O médico me deu informações acerca do meu pai, me informou sobre o seu estado atual, das possíveis sequelas do acidente de viação que ele sofreu e sobre a transfusão do sangue que foi preciso ser feito o mais rápido possível.
Ele agora está na unidade de terapia intensiva, sendo monitorado pelos médicos. De acordo com o doutor, papai está por agora estável, e me informou sobre as possíveis mudanças que podem ocorrer durante esse tempo.
Por fim, sugeriu que eu fosse para casa descansar, pois mais cedo desmaiei devido à exaustão emocional e também por ter doado sangue sem comer nada de seguida. Obviamente não fui para casa, vendo a minha teimosia ele dispensou um quarto aqui mesmo no hospital para que eu descansasse e com a condição de eu comesse.
Já fazem vinte e quatro horas que estou aqui, Joshua convenceu Sam a ir para casa descansar um pouco visto que ela esteve aqui no hospital desde o momento que teve a notícia sobre o acidente. Ele deixou Sam em casa e voltou para ficar comigo.
Estou agora encostada ao seu peito, ele tem os ombros ao redor de mim protegendo-me da realidade.
— Obrigada por tudo Josh — digo aninhando-me mais a ele.
— Não tem de quê, little bee. — Deixa um beijo entre os meus fios da cor do fogo. — Você disse Josh e não Joshua? Se eu soubesse que fosse preciso seu pai estar na UTI para você me chamar assim, eu mesmo teria passando com o carro por cima dele.
Esmurro o seu estômago e ele reclama de dor entre risos.
— Ok, essa piada foi de mau gosto — Joshua diz e pela primeira vez nos últimos dois dias eu também rio me juntando a ele. — É bom ver você rindo, mesmo que seja às minhas custas.
Ficar abraçada desse jeito a ele me faz lembrar de Sat e consequentemente do ele fez comigo, de como fui usada, descartada e humilhada. Me faz lembrar de que os momentos maravilhosos em que passamos juntos foram todos uma fachada, foram apenas meios para alcançar o fim. E o fim foi fazer com que eu me sentisse como se não valesse nada.
— Você está chorando? — Ele baixa um pouco para me ver melhor. — Me desculpa, little bee, eu não quis dizer isso.
— Não tem nada a ver com você — digo entre uma fungada e outra.
— Por que você está chorando, então?
— Não quero falar sobre isso. — Limpo as lágrimas com a palma da mão tentando me recompor.
— Não vou insistir, quando você estiver preparada para falar eu estarei aqui. — Joshua me aperta mais forte confortando-me nos seus braços.
•••
Os últimos dias a minha rotina tem sido passar vinte horas no hospital e as restantes descansando em casa para retornar ao hospital. Papai tem apresentado melhorias a cada dia, de acordo com o médico se ele continuar assim poderá sair da UTI para o quarto em breve e por fim vão reduzir os sedativos para ele acordar.
Joshua e Sam têm estado muito presentes, acompanhamos a melhoria de papai e celebramos juntos as pequenas vitórias. Apesar de ele estar em coma induzido é possível notar ele respondendo a alguns estímulos.
Apesar de feliz por papai estar melhorando ainda sinto o meu coração fragmentado em partículas por tudo o que aconteceu enquanto eu estava em LA. Eu ainda choro, ainda tenho pesadelos, tem dias que só como devido a exaustiva insistência do Josh e da Sam, tem dias que me olho no espelho e sinto nojo de mim por isso evito ao máximo olhar para um.
Tem dias que nem forças para seguir em frente tenho. Por fim tem dias que eu prefiro reviver tudo em memória para me lembrar do quão burra fui e para que assim não cometa o mesmo erro. E se repete tudo de novo como um maldito ciclo vicioso.
Chacoalho a cabeça e limpo uma lágrima solitária que insistiu em escapar dos meus olhos, viro para outro lado da cama para tentar dormir, porém novamente falho. Desisto de dormir e me sento na cama frustrada, alcanço o meu celular na cabeceira e vejo se tem alguma nova notificação desde a última vez que verifiquei.
Tem alguns e-mails da universidade, são alguns trabalhos para eu fazer enquanto estou por aqui. Pedi que Josh enviasse um e-mail para eles explicando a minha situação, eles foram compreensivos e concordei com as condições que impuseram. Eles mandam as aulas e trabalhos e eu me inteiro sobre o assunto, faço os trabalhos e envio por e-mail.
Nesse tempo que estou na Carolina do Norte fiz os três trabalhos e já enviei para eles, agora tenho mais um por fazer.
Tenho também uma nova mensagem do Craig, assim como as outras que ele já enviou ignoro. Depois de um tempo cheguei a conclusão de que ele pode ter feito o mesmo que Sat fez comigo a Lory, são irmãos certo? Os mesmos genes, as mesmas brincadeiras, não passou de um plano elaborado nos mínimos detalhes.
Ódio é algo muito forte, algo que nunca pensei que pudesse sentir e neste momento ódio é o que eu sinto por Sat. Ele é tão cruel que planeou e executou tudo em quatro meses, nos mínimos detalhes e cautela para que eu não desconfiasse.
Quanto a Craig eu achei que fôssemos amigos, eu achei que a leitura tivesse nos unido ainda mais, porém ter a conclusão que ele é tão perverso quanto ao irmão mina qualquer sentimento que um dia tive.
Meu celular toca nas minhas mãos e o nome do Joshua brilha na tela, atendo imediatamente preocupada.
— Josh, aconteceu alguma coisa com o meu pai? — digo apavorada e inquieta.
— Sim — ele diz do outro lado da linha. — Ele acordou.
A voz alegre do Joshua chega até mim e instantaneamente meus olhos ficam marejados.
— Acordou? — Choro entre risos. — Estou vindo.
Desligo o celular, coloco a primeira peça de roupa que aparece a minha frente, pego a minha bolsa juntamente com as chaves da casa e saio correndo para pegar algum táxi.
Estou tão eufórica, chorando entre risos que o motorista me olha pelo retrovisor me achando louca.
— Está tudo bem moça? — pergunta balançando o palito na sua boca de um lado para o outro.
— Sim — digo limpando as lágrimas.
Quando chego entro no hospital em passos largos e encontro Joshua me esperando. Ele tem um sorriso enorme e está com o rosto todo vermelho, acredito que seja por ter chorado.
A primeira coisa que faço é abraçar Josh, ele corresponde sendo pego de surpresa,,mas tão feliz quanto eu. É imensurável o que estou sentido agora, o quão ter essa notícia agora tirou um enorme peso sobre mim, posso finalmente voltar a respirar.
— Me leve até ao meu pai.
— Ele já está no quarto e estão fazendo alguns exames. — Josh me atualiza enquanto me guia até ao quarto.
Quando chegamos o médico e a enfermeira estão saindo do quarto. Josh, Sam e eu ficamos parados esperando que liberem a nossa entrada.
O médico explica sobre a redução dos sedativos para que ele acordasse, os exames que foram feitos, sobre a importância de ele repousar e não estar sob constante estresse. O doutor libera a nossa entrada com a condição de ser uma pessoa de cada vez.
Eu entro primeiro, quando papai ouve o som da porta ser aberta desvia os olhos do teto para a minha direção. É perceptível o quanto ele se esforça para não derrubar-se em lágrimas ao me ver.
— Papai — digo ficando do seu lado e abraçando-o com cuidado. — Tive tanto medo.
Ele faz um pouco de esforço para colocar a sua na minha cabeça.
— Eu estou aqui. — Ambos choramos copiosamente.
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Te Amar Como Ninguém
RomanceReese Smith é uma jovem simples e acanhada que vive em seu mundo fechado tendo a sua vida se cruzado com a do Sat Avery, um belo chef de cozinha habilidoso. A medida em que ela convive com Sat, seus pensamentos a conduzem até a lugares proibidos o...