‐ Chapitre trente deux

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— Você tem certeza disso, querida? — Pepper perguntou preocupada. Ela foi a primeira pessoa que eu pude contar sobre o que havia acontecido. A dor não havia diminuído, muito pelo contrário apenas senti tudo com mais intensidade. Peter não me olhava no rosto, não interagia comigo e as poucas vezes que ouvi sua voz durante esses dois dias era quando ele falava com o Simba. — Querida, eu não estou duvidando de você. Mas não é do perfil do peter te trair ou coisa parecida.

— Eu não sei de onde ele tirou aquela foto, também não quis me dizer quem era. — Enxuguei uma lágrima que escorria pelo meu rosto. — Isso dói tanto, estávamos bem, juntos. Tinha um problema ou outro, mas estava tudo bem. Agora ele me odeia, me despreza.

— Sinto muito por isso. De qualquer forma, vou usar o sistema para buscar essa mulher, por mais que não seja de fato uma traição, precisamos saber quem está conversando com ele. Não podemos confiar em absolutamente ninguém, ainda mais dele ter a identidade revelada.

— Tudo bem. — Digo cabisbaixa. me sentei ao lado de Pepper, utilizamos o sistema de rede de dados desenvolvido pelo Tony para buscar essa tal de Mary.

A ideia do projeto, era através de um nome, ou uma foto, identificar e localizar uma pessoa. O que não esperávamos é que mesmo com o filtro de busca ligado, fosse impossível localizar essa mulher. Vasculhamos mulher por mulher que continha esse nome, até mesmo alguma variações de nomes, como Maria, Mariane, Marina, mas nada nos ajudou a localizar.

— Talvez ela não tenha nascido nos Estados unidos. — Pepper diz desligando o filtro, havíamos passado algumas horas frustradas ali, analisando foto por foto. — Talvez se você tivesse tirado uma foto ou estivesse com a foto original seria mais facil localizar.

— Eu  devolvi para o Peter. Fiquei com medo e achei melhor assim, ele estava muito nervoso. — Meu coração aperta em culpa e as lágrimas simplesmente voltam a rolar dos meus olhos. — Estou tão arrependida, se soubesse que as coisas terminariam assim, eu fingiria não saber o que estava acontecendo.

— Querida, não foi certo você guardar a foto e dizer que jogou fora, mas também ele errou de não ter se explicado. — Pepper abaixa a cabeça. — É uma teoria que eu guardo faz um tempo, cheguei a comentar com o Tony, mas você sabe como ele é. Vocês nunca resolveram um conflito sozinhos e talvez todo esse estresse seja causado por essa frustração, entende? O que aconteceu com vocês dois foi muito complicado, lidar com violência doméstica e sexual não é fácil e na minha opinião vocês deveriam ter passado aquele momento juntos. Lógico, super entendo que eles não queriam criar dependência emocional um no outro. mas de que adiantou, afastar vocês durante três meses, controlar a comunicação para no fim, no primeiro conflito vocês explodirem um com o outro? — Era a primeira vez que eu via isso de outro ponto de vista e Pepper não estava errada. — Peter foi visto como um monstro descontrolado, foi sedado e tratado como um animal. Não ensinaram ele a lidar com isso, apenas ensinaram ele a sentir culpa. Quando ele voltou de viagem, estava tão nervoso que ficou grudado na poltrona do meu escritório, não aceitava ser tocado e dizia que poderia me machucar sem perceber. Querida, ele aprendeu a controlar os poderes sozinhos sem ferir ninguém, se tornou um herói sozinho. Vê-lo tão frágil, quase doente de tanto nervosismo me deixou profundamente magoada, ele foi auxiliado a não se aproximar de você, uma vez que os poderes estavam descontrolados, ele poderia te ferir ou coisa parecida, Tony sugeriu que ele passasse mais uns dias longe, porém Peter disse que a saudade era tanta, que ele seguiria qualquer regra maluca se pudesse ver você.

— Ele sentiu medo de me abraçar, mas mesmo com todas as indicações eu insisti, não aguentei ficar longe dele. — Aquilo doía.

— E ele te machucou? — Pepper perguntou e eu neguei. — Entende onde eu quero chegar? As pessoas reprimem ele por não poder controlá-lo. Ele tem esse controle, mas de tanto dizerem que não, ele acaba acreditando. Ele só tinha dezesseis anos quando aconteceu, estava assustado e confuso. Afastá-lo de todos aqueles que o amavam foi errado, apenas o traumatizou ainda mais. Hoje eu vejo, ele tem tanto medo de te perder, que consegue relaxar, vive em cima da sua segurança, garantindo que tudo esteja bem. Não é por ele ser um super herói, ou por ser superprotetor. Ele pensou que você estava morta, depois quando teve a chance de entender o que realmente havia acontecido, foi arrancado de sua zona de conforto. Ele não tinha mais aquela base de segurança, não tinha a May, o Tony e muito menos um ambiente acolhedor ao qual estava acostumado. Talvez que por trás do super-herói forte e corajoso, existia uma garoto normal, apaixonado e de apenas dezesseis anos. — Ela suspirou cansada e ao notar o meu silêncio se agitou. — É apenas a minha opinião, não precisa concordar se não quiser.

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