O beijo de Sat não é como imaginei, é muito melhor. Eu imaginei que fosse suave e delicado, mas pelo contrário, é avassalador e rústico.
Não sei em que momento larguei o que estava na minha mão e muito menos como acabei encostada nessa parede fria. As mãos cálidas de Sat descem até minha coxa erguendo-a com brusquidão e a colocando ao redor dele. Sua outra mão está no meu pescoço, diferente da pressão que faz em minha coxa, no pescoço a pressão é leve e não chega a causar dor.
Seus dentes puxam o meus lábios e de seguida ele os lambe, aprofunda a sua língua na minha boca, me suga deixando-me com as pernas bambas.
Sinto o calor percorrer pelo meu corpo, nunca senti nada igual. A mão no pescoço percorre até o meu couro cabeludo na parte da nuca, ele faz uma certa pressão ali fazendo com que minha cabeça incline para trás.
Seus lábios descem até meu pescoço de forma lenta e tortuosa. Reviro os meus olhos em êxtase. Sat lambe, morde e assopra meu pescoço, ele me suga provavelmente deixando marca, com isso me preocupo depois.
Seus dentes vão até ao lóbulo da minha orelha, fazendo-me delirar. Ele faz o caminho de volta até a minha boca, deixando mordidinhas, sem me dar tempo de respirar.
Um pigarreio faz com que nos separemos, eu mais rápido que Sat que parece não se importar com a pessoa.
— Cinco minutos para retornar — Steve diz e sai provavelmente envergonhado por ter nos encontrado nesta situação.
Sat fecha os olhos e respira fundo. Assim que abre os olhos ele arruma os fios do meu cabelo e ajeita a minha roupa, que consiste em jeans e uma camisa surrada. Ele leva a sacola no chão, pega na minha mão e nos leva de volta para baixo sem proferir alguma palavra.
— Quer que eu leia com você? Eu conheço muito bem o livro — ele diz sem mencionar o que aconteceu há minutos atrás. — Eu posso ser o narrador e você o príncipe, ou pode ser ao contrário. Como preferir.
Ele fala tão naturalmente como se não tivesse acabado de enfiar a sua língua na minha boca. Parece que nada o abala.
— Claro — digo indo até ao sofá.
Ele segura no meu braço impedindo-me de avançar.
— Não terminamos ainda — ele sussurra no meu ouvido e vai até o sofá deixando-me sem reação.
Eu sei bem a o que ele se refere.
Abano a cabeça espantando os pensamentos impróprios e sigo-o. Sendo o sofá pequeno, sento na parte lateral do mesmo.
— Pode sentar no meu colo que eu não me importo — ele diz baixinho para que apenas nós os dois escutemos.
Só não respondo porque já estão todos nos seus devidos lugares e atentos a nós dois.
— Eu sou o Sat, e vou ajudar a Reese na leitura, pode ser?
— Sim! — eles dizem.
Acho que hoje vou voltar para casa com problemas no tímpano com o tanto de gritaria logo pela manhã.
Sat abre o livro exatamente onde terminei e continua com a leitura.
— Assim quando viu pela primeira vez meu avião, perguntou-me bruscamente:
— Que coisa é aquela?— Eu continuo com a leitura, entrando no personagem do princepizinho.
— Não é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.— Sat faz uma voz grossa entrando também no personagem. — Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou:
— Como? Você caiu do céu?
— Sim, disse eu modestamente.
— Ah! Como é engraçado...
Nas partes em que o narrador narra os acontecimentos, Sat volta com a voz normal, e nas partes da conversa ele muda de voz, o que faz com que as crianças gargalhem.
— E o principezinho deu uma bela risada, que me irritou profundamente. Gosto que levem a sério as minhas desgraças. Em seguida acrescentou:
— Então, você também vem do céu! De que planeta você é?— Leio com um tom de voz de surpresa.
Pela próxima hora e alguns minutos Sat e eu lemos de forma que as crianças fiquem entretidas.
No final elas batem palmas. Eu e Sat levantamos e fazemos reverência.
Fazemos uma boa equipe, devo confessar.
— Foram incríveis — Candice diz feliz. — Obrigada! — Ela nos abraça e sai ao encontro dos pais de algumas crianças. Candice e a sua mania de sair antes de escutar o que as pessoas têm para falar!
— Fomos mesmo incríveis — Sat diz guardado o livro na mesinha ao lado.
— Pois fomos. — Limito-me a dizer.
Sat agora tem os seu olhos sobre mim, ele não pisca e muito menos desvia o seu olhar. Eu não me sinto confortável com pessoas me olhando fixamente.
Será que ele está pensando no que aconteceu lá em cima? Fico instantaneamente ruborizada.
— Tenho que voltar ao trabalho — digo fugindo tanto do seu olhar como também dos pensamentos que se formam na minha cabeça.
Ele não diz nada, apenas acena ainda com o olhar sobre mim.
Sem saber o que fazer, viro-me hesitante e vou até ao balcão, contorno-o e me sento no banquinho.
Vejo-o de soslaio caminhando até ao balcão parando a minha frente.— Nos vemos mais tarde?
— Mais tarde?
— Sim, terá um jantar. Liv e Joe é que estão organizando — Sat diz coçando o queixo.
— Acho que não é de bom tom ir a um jantar sem ser convidada pelas pessoas que o organizam.
— Mas eu estou te convidando.
— Eu... — Ele eleva os dedos fazendo-me parar de falar, digita algo no celular e o leva até ao ouvido.
— Liv? — Sat diz após alguns segundos em silêncio. — Sim, sim... Claro... — Ele faz pausas longas. — Reese? — Olho para ele assim que escuto meu nome, ele tem os olhos sobre mim e um sorriso no rosto. — Perfeito! Então até mais tarde.
Ele desliga o aparelho e o coloca no bolso traseiro da calça.
— Liv exigiu a sua presença.
— Que exagero.
— É sério. O jantar será às nove, esteja pronta que eu passo para te levar às oito e pouco.
— Mas...
— Sem mas, Reese. — Ele dá a volta no balcão, pega na minha mão impulsionado-me para levantar.
Fico de frente para ele e sou obrigada a erguer o rosto para olhar melhor para ele, pois ele é alto comparando-se a mim. E consequentemente ele olha para baixo para alcançar o meu rosto. Estamos muito perto um do outro, posso sentir a sua respiração no meu rosto.
Ele abaixa um pouco mais parando nos meus lábios e sussurra:
— Tenha em mente que mais tarde vamos terminar o que começamos lá em cima.
Ele deixa um beijo casto nos meus lábios e vai embora, deixando-me com as pernas bambas, com essa contração no ventre e com a respiração irregular.
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Te Amar Como Ninguém
RomantizmReese Smith é uma jovem simples e acanhada que vive em seu mundo fechado tendo a sua vida se cruzado com a do Sat Avery, um belo chef de cozinha habilidoso. A medida em que ela convive com Sat, seus pensamentos a conduzem até a lugares proibidos o...