127 - RELANA NÃO PODE ELIMINÁ-LO

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QUANDO O VERMELHO explodiu seu poder, os imperiais, as Linhagens e principalmente os Palácios compreenderam que tinha a ver com Jamion de Relana, mas não sabiam exatamente o que havia acontecido. A maior parte dos informantes – porque todas as Linhagens tinham informantes no Arquipélago – havia avisado seus superiores que o Imperador e a Guarda tinham saído para enfrentar os renegados. Uns poucos tiveram chance de avisar que o Imperador voltara severamente alterado e estava atacando seu próprio povo. A maioria dos outros, moradores da ilha principal ou das ilhas mais próximas, foram incinerados antes de conseguirem mandar qualquer informação a mais.

Por prudência e até saberem o que tinha acontecido, os Palácios reforçaram seus escudos protetores e as Linhagens sem Palácio estruturaram as melhores defesas possíveis.

O poder de Jamion de Relana causara choque, susto e medo; no entanto, era insignificante comparado ao que, minutos depois, sacudiu o Império.

Desde o início da Grande Guerra, mais de mil anos atrás, a Terra não sentia o poder do Palácio Imperial.

Apesar de protegidos atrás de seus melhores escudos, os Palácios dos Reinos Independentes estremeceram, mas os mesmos escudos que os defendiam impediram-nos de compreender o que realmente havia acontecido. Registraram apenas uma gigantesca onda de poder vinda de Relana, sem identificar o Poder de Base – e qualquer Linhagem sabia que, se o uso do poder de um Palácio significava problemas gigantescos, o uso do Poder de Base queria dizer catástrofes. Ficaram apenas com uma fração da informação, e isso foi suficiente para se aterrorizarem.

As Linhagens sem Palácio, idem. Seus próprios bloqueios esconderam a verdadeira extensão do poder.

Os imperiais não tinham condições de compreender nada daquilo. Limitaram-se a, horrorizados, ficar em pânico. Uma lenda, uma velha história para assustar criancinhas, havia acabado de provar que nada tinha de lendária.

O Poder de Relana ainda existia.

***

SENIRA, a única Linhagem na qual sensibilidade era a habilidade maior. Não havia escudo ou bloqueio que impedisse Senira de sentir o que se passava no Palácio Imperial.

Perceberam e compreenderam que não se tratava meramente do poder do Palácio, e sim do Poder de Base. E até mesmo Senira se apavorou, perguntando-se o que teria desencadeado aquela reação.

– O Imperador é um louco, mas não faz sentido. – Lila, pálida, abraçava os dois filhos igualmente assustados. – Relana tolera e administra a violência dos vermelhos, sabe que a Linhagem sobrevive a eles. Se ele tivesse atacado o filho, o Palácio provavelmente reagiria para proteger seu herdeiro, mas isso não despertaria o Poder de Base! E, se o Palácio tivesse decidido que precisava eliminar esse vermelho, tampouco precisaria do Poder de Base para isso.

– Acha então que o alvo não foi o Imperador? – conferiu Denaro.

– Se ele estiver vivo, o alvo não foi ele – respondeu a jovem Rainha. – Porque nada sobreviveria a isso. Se ele estiver morto, não significa que foi o alvo. Sua morte poderia ser um dano colateral ao verdadeiro alvo, seja ele qual for... porque Relana não acessaria reservas tão primordiais de força por causa de vermelho algum, por mais louco e perigoso que ele fosse! Deuses, Denaro. O que mais está acontecendo?! Não basta tudo que sabemos, há ainda perigos que ativam o que o Palácio Imperial tem de mais poderoso?

– Quando o Poder de Base de Relana foi ativado pela última vez? E por quê?

Lila encarou o companheiro.

– Há três mil e seiscentos anos, quando precisou defender a Terra do impacto de um asteroide que teria destruído metade da vida do planeta. É para isso que o Poder de Base serve, não para insignificâncias como Jamion de Relana.

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora