- Chapitre six

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Eu não conseguia parar de sorrir. De repente é como se toda a minha vida tivesse tomado um rumo, como se se meus problemas deixassem de existir. Peter Parker me trouxe uma paz genuína, tocou não apenas o meu coração como a minha alma também, e eu não fazia ideia de como retribuir o final de semana agradável que havia passado em sua companhia. Deitada na minha cama eu podia sentir o meu corpo relaxar, não sentia medo, desconforto ou a dor horrível que estava acostumada. Durante muito tempo temi o toque humano, meu pai sempre me trazia dor e repulsa. Diferente de Peter, que me fazia almejar os seus toques, sua voz e a sua companhia.

Quando era mais nova adorava a sua companhia, amava sentar em seu colo para ouvir as histórias de contos de fadas enquanto comia biscoitos açucarados com uma enorme xícara de chocolate quente. A voz suave preenchia o ambiente, o tom sempre meigo e gentil, acariciava meus ouvidos e sempre me mostrava que tudo iria ficar tudo bem, e que me amaria para sempre. A lembrança da primeira surra que tomei era tão amarga quanto o gosto do café, não me recordo o motivo de ver meu pai tão nervoso, apenas que pedi para que ele lesse o conto do Peter Pan e a Terra do nunca, naquela tarde chuvosa. Os trovões me deixaram assustada e como qualquer outra criança busquei conforto no colo do meu pai. Porém naquela tarde não havia biscoitos ou minha xícara florida com chocolate quente. A voz suave se tornou bruta e a gentileza foi substituída pela violência.
Um, dois, três pontapés, tapas e socos eu não conseguia contar. Apenas me encolhi no chão em casa da sala, buscando proteção e orando para que Deus o fizesse parar. Não demorou muito para que ele voltasse à realidade, para que ele se ajoelhasse no chão implorando por perdão. "— Me perdoe filha, o papai está cansado do trabalho. Não deveria ter descontado em você." Como se nada tivesse acontecido ele me tirou do chão, e me levou até a cozinha. Limpou o sangue que escorria dos meus lábios, arrumou meus cabelos e me ofereceu uma limonada. Minha mãe nos olhava aos prantos, porém se mantinha como uma estátua, ninando meu irmão em seu colo. O homem mais velho caminhou até a sala, recolhendo o pequeno livro de histórias do chão, trazendo até mim e iniciando a leitura. Eu não entendia muito bem o que havia acabado de acontecer, apenas tomei o limonada sentindo meus lábios queimarem com os ferimentos. Para o meu azar as agressões não acabariam ali.

Me joguei sobre a cama desarrumada e encarei o teto, havia acabado de comer o resto de pizza de sexta-feira. Precisava me livrar da caixa e lavar a louça. Não seria uma boa ideia deixar evidente que havia trago alguém aqui no fim de semana. Meu coração batia de maneira agitada, ansiosa de uma maneira boa, imaginando como seria o dia de amanhã. Odeio a escola e todos que frequentam ela, porém Parker me mostrou o lado colorido da vida. Em um pulo levantei da cama, iniciando a pequena faxina no lugar, mesmo que Parker tivesse deixado tudo organizado sua visita não passaria despercebida pela minha mãe. E no momento seria melhor evitar esse tipo de conflito. Lavei o pouco de louça que havia na pia e levei o lixo no container que havia no final da rua. Ao chegar em casa fui diretamente para o meu quarto, a fim de tomar um banho relaxante. Subi as escadas lentamente, cantarolando uma canção do One Direction qualquer, adentrei o quarto e fui até o guarda-roupa me surpreendendo com uma sombra atrás de mim.
O terror tomou conta de mim, deixei o pequeno frasco de perfume escapar dos meus dedos, e novamente vi a sombra, dessa vez pude sentir sua presença. Vagarosamente levei a mão até o bolso, pegando meu celular.

— Quem está aí? — Perguntei encontrando um resquício de coragem em mim, para o meu temor só escutei alguns passos, com as mãos tremendo disquei o número da emergência. — Olha eu vou ligar pra polícia.

— Não, não precisa. — Uma voz bizarra respondeu, como se usasse uma espécie de modificador. Me virei às pressas levando um susto ao me deparar com o homem aranha de cabeça para baixo. Eu perdi o controle de mim e soltei um grito. — Isso foi uma péssima ideia, não precisa gritar. Você deixou a janela aberta e então eu entrei. — A voz robótica tentou me tranquilizar, me deixando ainda mais aflita. — Olha, posso ir embora se quiser. Meu amigo Peter Parker disse que você gostava do meu trabalho e como estava tranquilo resolvi dar uma passadinha aqui. Desculpa te assustar desse jeito. — Apenas concordei com a cabeça, sentindo algo familiar no rapaz. Respirei profundamente tentando controlar todos os meus ânimos, senti uma leve tremedeira nas pernas, tentando ignorar a todo custo.

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