- Chapitre trente trois.

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  Tem algumas coisas que a gente só entende quando vê. Quando eu cheguei de viagem, vi minha namorada bem, um pouco cansada, mas ainda estava bem. Em dois dias de tratamento intensivo ela mal conseguia levantar da cama, os olhos tinham olheiras profundas, os lábios estavam ressecados, o corpo tão frágil e dolorido que permanecia imóvel a maior parte do tempo. Meu coração se partiu ao ver ela naquele estado, mesmo que não estivesse saudável antes, ao menos parecia feliz.

— Ela vai ficar bem, não vai? — Perguntei à enfermeira que ficou responsável pelos cuidados, não que eu tivesse desistido ou coisa do tipo. Eu não tinha prática e nem conhecimento o suficiente para cuidar da MJ, então optei em chamar alguém para ajudar.

— Vai sim, Peter. — Ela responde injetando um remédio na coxa da garota que fecha os olhos.

— Toma cuidado, tá machucando ela. — Digo me aproximando. — Segura a minha mão, vai doer menos. — Entrelaço nossos dedos e beijo sua mão gelada, não gostava da idéia que ela tivesse mais sofrimento e então nesses momentos eram os quais eu me fazia presente, disponível para ela. Os medicamentos pareciam ser extremamente doloridos. A enfermeira aplica mais dois remédios e deixa o quarto. — Você é tão forte.

— Eu estou me sentindo péssima. — Ele suspira triste. — Não queria fazer você passar por tudo isso.

— Se eu não tivesse ido embora daquela vez, não estaríamos passando por isso agora. — Digo apreensivo, ela mantém seu olhar fixo ao meu rosto. — Você consegue ser linda até doente.

— E não consigo acreditar muito nisso. — Ela se encolhe um pouco, os olhinhos moles junto aos meus.

— Pois acredite, você continua linda. — Sorrio e beijei seu rosto. — Vamos ler alguma coisa? Você gosta tanto de ler.

— Você pode ler para mim? Sei que é pedir demais, mas meus olhos estão cansados. — O pedido é feito baixinho, quase inaudível. Eu beijei sua testa e peguei o livro na mesa de cabeceira, abrindo-o na página marcada por ela. De começo levo um susto, tenho impressão que as letras estão pequenas demais e quase ilegíveis. Aproximei o livro do meu rosto tentando identificar as letras, porém elas se tornam ainda mais borradas e então eu o afasto. — Tá tudo bem?

— Está, só estou tentando entender o contexto da história. — Minto olhando a capa do livro. — Crepúsculo? Não era você quem não gostava de romances?

— Eu nunca disse que não gostava, só não são os meus favoritos. — Ela riu baixinho. — E por mais que todo o contexto de ser vampiro tenha sido descartado e o Edward seja quase um pedófilo, ainda tem uma história quase legal.

— Mas não são quatro livros? Esse é o terceiro, se a história é quase legal, por que você leu até aqui? — Perguntei sem entender.
— Tá sabendo demais, como sabe que esse é o terceiro livro? — Ela pergunta me fazendo corar as bochechas. Ler toda a saga Crepúsculo havia sido uma das coisas menos másculas que eu já havia feito em toda a minha vida e olha, pra quem já performou Britney Spears em frente ao espelho era muita coisa.

— Foi apenas um chute. — Digo pigarreando, voltando minha total atenção ao livro.

— Tudo bem, fã do vampirão chifrudo. Seu segredo está bem guardado comigo. — Ela começou a rir tossindo em seguida, sua tosse cortou completamente o clima confortável do momento. Ao se recuperar ela me encara sem jeito. — E essa não foi a única saga que eu roubei da sua estante.

— Ladra. — Brinquei sorrindo de canto, um sorriso longe de ser natural. — Minhas coisas são suas coisas, mas se você ousar dizer que o Jacob é um namorado melhor que o Edward vou fazer você comprar os próprios livros.

This is Love • SpideychelleOnde histórias criam vida. Descubra agora