Entre as informações recebidas por Donasô e Renato, estava a do novo principezinho de Senira. Durante o jantar, Sarah, entusiasmada, falou bastante do menino.
– Senira é uma Linhagem como a nossa, Donasô – explicou afinal a princesa. – Quase sempre, só um filho por geração. É maravilhoso Lila já ter dois e, pra completar, um é menino, coisa bem rara em Senira! Imagine só quantos principezinhos de Senira vai haver nesta geração, se Lila e Denaro já têm dois filhos em tão pouco tempo!
Até o final do jantar, estava combinado que, no dia seguinte, Sarah levaria Donasô a Senira para conhecer Aldaret e rever a pequena Deila. E, aproveitando a oportunidade, Alek e sua família iriam também. Seria bom Senira conhecer oficialmente o novo preposto de Durina.
– Vai ser muito estranho ver Denaro como Rei de Senira – assegurou Alek. – Nas últimas vezes em que o vi, ele e Sulon estavam treinando dia e noite para entrar na guarda da princesa. E agora ele é um Rei!
A notícia da morte de Sulon, sua companheira e seus filhos ainda era muito nova para Donasô, e ela engasgou ao ouvir o nome. Percebeu que apenas ela havia engasgado; os imperiais continuavam conversando como se nada de extraordinário tivesse sido dito.
– Nós respeitamos nossos mortos, Donasô. Profundamente. Apenas não choramos por eles da mesma forma como acontece na superfície. Aprendemos desde cedo a conviver com a ausência dos que já se foram.
Uma coisa era ouvir Renato falar; outra, bem diferente, era ver que agiam mesmo assim...
Donasô expulsou decididamente a simpatia de Sulon da lembrança, ou acabaria chorando. Seria bom ver o novo filho de Lila!
Assim, no outro dia, o grupo de Durina se transportou para Senira: Sarah e sua mãe Darah; o preposto Alek, sua companheira e filhos; Donasô e Renato. Lila e Denaro os receberam efusivamente, e logo Denaro e Alek estavam falando da infância, lembrando de muitos membros perdidos da família e chegando, mais uma vez, à conclusão de que todos os desentendimentos pareciam muito pequenos agora. Haviam restado poucos Ramasi.
– Preposto ou não, você acabaria se tornando o próximo patriarca da família, Alek. É o descendente mais direto que restou.
Apesar da enorme beleza de Senira, que convidava a tranquilidade e relaxamento, a expressão de Alek endureceu, olhando as crianças que brincavam lá adiante, entre flores e árvores.
– Vai ser um grande prazer extirpar aqueles renegados que tomaram nosso mar. O dia em que o último for expulso das águas de Durina vai ser um dia muito feliz para mim.
– Para todos nós.
Alek voltou-se para o parente com indiscutível curiosidade.
– Você sempre foi um guerreiro, Denaro, e muito bom. E agora? Como se sente, aqui em Senira?
– Acredite, é mais fácil lutar do que se encarregar de um Palácio.
– Mas Senira é um lugar tão... pacífico e calmo. Não sente falta?
Denaro lembrou das extenuantes horas passadas com o sogro, aprendendo a lutar como o tritão que era. Jamais estivera em tão boa forma na vida. Sorriu de um jeito que Alek não entendeu ao responder:
– Não tenho tempo de sentir falta. Olhe, elas estão nos chamando.
Elas eram Lila e Alani, a companheira de Alek. Lila tinha acabado de pressentir a conversa enveredando para rumos indesejáveis e resolvera interrompê-los.
Quando tanto Denaro quanto Alek estavam ocupados com os respectivos filhos, entretidos com as brincadeiras das crianças e os comentários encantados de Donasô, Lila escapou do grupo e foi para junto de Sarah.
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Olho do Feiticeiro
FantasiaJá há dias o brilho e as cores do Talismã se intensificavam. Rei, rainha e princesa se revezavam na vigilância até que, depois de seis longos anos de silêncio, o Talismã abriu-se ao contato. O Rei chamou a esposa e a filha; assim, os três integrante...