias vagas deles juntos e era algo maravilhoso de se ver.
O meu trabalho de fim de curso está dando comigo em doida, e nem sequer comecei realmente a escrevê-lo. A lembrança do meu pai dizendo que me arrependeria de escolher o curso veio à tona deixando-me frustrada, pois é frustrante sim mesmo eu mantendo a minha escolha de fazer literatura.
Pela quinta vez só hoje apago o que escrevi como objetivos específicos do trabalho no laptop, fecho o mesmo e esfrego os olhos para tentar espantar o cansaço. Olho para o relógio na parede e os ponteiros indicam dez e meia da noite.
Não vi o tempo passar e esqueci de ligar para papai. Todas as sextas-feiras à noite vestimos pijama e com o café pronto em mãos fazemos chamada de vídeo, pois é o único dia da semana que podemos arrastar o tempo e conversar. Durante a semana ambos temos ocupações que mal deixa-nos pôr a conversa em dia.
Olho para o meu celular que está com a tela virada para baixo e tem seis chamadas de vídeo não atendidas de duas horas atrás, e não escutei porque o meu celular está no modo silencioso. Pelo horário ele já deve estar dormindo, por isso mando uma mensagem desculpando-me e prometendo que amanhã arranjaremos uma solução.
Levanto-me do parapeito espaçoso da janela que depois de alguns ajustes tornou-se confortável e guardo o laptop na escrivaninha. Alongo-me e ouço o estalo de alguns ossos do meu corpo.
Tomo um banho que me deixa relaxada, coloco uma camisa antiga que era do papai nos tempos que ele jogava futebol no ensino médio e vou direto para a cama.
Depois de rebolar na cama durante algum tempo o sono aparece, e é quando estou prestes a dormir que a porta do meu quarto é aberta trazendo-me de volta a realidade.
— Reese, no domingo tem uma festa e a gente vai— Mellory, minha amiga e colega de apartamento invade o quarto e determina— Já confirmei nossa presença.
Mellory ou Lory, sabe que eu detesto quando tomam decisões por mim, por isso quando a olho com a cara fechada ela prontamente argumenta.
— Somos finalistas Ree, aproveita um pouco este ano. Quando foi a última vez que você se divertiu? — pergunta retoricamente, senta na cama e massagea o meu pé esquerdo. — Não pelo menos nesses últimos três anos, de todas as vezes que chamei você a uma festa, ou a uma saída com o grupo as respostas são sempre as mesmas: tenho que trabalhar ou tenho que estudar, e isso aos domingos Reese!
Lory me repreende. E ela tem toda razão, eu nunca disse para ela, mas com certeza ela já percebeu que não me sinto confortável em socializar, por mais que eu queira e por mais que eu tente simplesmente não consigo. Essa é mais uma barreira que a minha introversão não me deixa derrubar.
E isso dói, para quem está de fora não percebe o conflito interno que passo nessas situações. Mas Lory me entende, do seu jeito, mas me entende. Ela sempre respeitou o meu não.
Lory e eu conhecemo-nos na cafeteria ao lado da universidade, eu estava sentada num canto com um livro na mão e com o café quase esquecido sob a mesa. O lugar estava lotado e ela pediu para sentar na minha mesa que tinha lugares vazios, eu prontamente concordei.
Achei rude continuar a ler e ignorá-la, por isso guardei o livro na minha carteira e no mesmo instante ela começou a falar comigo. No início eu estava retraída, mas um tempo depois saímos do estabelecimento como se nos conhecêssemos a vida toda.
Ela é totalmente o oposto de mim, mas os opostos se atraem, certo?
— A vida não é só trabalho e universidade, então por favor, por favor, por favor vamos a esta festa no domingo? — ela continua.
— Lory...
— Não precisa responder agora. — Troca um pé pelo outro continuando com a massagem que devo confessar estar boa, meus pés agradecem. — Pensa um pouco mais e amanhã me dá a resposta, pode ser?
Pondero, mas acabo abanando a cabeça de forma positiva porque ela tem razão, eu sequer lembro como é se divertir.
— Obrigada. — ela coloca o meu pé de volta a cama, sobe e deita do meu lado. Lory me abraça e eu retribuo, assim ficamos até sermos tomadas pelo sono.