- Chapitre douze

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Ele andava de um lado para o outro, os lábios franzidos pelo choro recente e os dedos puxando os pequenos cachos castanhos. - Você não pode fazer isso consigo mesma. - Parker repete a frase pela milésima vez. - Olha as suas mãos! Por que socou o espelho? - Abaixei a cabeça, não queria olhá-lo nos olhos e muito menos contar o motivo no qual eu feri as minhas próprias mãos, meu namorado me analisou em silêncio durante um tempo. - Desculpa, eu me descontrole. Não deveria ter brigado com você. Vamos cuidar disso, okay? - Seus lábios tocam o topo da minha cabeça e ele se dirige ao banheiro.

Assim que cheguei em sua casa fui diretamente para o banho, limpar os resquícios de sangue que sujaram meu corpo. Porém Parker avistou meus ferimentos de longe e como de esperado surtou quando os viu e me encheu de perguntas. - Vou cuidar de você, tudo bem? - A maleta familiar foi colocada ao meu lado, e suas mãos macias pegaram as minhas, acabei gemendo de dor pelo contato. - Suas mãos são tão bonitas, parecem de boneca. - Seus lábios tocaram gentilmente os nós de meus dedos, trazendo lentamente o clima leve. - Minha linda, pelo seu bem. Não faça mais isso, já pensou se os cortes alcançassem uma artéria? Eu não sei o que aconteceria comigo se algo grave acontecesse com você.

Meus olhos marejaram novamente, não apenas pelo ardor insuportável do antisséptico mas por tudo, por fazê-lo chorar e lhe dar trabalho mais uma vez. - Eu deveria ter me matado. - Eu volto a chorar, sentindo a dor do arrependimento de ter deixado isso escapar. Os olhos castanhos encontraram os meus, também em lágrimas.

- O que você disse? - Os dedos gelam e o rosto criam uma expressão de decepção e aquilo tudo por culpa minha. - Você queria cometer suicídio? Anjo, me fale o que está acontecendo, por favor. - A súplica saiu sofrida de seus lábios e as lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto.

Tudo que eu pude fazer foi me jogar em seus braços, sentindo meu corpo se aquecer com seu calor. Enfiei o rosto em seu pescoço, sentindo o seu cheiro completamente masculino. Peter por sua vez, me acolheu em seu colo, se sentando sobre a cama e abraçando meu corpo fortemente, suas lágrimas molhavam a camisa que peguei dele, ignorando completamente a minha pequena mala de roupas. - Eles não gostam de mim, eu não aguento mais isso. - Sussurrei cheia de dor, ouvindo os soluços de Peter ao pé do meu ouvido. - Eles não perceberam que eu saí no fim de semana, apenas gritaram comigo por não ter lavado a louça. Eu.. eu não entendo como eles podem me odiar tanto.

- Anjo, eles não conhecem a filha que tem. Eu poderia mentir para você, dizer que é tudo um mal entendido. Mas eu nunca vi um pai arrombar o quarto da própria filha. Ele já bateu em você? - A pergunta não veio totalmente sincera, parecia mais uma confirmação e eu permaneci em silêncio, ele já sabia e não precisava das minhas palavras. Porém senti seu corpo inteiro ficar tenso. - Eu vou chamar a polícia, isso não vai ficar assim.

O pânico tomou conta de mim, meu pai era um grande advogado e não seria preso tão fácil, e além de tudo ele ainda era o meu pai e por mais doloroso que seja, eu o amava. - Peter, por favor não! Vai ser uma humilhação.

- Uma humilhação? - Seu rosto saiu da curva do meu pescoço e encarou os meus olhos. - Michelle esse cara deveria estar preso! Ele bate em você, bate na sua mãe e no seu irmão. Eu mesmo vi a violência que ele arrombou a porta, me fala, como você quer que eu fique aqui parado? Sabendo que quando você está lá corre perigo de levar uma surra ou ser até morta.

- Ele é meu pai e eu o amo, de qualquer maneira. - Sussurrei e me encolhi em seu colo, sentindo as mãos firmes me apertarem ainda mais sobre si. O corpo dele não relaxou, mas um suspiro pesado escapou de seus lábios. - Ele pode não me amar, mas eu o amo. E por favor, se você me ama de verdade, não faça isso com a minha família. Minha mãe precisa dele e meu irmão também. Não quero que ele cresça com o pai na cadeia Peter, por favor. Se você me ama, não faz... - Os lábios ágeis me interromperam, não era o momento certo para um beijo, mas a necessidade de sentir seu sabor me cegou e apagou a minha mente.

This is Love • SpideychelleOnde histórias criam vida. Descubra agora