37. VULCÕES

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ANABEL ACORDOU PRIMEIRO, com uma tremenda ressaca. Surpreendeu-se ao ver Enrique dormindo no seu tapete e Sarah na cozinha, já preparando um café bem forte.

– Que cheirinho dos deuses...! – Aspirou com prazer o aroma forte do café. – Houve alguma coisa que eu deveria saber, pra ele estar dormindo no meu tapete?

– Houve. Ele trouxe uma terceira garrafa pra dar coragem. Bebeu todinha depois que você dormiu.

Anabel tentou rir baixo, para sua cabeça não doer e para não acordar Enrique.

– Tinha coragem suficiente na garrafa?

– Tinha.

– Você desculpou?

– Sim. E nem me olhe com essa cara, não aconteceu mais nada. Ele ficou contente, deitou no tapete e dormiu. Eu dormi no sofá.

– Ele é um fofo e adora você. E eu... falei muita bobagem? Seja sincera, Sarah! E me alcance um analgésico, por favor. Estão na segunda gaveta. E deixe à mão, acho que Enrique vai precisar também...

Enrique, em paz consigo mesmo e com o mundo, dormiu até o meio-dia. Acordou sem saber onde estava e sem ter certeza se a noite anterior não tinha sido sonho. Viu que não tinha sido quando Sarah e Anabel saíram da cozinha, Sarah com uma xícara de café muito cheiroso e Anabel com um comprimido para dor de cabeça e um copo d'água. Sentado no tapete, ele aceitou o comprimido, o café, e perguntou:

– Eu, hã... falei muita bobagem, Sarah?!

– Ela vai dizer que não – assegurou Anabel, enquanto Sarah ria. – Como disse pra mim. Mas acho que se divertiu um bocado com nós dois, ontem de noite! Na próxima vez, Sarah, você bebe e a gente observa! Bom, pela cara de Enrique, acho que preciso ir urgentemente ver alguma coisa no meu quarto, não é?

– Adoro você, mocreia.

Assim que Anabel fechou a porta da sala, Enrique segurou as mãos de Sarah juntas entre as suas.

– Me dê o resumo de ontem de noite. Tenho medo de ter sonhado!

Sarah riu e deu o resumo, olhando-o atentamente na parte do uma semana só nós dois, sem laboratório. Ele sorriu.

– Eu me lembro, não se preocupe. E vou cumprir, nem que tenha que explodir aquele laboratório! Acho que também disse que você podia torrar a grana que quisesse.

– Disse, e é o tipo de coisa bem perigosa de se dizer a uma garota!

– Não se a garota for você. – Ele sorriu, segurou o rosto de Sarah entre as mãos e beijou-a na testa. – Está valendo. Estou doido pra abraçar você, beijar e rolar pelo tapete, mas não vai dar. Estou com bafo de carniça, minha cabeça está estalando e acho que, se rolar por algum lugar, não levanto mais...

Sarah determinou as diretrizes do dia e os outros dois se limitaram a concordar. Anabel foi tomar um bom banho para espantar a ressaca enquanto Enrique, na sala, tomava mais uma xícara de café e sentia a cabeça melhorando. Sarah conferiu se Enrique estava ok para dirigir e carregaram Anabel junto com eles, para o almoço preparado por Donasô. As mulheres se encarregaram dos detalhes finais na cozinha. Enrique se meteu num banho e saiu dizendo que Anabel tinha razão, era uma ótima terapia pra ressacas!

– Mas estou estranhando o silêncio desse telefone! Pensei que iam estar loucos atrás de mim!

– Eles estavam, mas o doutor Janson colocou ordem por lá – informou Donasô. – Mas você tem que ir de tarde, porque tem muita coisa pra resolver. Desculpe, Sarah.

– Não se preocupe, Donasô, eu já imaginava.

Anabel e Sarah foram com Enrique para o campus, mas Sarah segurou Anabel do lado de fora do laboratório.

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora