126 - GUARDIÃO

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Gente, que dificuldade!

Pretendia de coração entregar um capítulo para vocês em seguida ao recado do começo do mês, mas foi super complicado retomar.

Enfim, saiu.

Sugiro que leiam os dois capítulos antes deste, e então, boa leitura!

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ARMAS EM PUNHO, o guardião apenas esperava. A onda de luz e poder passou sem tocá-lo, sem provocar nele um estremecimento sequer. Mas sua intensidade era formidável. Muito maior do que a estimativa. Jamion de Relana era, sem dúvida, o vermelho mais poderoso de todos os tempos. Para derrotá-lo, talvez precisasse recorrer a reservas de força e habilidade que há muito sua Linhagem não precisava mobilizar. Ou talvez, considerando a insanidade do vermelho, perícia fosse suficiente.

Aguardou. Seus olhos monitoravam as cúpulas, que aguentaram bem o impacto. Sua mente supervisionava o filho e o príncipe de Relana. Estavam em segurança, ou ao menos tanta segurança quanta podia haver com o Imperador à solta.

Era uma daquelas ocasiões em que o futuro seria decidido, avaliou o homem. As possibilidades eram inúmeras, mas duas se destacavam.

Primeira, o Imperador se voltar contra as cúpulas, o mais próximo e relevante alvo para sua fúria. Nesse caso, seria necessário enfrentá-lo e matá-lo. Seria a mais difícil batalha de sua vida, mas a venceria, sem dúvida. Talvez, depois dela, pagasse o preço por acessar e mobilizar habilidades que mantinha sufocadas no fundo da mente, mas não tinha escolha. As cúpulas, as ciências físicas que se desenvolveriam nelas, eram prioritárias. Não podiam ser tocadas pelo vermelho.

Segunda, o Imperador ignorar as cúpulas e se voltar contra o filho, seu eterno pesadelo. Ele era um Imperador totalmente atípico, o que fazia o Palácio se comportar de forma igualmente atípica, tudo isso complicado pela enorme autoridade de Jamion sobre Relana e por suas ordens excessivamente invasivas. Iam contra as leis básicas que regiam o Palácio e, entre a autonomia para proteger a Linhagem e a obediência à mesma Linhagem, Relana ficava com pouco espaço para se movimentar.

Jamion de Relana talvez conseguisse matar o filho, ou talvez Relana conseguisse impedir. O garoto poderia sair ileso, ferido ou aleijado. Relana poderia ou não retaliar contra seu Imperador e então matá-lo, feri-lo ou aleijá-lo. Incontáveis alternativas e combinações. A pior: Jamion morto, o príncipe Julian morto, o Palácio de Relana fechado durante séculos.

A possibilidade de o Imperador se contentar com a destruição já realizada e parar era ínfima. Mas existia. Todas as possibilidades existiam.

Guardiões deviam interferir apenas quando imprescindível – situação em que se enquadravam as cúpulas. Linhagens e Palácios deviam gerir a si mesmos e arcar com as consequências de seus acertos e erros, pois o Império devia se equilibrar sem intromissões. Ele e o filho haviam deliberado longamente até decidir sobre uma interferência menor: afastar o príncipe Julian da Ilha de Relana, que seria o primeiro local a ser atacado pelo Imperador. Mas não podiam colocar o garoto dentro das cúpulas. Haviam aprendido, ao longo dos milênios, que reduzir alternativas sempre provocava danos catastróficos. O príncipe dentro das cúpulas significava que elas seriam atacadas e isso obrigaria o guardião a interferir, independentemente de o alvo ser as cúpulas ou o garoto. Isso não podia acontecer.

As alternativas deviam ser mantidas.

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'ONDE ESTAMOS?' – Anil era fluente na linguagem de estalidos. 'Compreendi que iríamos para as cúpulas.'

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora