23. ADVERTÊNCIA OU PRESSA?

432 41 3
                                    

CAFÉ DA MANHÃ JUNTOS, no Berto; durante a manhã, muitas perguntas e palpites que Sarah despachou com sua eficiência característica, mas com um bom humor que antes não existia. Ela tinha, subitamente, se tornado a garota mais simpática e espirituosa do campus. Enrique veio buscar Sarah para almoçar e Anabel correu com ele, ameaçando pegar as vassouras do armário se ele não sumisse JÁ.

– Ela é sua namorada, mas é minha melhor amiga! – exclamou, passando Sarah para suas costas e ameaçando Enrique com uma régua de bom tamanho. – Vá cuidar da sua Aerodinâmica porque ela tem MUITA coisa pra me contar! Vocês sumiram ontem, que droga!

– A gente se vê no fim da tarde, Enrique! – riu Sarah.

– Abandonado no segundo dia de namoro, é o fim! Ok, acho que dá pra sobreviver até o fim da tarde sem você!

Anabel arrastou Sarah para um pequeno e caro restaurante do campus, adiantou uma grande gorjeta ao garçom para ele manter todo mundo afastado delas, e as garotas mais falaram do que comeram, cheias de risos e entusiasmo. Ao final do almoço, Anabel declarou:

– Você nunca vai mudar lá para o meu apartamento! Vai mudar é para o dele! Sarah, estou tão feliz por você, ele parece tão fofo, tão apaixonado, tão tudo! Ah, que maravilha!

Sarah soube também que os pais de Rafael ficariam no apartamento dele até toda a situação legal estar resolvida, e também que ele iniciaria um tratamento psicológico imediato.

– ... Não com o doutor Janson, porque o doutor está assessorando o inquérito e então não pode. Rafa vai perder o semestre, mas se tudo isso servir para ele voltar ao normal, está no lucro!

– Você está bem mais animada!

– Eu disse, Sarah, Rafa é um grande cara. Espero que esse susto tenha servido para meter juízo na cabeça dele!

– É um grande cara desde que não beba, não é?

– Os rapazes disseram que a mãe dele estava tão furiosa que não deve ter álcool nem no armário de remédios, agora!

 * * *

AS AULAS DA TARDE estavam a uma hora do final quando Carl Janson buscou Sarah em sua sala. O professor liberou. Foram à salinha secreta do Bar do Berto, que abasteceu a mesa deles com petiscos suficientes para oito pessoas e fechou a porta.

– Podemos falar com liberdade aqui, princesa – assegurou o Lorde, simpático como sempre. – Primeiro, gostaria de prestar contas de nosso acordo sobre os pesadelos. Já cancelei sua manipulação, mas elas estão tão abaladas que devem passar mais alguns dias na enfermaria. Como eu disse, você fez muito mais do que pretendia. A que tem medo de aranhas não consegue ver nem formigas sem tremer, e a que tem medo do fogo se recusa a chegar perto de fósforos. Devem melhorar, com o tempo. Sobre os motivos de elas terem tanta certeza de que o colar estava no quarto, apesar de você dizer que tinha mandado para casa: Luciana e Amanda são filhas do encarregado do correio do campus e sabiam que você não tinha postado qualquer encomenda. Roubaram a chave do seu quarto do quadro geral do alojamento e fizeram uma cópia. Há algo mais que queira saber?

– Não, mas meu avô quer saber muitas. Quando eu disse que o senhor tinha avaliado minha manipulação e considerado semelhante à dele, pediu para avisar que deseja acesso a todos os dados coletados por Moolna. Espera uma resposta oficial de sua Linhagem. Foi bem claro sobre recados enviados por terceiros; no caso, por mim.

– Vou tomar as devidas providencias. – Carl Janson sorriu. – O outro assunto é um rapaz que, até ontem, era um gênio da Aerodinâmica. Hoje ele está rindo para as paredes, completamente dispersivo e incapaz de iniciar qualquer análise ou simulação. Toda a equipe está considerando você uma péssima influência para o desempenho dele.

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora