- Chapitre trente-six

319 23 52
                                    

Eu apenas me lembrava de estar no meu quarto assistindo vídeos no meu celular, embora eu estivesse sentindo falta de passar os meus dias com a Michelle, me sentia estranho em passar minhas tardes abraçado com ela, afinal, somos apenas amigos agora. Era doloroso pensar assim, afinal o quanto eu a amava era impossível de se escrever. A tarde estava confusa, chuvosa e fria. Me sentia abandonado, deprimido e o pior de tudo não sabia como lidar com tudo isso. Eram muitas coisas acontecendo em pouquíssimo tempo e infelizmente não tinha me adaptado com essas mudanças, por outro lado, tinha todo o apoio de May, por mais que MJ dissesse que me amasse, ela parecia tão perdida em seus sentimentos que mal me dava atenção, se bem que ela não tinha essa obrigação.

— Peter? — A voz meiga soa doce em meus ouvidos, levanto o meu olhar ao seu rosto delicado sentindo meu coração errar algumas batidas. Porém ao contrário do que eu esperava notei seus olhos inchados por causa do choro recente, a feição coberta de dor e alguns espasmos em seu corpo magro. — Eu acho que fiz besteira. — Os braços magros se erguem em frente ao corpo, a maré vermelha coloriu não só o tecido de  seu pijama, como também deixou um rastro pelo corredor. Eu me levantei tão rápido da minha cama que consegui sentir tudo girar, me deixando tonto. Ela sorriu sem forças, caindo sobre o piso gelado e o sangue apenas jorrava mais, sujando-lhe as calças.

— Tá tudo bem, nós vamos cuidar disso. — Digo segurando as lágrimas, abraço seu corpo frágil mantendo-o sobre o meu.

— Isso é culpa sua. — Ela diz cansada, os olhos fechados se abriam lentamente, porém não se mantiveram abertos por muito tempo.  — Você me deixou quando eu mais precisei de você.

— Me perdoa, eu não quis fazer isso. — Acariciei seus cabelos macios, lamentava as lágrimas que caiam sobre o seu rosto e tento secar cada uma delas o mais rápido que posso, porém quando eu vejo seus cabelos também estão molhados, os lábios pálidos e a pele gelada. — Não faça isso comigo, por favor. Volta para mim anjo. — Implorei agarrando ainda mais o seu corpo sem vida.

— Peter! — Ouço a voz de May e sinto um chacoalhão em meu corpo. Meus olhos ardem pela luz sobre eles, busco a minha garota ao redor. Meus olhos encontram os olhos molhados dela. Tudo não passava de um maldito pesade-lo, o que por breves segundos me fez suspirar aliviado. — O que aconteceu?

— Ele não acordava, estava chorando e me apertando com muita força. — Ela diz massageando o próprio braço. Eu me sinto culpado e May se levanta e vai até ela para avaliar seu braço. — Eu estou bem, foi só um susto. Peter, meu amor. O que foi que você sonhou?

— É tudo culpa minha… — Digo entre soluços, sentindo o meu corpo todo tremer. O cheiro doce invade os meus sentidos e o calor conhecido me acolhe.

— Ei, foi apenas um sonho e eu tenho certeza que você não tem culpa de nada. — Ela diz meiga, os lábios tocam a minha testa algumas vezes. — Eu amo você, com toda a minha vida.
— Você tinha… Estava tudo sujo de sangue. — Em uma atitude rápida puxei seus pulsos procurando pelos cortes profundos, existiam apenas as cicatrizes melancólicas de um passado cheio de dor, ela parece magoada, mas deixa eu tocar cada uma das listras finas.

— Eu não faço mais isso, fiz durante muito tempo. Mas hoje não sinto mais essa necessidade, as cicatrizes ficaram para mostrar a luta que eu passei, mas hoje não passo mais por isso. — Ela diz calma, em uma explicação carinhosa e gentil.

— Você morreu nos meus braços e eu não consegui fazer nada, disse que eu era culpado. —  As lágrimas grossas escorriam dos meus olhos, incontroláveis. Não era a primeira vez que eu sonhava com isso, às vezes a causa da morte variava, mas sempre terminava comigo agarrado ao seu corpo sem vida.

— Meu bem, você é a minha âncora. Jamais se culpe por algo como isso, você só me trouxe bem. Infelizmente não viveremos por toda a eternidade e uma hora ou outra o divino terá que nos separar. Mas a culpa não vai ser sua, estamos dispostos a morrer assim que respiramos sozinhos pela primeira vez. — Ela beijou o meu rosto molhado e acariciou meus cabelos bagunçados. — Você está queimando de febre, vou te dar o seu remédio e ficar aqui com você, tudo bem?

This is Love • SpideychelleOnde histórias criam vida. Descubra agora