SARAH ATIROU-SE de costas na cama e, rindo sozinha, pensou como relataria aquele dia inacreditável para a mãe. Pegou seu cristal. A simples tonalidade do contato fez a Rainha de Durina saltitar e, entusiasmada, chamar o companheiro para ouvir a conversa. Foi uma excelente providência, porque a quantidade de informações que Sarah despejou era absurda: companheiro mutante e descendente de Antigos, escolha imediata, Lorde de Moolna, tentativa de assassinato, a intensidade da manipulação de sonhos, o problema das motos e do miolo mole de Rafael, a possibilidade de ela, Sarah, ser a causa do miolo mole dele e a preciosa ajuda que o Lorde estava oferecendo, tudo isso junto com muitos detalhes sobre Anabel, os fiéis amigos de Rafael e a alegria radiante da jovem princesa.
- Aliás, só para encerrar, majestades que fizeram questão de alargar meus horizontes me mandando para a área de Humanas: ele é das E-XA-TAS. Lá, sabem, onde eu queria estar desde o começo! Era só terem me deixado ir para lá, como eu queria, e teria encontrado Enrique em menos de uma semana! Lembrem disso, se resolverem alargar meus horizontes mais uma vez!
Os estupefatos Reis de Durina nem tentaram responder à filha. Sarah adormeceu feliz, tranquila e vestida, sorrindo a noite toda.
* * *
A PRINCESA ACORDOU com o Sol raiando, olhou-se e desabalou correndo para o banho. Fez uma guerra com seus cabelos que resolveram se mostrar mais cacheados do que nunca, trocou de roupa quatro vezes até se dar por satisfeita e obrigou-se a manter a dignidade e esperar a chegada de Enrique no quarto, em vez de esperar lá no saguão.
Enrique seguiu mais ou menos a mesma rotina, tonteando Donasô, que estava no apartamento dele bem cedo. Ela obrigou o rapaz a esperar um horário decente.
- Vai querer tirar a garota da cama?!
- Eu vou. Todos os dias da minha vida! - riu-se ele. - Viu só, Donasô, como amor à primeira vista existe?!
- Estou vendo que você está enlouquecido, isso sim! Espere pelo menos mais uma hora! O Sol acabou de nascer, Enrique, seja razoável!
Quando o interfone de Sarah tocou, ela deixou tocar pelo menos duas vezes (dignidade), mas atendeu na terceira, sem aguentar mais.
- Aluna Sarah, o aluno Enrique a aguarda no saguão.
- Diga a ele que estou descendo.
Sarah riu ao ver que estava saltitando pelo corredor como sua mãe fazia quando estava feliz, esperou o elevador (dignidade, dignidade!) e chegou ao saguão com o coração aos pulos.
Ele se voltou quando a ouviu entrando, com um sorriso luminoso. E estava simplesmente lindo! Calça e jaqueta jeans, blusão preto de gola alta para esconder a ameaça do dia anterior, e um brilho nos olhos negros que fez Sarah se sentir sem fôlego.
Enrique foi até ela, mais uma vez segurou as mãozinhas suaves entre as suas e beijou-as. Muito demoradamente, dessa vez. Sarah derreteu e ferveu, tudo junto. Se um beijo na mão era tudo aquilo, como seria beijá-lo de verdade?! Sua imaginação se encarregou de deixá-la vermelha até a raiz dos cabelos.
- Bom dia. Você está maravilhosa. Como consegue parecer mais linda do que ontem?
- Bom dia. - Ela lutou para encontrar palavras razoáveis. Era uma princesa treinada para se portar bem em todas as situações. Como, de repente, engasgava daquele jeito?! - Como você está?
Os olhos indicaram o pescoço dele, mas Enrique se fez de desentendido:
- Ansioso para rever você. Acordei antes de o Sol nascer, mas Donasô, aquela bruxa mandona, me fez esperar até chegar a hora de vir buscar a garota mais fantástica do campus para o café da manhã. Vamos? A senhorita me daria essa honra?
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Olho do Feiticeiro
FantasyJá há dias o brilho e as cores do Talismã se intensificavam. Rei, rainha e princesa se revezavam na vigilância até que, depois de seis longos anos de silêncio, o Talismã abriu-se ao contato. O Rei chamou a esposa e a filha; assim, os três integrante...