Voltamos à estaca zero basicamente. Talvez eu beijasse mal ou a conversa entre a May e a MJ tinha sido péssima, mas desde a semana passada as coisas entre Michelle e eu não andam tão boas, ainda dividimos a mesa do almoço e eu a acompanho até metade do caminho de casa, mas não passava disso. Nossos diálogos eram vazios e sem nexo, queria tentar uma proximidade a mais e até quem sabe confessar meus sentimentos, mas a frieza e a falta de coragem me impediam de puxar assunto.
O tédio me consumia, hoje foi um daqueles dias parados onde o meu maior feito era impedir roubos de bicicleta. A tarde se passava lentamente, do topo de um prédio eu observava a cidade movimentada. Tudo era tão monótono, carros circulando, pessoas apressadas em seus celulares, jovens saindo em grupos de amigos, como outro dia qualquer. Com isso resolvi mudar minha localização, aqui no Queens haviam lugares mais perigosos e cogitava ter alguma coisa para fazer. Me levantei do parapeito e com um salto mergulhei na avenida, fixando a minha teia de prédio em prédio para me locomover pelos ares. Algumas crianças acenavam para mim e eu fazia questão de acenar de volta. Adorava essas pequenas coisas, o sorriso de gratidão dos cidadãos me fazia bem. Patrulhei alguns lugares, ajudei uma senhora a levar as comprar até sua casa e como recompensa ganhei alguns biscoitos e a mordida de seu gato gordinho e rabugento. Impedir um assalto e separei uma breve briga de trânsito. Já estava entardecendo quando avisei MJ caminhando apressadamente ao sair do pequeno mercado. Se ela não tivesse conversado com o Peter durante ao longo da semana, teria que conversar com o Homem-aranha. Peguei um atalho sob os prédios até chegar à área residencial e com o auxílio dos telhados das casas cheguei na janela do quarto dela.
A janela estaria fechada se não fosse pela pequena fresta, abrir a vidraça lentamente e invadi seu quarto, fechando completamente a janela ao entrar. Acionei o modificador de voz, e vasculhei o quarto extremamente organizado. Atrás da porta ainda havia o pequeno mural, com algumas alterações como; fotos, pedaços de matérias jornalísticas e as respostas das perguntas que ela havia feito outro dia. Lembrei do seu breve pedido de um autógrafo, e me concentrei em achar um papel e algo que eu pudesse usar para escrever. Em sua cama havia um caderno aberto e alguns lápis espalhados, vi que se tratava do dever de física, me peguei admirado com a caligrafia muito bem feita e os cálculos resolvidos com perfeição. Pulei algumas folhas e rasguei um pedaço de uma folha em branco e com o lápis preto escrevi um pequeno bilhete, que deixaria no quadro junto com as informações que colecionava sobre mim. Tive duas tentativas falhas antes de finalmente escrever o bilhete perfeito e pendurá-lo com um alfinete sobre o quadro. Encarei o bilhete algumas vezes para me certificar que realmente estava bom, suspirou cansado, não me agradava nem um pouco, mas seria o melhor que eu faria.
(Hey Michelle, obrigado pelo carinho! Ass: seu amigão da vizinhança — Homem Aranha).
Calmamente tomei rumo até a cozinha, sabia que estava lá, afinal a canção melódica saia
de lá. A voz suave me deixava hipnotizado e ao chegar ao cômodo, me pendurei do teto para que ficasse mais discreto para não chamar a sua atenção e poder ouvir sua cantoria. As palavras saiam afinadas de seus lábios e se eu não a conhecesse o suficiente acreditaria que fosse uma cantora profissional. Ainda de costas para mim, ela misturava algo na panela me fazendo salivar com o cheiro saboroso que fluía no ar.— It's so hard to stand your ground when you're so afraid —
(é muito difícil se manter firme quando você está com tanto medo), a colher que antes mexia a panela se tornou um microfone, e com os olhos fechados ela inclinou a cabeça olhando para cima, como em uma espécie de performance. — No one reaches out a hand for you to hold — (ninguém estende uma mão para você segurar) os cabelos agora jogados para trás me deixaram ver melhor o seu rosto. — When you look outside, look inside to your soul — (Quando olhar para fora, olhe dentro da sua alma), ela parecia tão leve, tão fora de si que mal percebeu quando o poço de fumaça começou a sair da panela. — Mas que droga! — E assim a cantoria terminou dando espaço aos resmungos, a feição leve se tornou a mesma de sempre e o clima voltou a ser pesado. Fiquei observando por mais um tempo, estava meio atrapalhada, não sabia se terminava de preparar a calma ou dava atenção a tábua de legumes. Era hora de agir, ao vê-la pegar a faca usei a minha teia.
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This is Love • Spideychelle
Fanfiction𝑪𝒐𝒏𝒕𝒆𝒖́𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒏𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 +18 ᪥ Quando se torna maior do que qualquer necessidade. Quando se torna a luz ao meio das trevas. Quando sentir que se tornou impossível de controlar. Isto é o amor. Um desafio entre a razão, a justiç...