110. UM ANO

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Não é  um capítulo grandão como o da semana passada, 

nem mesmo é um capítulo emocionante.

Mas faz parte da história.

Aguardem. 

O que é do Enrique, está guardado...

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– ELE NÃO VAI VOLTAR para Durina – disse Lila a Denaro, assim que voltou a Senira. – O orgulho dele é tão terrível quanto o não-sentir de Moolna, e ele sabe muito bem que bateu seu próprio recorde de besteiras nesta última ida a Durina!

– Mas, Lila, ele ama Sarah! Senira garantiu que...!

– Dependendo da quantidade de orgulho, amar não é suficiente. Eu tentei avisar do perigo, Denaro. Juro que tentei! – A jovem Rainha de Senira esfregou o rosto, aflita, tentando segurar as lágrimas. – Tia Darah e tio Sammal entenderam direitinho o que significa Enrique ter se transportado do Salão dos Tronos atrás de Alek! Enrique pode estar a salvo de Durina, mas não está a salvo da espada de tio Sammal, e tio Sammal não vai hesitar um minuto se tiver que escolher entre Sarah e Enrique!

– Deixou um marcador em Durina?

– É claro que deixei! Tio Sammal vai esperar a decisão de tia Darah. Quando ela decidir, ficamos sabendo.

– E interferimos?

– Não sei, Denaro. Não sei! Se fosse interferir só na vida de Sarah, tudo bem, ela tem sangue de Senira! Mas aquele idiota é a reativação de uma Linhagem desaparecida há milênios e, cada vez que se mexe com uma tralha dessas, tudo termina pior do que começou! Você sabe disto, por que insiste?!

– Porque Enrique é meu amigo, Lila. É nosso amigo. E eu não o quero morto.

***

MESMO SABENDO que seu comportamento em Durina fora muito inadequado, Enrique manteve a esperança de que Sarah viria procurá-lo, nem que fosse para continuar a briga. Então, talvez, poderiam se entender. Três dias mais tarde, sentiu a mente da companheira na superfície, mas, mais uma vez, não houve qualquer tentativa de contato da parte dela. Devia estar mais uma vez ocupada com a tal escola de Carl! Teimoso como sempre, Enrique não fez contato.

Sarah, por sua vez, fez questão de não sentir a mente do companheiro, bloqueando a sua a qualquer percepção que pudesse distraí-la. Tinha vindo para ajudar os amigos na escola de Carl, e era isto que faria!

Para os moradores de Champ-Bleux, cidadezinha esquecida num canto remoto da França, havia um complexo cientifico sendo construído dentro da reserva ecológica que englobava uma das regiões mais hostis do continente. Eles tinham acompanhado a abertura da estrada rudimentar para o local, o transporte de material para a construção da pista de um aeroporto que, logo ficou claro, seria de uso exclusivo dos cientistas, e logo se desinteressaram pela construção. Quando um cientista dizia uso exclusivo, não adiantava alguém estar morrendo, porque o uso continuava exclusivo. Na opinião da cidadezinha de Champ-Bleux, quem logo estaria morrendo seriam os cientistas e seus ajudantes, porque muita gente já tinha desaparecido naquela região inóspita. O pessoal da cidade compreendeu que a tal pista do aeroporto tinha ficado pronta quando o movimento na estrada subitamente cessou; pouco tempo depois, uma tempestade terrível, muito comum na região, bloqueou vários pontos da estrada. A equipe do complexo cientifico não se preocupou com reparos, preferindo confiar no acesso aéreo. Considerando a força e imprevisibilidade das tempestades dali, era uma tremenda burrice, concluíram os moradores da cidadezinha. Mas, enfim, problema dos senhores cientistas. De suas casas, observavam o ir e vir de aviões de pequeno porte, sinal de que a construção continuava ativa.

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora