ANABEL FEZ uma viagem tranquila, e foram muitos quilômetros tentando entender suas atitudes nos últimos tempos. Não chegou a conclusão alguma.
A jovem não morava no campus, e sim num pequeno e aconchegante apartamento a duas quadras da Escola. Chegou tarde e pretendia ir direto para a cama, para acordar linda e esplendorosa na outra manhã, mas havia uma quantidade enorme de mensagens em sua secretária. Que estranho! Ligou para uma das amigas.
— Eu vou aí, Bel. Não é coisa pra falar por telefone. Chego nuns minutos!
Em quinze minutos, Anabel abriu a porta não para uma amiga, mas para três.
— Afinal, o que aconteceu?!
A porta-voz do grupo já tinha decorado a frase para anunciar a catástrofe:
— Rafa ficou o tempo todo com Sarah, desde sexta-feira. Está de quatro por ela.
Anabel ficou estatelada, de boca aberta. Não. Impossível! Rafael NUNCA ficaria de quatro por uma caloura baixinha!
As garotas cercaram Anabel e deram os detalhes: Rafael e Sarah tinham ficado horas juntos na sexta, no Bar do Berto. Anabel sentiu o ar faltar. Era o bar preferido dela e de Rafa! Depois, Rafael tinha levado a caloura até o alojamento, mas não tinha acontecido beijo nem nada.
— Vocês têm certeza?!
— Eu tenho. Segui os dois. Mas, se ela quisesse, estava na cara dele que teria rolado. Almoçaram juntos no sábado e, de tarde, foram ao cinema...
— Cinema?! Mas Rafa, no cinema...!
— Se enche de mãos, a gente sabe. Mas não teve vez com a caloura! Sentamos duas fileiras atrás deles. Na primeira vez, ela meteu bronca nele. Ele não levou a sério. Na segunda, pensamos que ela ia dar chilique, mas ela pegou as mãos dele, juntou as duas no braço da poltrona e ficou segurando até o fim do filme! Quando saíram, ele estava de um jeito, sei lá, como se tivesse acertado sozinho na loteria... Ele ficou com ela até de noite e levou para o alojamento. Ela deu boa noite na porta, sem nada de amasso.
O relatório do domingo era bem semelhante, descontando o cinema. Sarah não tinha chegado perto da moto de Rafa. Não gostava de motos.
— Vou falar com Rafa amanhã bem cedo! — Anabel estava aflita, e com motivos. Rafael era o tipo de cara que se fascinava com desafios e, de propósito ou por acaso, era isso que Sarah tinha se tornado!
***
ANABEL CHEGOU BELÍSSIMA à Escola na segunda-feira e foi direto procurar Rafael. Esperava ao menos um sorriso de admiração, mas foi olhada com franca hostilidade.
— Ora, então suas amigas fofoqueiras já deram todo o serviço, Bel? Elas não arredaram de perto de mim o final de semana todo! Aliás... De mim e de Sarah!
— Não vim falar de Sarah. — Anabel, firme, manteve a pose. — Vim falar de nós.
— Que nós? Desde o começo do semestre, não tem mais nós! Qual é, só me enxerga quando estou com outra garota que dá de dez em você?!
— Como assim, aquela tampinha recalcada dando de dez em mim?!
Rafael se enfureceu instantaneamente e agarrou Anabel com rudeza pelo braço:
— Não se atreva a falar de Sarah. Você não chega aos pés dela! E, se qualquer acidente começar a acontecer com ela de novo, você e suas amigas vão se ver comigo!
— Eu não sei do que você está falando! Me largue!
— Não sabe?! Ovos podres, frutas estragadas, suas amigas sempre esbarrando nela e todo o resto, e ainda diz que não sabe?!
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Olho do Feiticeiro
FantasyJá há dias o brilho e as cores do Talismã se intensificavam. Rei, rainha e princesa se revezavam na vigilância até que, depois de seis longos anos de silêncio, o Talismã abriu-se ao contato. O Rei chamou a esposa e a filha; assim, os três integrante...