ANABEL ESTAVA REALMENTE na sala de espera e se jogou para Sarah num abraço assim que ela surgiu na porta, agarrou-a pelos ombros, examinou-a toda com aflição e exclamou, antes de Sarah conseguir dizer qualquer palavra:
- Você está bem?! Eu estava apavorada! Tem tudo que é história terrível correndo pelo campus! Você está mesmo bem?!
- Claro que estou!
A essa altura, os amigos de Rafael já haviam rodeado as duas, também muito preocupados. Fora eles, a sala de espera estava vazia. A equipe da enfermaria mandara todos os outros saírem.
- Sarah, o que aconteceu, o que Rafa fez?! - insistiu Anabel, ainda sacudindo a amiga pelos ombros. - Disseram que ele matou alguém!
- Não matou, mas bem que tentou.
- Você?! - exclamou Anabel.
Enrique entrou na sala de espera apressado. Ao ver Sarah passar com jeito de quem vai embora, dispensou Donasô em três palavras e correu atrás da garota. Ouviu a última pergunta e respondeu, chamando a atenção de todo o grupo:
- Não. Eu. Oi, caras.
Os amigos de Rafael eram conhecidos de Enrique. Afinal, toda a turma das motos se conhecia, ao menos de nome.
- Você está de brincadeira, Enrique. Nem Rafa seria tão louco assim!
Enrique afastou a gola da camisa, mostrando as marcas no pescoço. Eles arregalaram os olhos, atônitos. Anabel era a mais horrorizada de todos.
- Boa noite - saudou-os o doutor Janson. - Se compreendi bem, você é Anabel, ex-namorada de Rafael. E vocês são amigos dele.
Todos assentiram.
- Doutor Carl Janson, psicólogo - apresentou Sarah.
- O amigo de vocês está encrencado. Com ou sem bebida, isso foi tentativa de homicídio. Os pais dele foram avisados e estão a caminho. A polícia está fazendo seu trabalho e logo deve procurar vocês. Mas quero conversar com vocês agora para entender o que aconteceu com Rafael e verificar se há alguma forma de atenuar as acusações.
Eles concordaram prontamente.
- Aqui? - perguntou Sarah.
- Não. No Bar do Berto.
- É que o Berto deve estar cheio a essa hora, doutor Janson. Não vai dar pra conversar lá! - avisou um dos rapazes.
Carl Janson apenas sinalizou para que viessem com ele e os jovens obedeceram, sem entender. Anabel continuava abraçada a Sarah e Enrique estava bem junto delas.
* * *
COM TANTAS HISTÓRIAS e fofocas correndo pelo campus, é claro que o Bar do Berto estava completamente lotado.
O doutor Janson parou na porta e disse, bem alto:
- Berto, feche o bar. Ninguém precisa pagar nada, eu assumo.
Um bar inteiro olhou para ele com incredulidade, mas Berto nem piscou. Bateu palmas e começou a espantar seus clientes, mandando os garçons atônitos fecharem as portas.
- Certo, pessoal, vocês ouviram! Todo mundo caindo fora! Andem, mexam-se! Já! Fora! Agora!
Em menos de três minutos, o Bar do Berto estava vazio e fechado, algo inédito para um sábado de noite. Berto mandou limpar uma mesa grande para o grupo e baixar as persianas porque estava cheio de gente lá fora querendo ver para dentro.
- Avisem à cozinha que é para encerrar e podem ir para casa, todos! Mexam-se!
Berto trancou a porta de serviço assim que o último garçom saiu e perguntou:
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Olho do Feiticeiro
FantasyJá há dias o brilho e as cores do Talismã se intensificavam. Rei, rainha e princesa se revezavam na vigilância até que, depois de seis longos anos de silêncio, o Talismã abriu-se ao contato. O Rei chamou a esposa e a filha; assim, os três integrante...