61. MOOLNA

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CARL SE TRANSPORTOU para o iate Onda Verde. Seus pais, ilesos e armados, estavam rodeados de sangue e cadáveres: trinta homens da guarda imperial mais o Lorde de Cenaros, que era o general de Relana. Resíduos do campo de bloqueio feito pelos Patriarcas de Moolna ainda persistiam, indicando que os atacantes não haviam conseguido avisar a Relana sobre quem estava no iate superficiano.

O Lorde olhou em torno.

Ao pedir aos pais para se fazerem passar por Sarah e Enrique, Carl tinha agido apenas por conveniência, porque eles seriam capazes de personificar os jovens com perfeição. Não pensara em riscos reais; se houvesse problemas com Jamion de Relana, seriam em Durina, com a previsão, e não na superfície, com sósias que talvez fossem apenas superficianos contratados para o papel. Mantivera os pais a par de todos os acontecimentos, mas, subitamente, perdera contato com eles, enquanto o apagão fazia Durina desaparecer do ambiente mental do Império.

Causa: indeterminada.

Risco estimado: extremo.

Os Patriarcas adormeceram a tripulação superficiana e transportaram-na para uma ilha próxima, retornando sozinhos ao iate. Simultaneamente, fizeram contato com as equipes de Moolna na superfície, acionando os protocolos de segurança. Era necessário proteger os superficianos amigos de Durina da provável retaliação de Relana.

Em alguns minutos, uma série de sequestros-relâmpago retirou de circulação Donasô, Anabel, Rafael, Trovão, Neco, Maria Clara e respectivas famílias, deixando Relana sem alvos. Os aterrorizados sequestrados não suspeitavam que estavam sendo protegidos, não ameaçados. A polícia identificou Enrique como o ponto em comum e ficou à espera de contato dos sequestradores, o que não aconteceu.

Providência seguinte: esvaziar a Escola Superior Integrada, e então os problemas imperiais mais uma vez causaram intenso tumulto na superfície. A primeira bomba que explodiu na Escola Integrada derrubou um setor vazio do prédio administrativo. A segunda bomba estremeceu três quarteirões em torno e jogou pelos ares centenas de toneladas de terra e plantas dos jardins. Algumas pessoas se feriram, muitas entraram em pânico e a Escola Integrada foi imediatamente evacuada. Logo depois, os Patriarcas receberam a informação de que numerosas outras bombas haviam explodido na Escola, destruindo a maior parte de seus prédios e forçando a evacuação de vários quarteirões em torno. A cidade estava em pânico e, se a Escola Integrada não estivesse vazia, centenas de vidas teriam sido perdidas.

Então Carl retornara ao contato mental, informando os pais sobre o massacre em Durina. Enfurecidos e estarrecidos, os Patriarcas chamaram suas armas. E aguardaram. A chegada da guarda de Relana encontrara-os prontos para exterminar quem atacara seu filho.

***

SEM UMA PALAVRA, a Matriarca passou a Carl um cristal mental. O Lorde ativou-o, e o cristal reproduziu as palavras do Imperador ao grupo agora morto no iate:

- Sem sobreviventes! Sem discrição! Sem economia de golpes! Os superficianos que expliquem como puderem! Gravem tudo - Jamion de Relana atirara para o general o cristal mental que estava na mão de Carl - para Durina saber que não acaba aqui! Vão! AGORA!

O destacamento da guarda havia se transportado, saído do bloqueio e abordado o Onda Verde com espadas desembainhadas e mentes prontas para chacinar uma tripulação de superficianos desprevenidos. Não tiveram qualquer chance contra os Patriarcas de Moolna.

Como atual Lorde, Carl decidia pela Mansão, e há muito tempo decidira que a safra podre de Lordes e o Imperador tirano podiam se entender entre si. Acabariam matando uns aos outros, como sempre acontecia. Moolna não precisava interferir.

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora