- Chapitre seize

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— Mãe, precisamos conversar. — Digo adentrando o quarto, a mulher nem sequer me olhou quando entrei, apenas me amaldiçoou baixinho me fazendo engolir em seco. As minhas aulas acabaram em alguns dias e May havia me convidado a viajar para o Hawaii com eles. Porém sabia que seria difícil convencer os meus pais a me deixarem sair, ainda mais quando faziam meses que não dirigiam uma palavra a mim. Então depois de muito insistir, Peter pediu para que eu deixasse minha mãe e May conversarem por celular e mesmo dizendo que não seria uma boa ideia, valeria a pena tentar. — Mãe, por favor. Tem uma pessoa querendo falar com a senhora. — Minha voz soa mansa, amedrontada. Temia levar um tapa no meio da chamada.

— O seu playboyzinho colocou algo em você além da aliança, Michelle? — A voz soou ríspida, trazendo um gosto amargo em minha boca. Fazia uma semana que meu aniversário tinha passado e uma semana que recebia seu olhar de reprovação. — Você não está grávida, está?

— Não mãe, por favor.....

— Por favor o que Michelle? Depois que conheceu esse menino você virou uma vadia. Se veste como uma vadia, cortou os cabelos como uma. Não reconheço minha própria filha. Desde quando eu te ensinei a ser assim?

— Depois conversamos sobre isso, mãe. Por favor. A Tia do Peter queria falar com a senhora, prometo te deixar em paz depois disso. — Era a primeira vez que eu dizia o nome dela na presença da minha mãe e isso meu estômago doer em angústia.

— Então o nome dele é Peter? — A voz áspera pergunta, me trazendo mais angústia ainda. Não gostava nem um pouco de ouvir seu nome na voz dela. — Me dá essa merda aqui e sai da minha frente. — Ela toma o celular da minha mão e me empurrando para trás com força. A dor de bater com as costas no chão me sufocou e antes que ela pudesse fazer mais alguma coisa eu saí às pressas do quarto, vendo a porta bater contra o meu corpo dolorido.

Tudo que eu pude fazer foi ir para o meu quarto às pressas, me jogar na minha cama e deixar que as lágrimas rolassem. Podia ouvir a minha mãe, só não podia compreender o que ela dizia por conta da conversa abafada pela porta. Temia que tivesse sido grossa ou cruel com a May e o Peter, isso me deixava ainda mais nervosa e insegura fazendo com que o almoço no meu estômago que agitasse, agitação o suficiente que me fez ir ao banheiro às pressas com a mão sob a boca.
Fazia muito tempo que eu não vomitava por estar ansiosa, sentir aquela condição me consumindo me trouxe desespero, quanto mais desesperada eu ficava, mais meu estômago doía e mais eu vomitava. Minha garganta não aguentava mais a crise de tosse e ardia a cada segundo que passava. Já meu estômago estava completamente vazio, mas nada saia pela minha boca, a não ser saliva. A dor em todo meu corpo era insuportável, não sei de onde arranjei forças para levantar e dar descarga. Me apoiei na pia, vendo minha figura no espelho, eu precisava tomar um banho. Retirei toda a minha roupa e as joguei no cesto de roupas sujas. Era eu quem lavava todas as peças, então fazia diferença onde eu as largasse. Entrei no chuveiro, deixando a água quente escorrer por todo o meu corpo. Tentei pensar no Peter, na voz dele, em seu cheiro, o tato de sua pele e nos beijos. Isso sempre me ajudava a me acalmar de alguma maneira, e dessa vez não foi diferente. Após me sentir mais calma, ensaboei o meu corpo e lavei meus cabelos. Sai do banho e escovei os meus dentes, me livrando do sabor amargo que estava na minha boca. Praticamente me arrastei até o meu quarto, onde vesti uma calcinha e uma camiseta roubada de Peter. Precisava repousar um pouco pois sabia que quando o meu pai chegasse seria capaz de fazer tudo contra mim. Tudo o que restava agora era esperar. Minha cabeça latejava e eu não conseguia parar de chorar, meu peito apertava, dando a sensação de sufocamento, meu estômago doía juntamente com as minhas costas e para piorar podia ver ouvir a minha mãe gritar ao telefone, hoje era um péssimo dia para ser eu.

Acordei momentos depois, não sabia que horas eram e nem quanto tempo havia dormido. Porém senti uma mão deslizar pelos meus cabelos de maneira suave, no começo temi ser o meu pai, porém logo o perfume masculino se fez presente. Virei o meu corpo para o lado oposto, dando de cara com o Peter com seu uniforme. Seu rosto livre da máscara apresentava um semblante sério e preocupado, porém suas mãos ainda sim eram calmas e gentis.

This is Love • SpideychelleOnde histórias criam vida. Descubra agora