107. SARAH E LILA

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Entre as informações recebidas por Donasô e Renato, estava a do novo principezinho de Senira. Durante o jantar, Sarah, entusiasmada, falou bastante do menino.

– Senira é uma Linhagem como a nossa, Donasô – explicou afinal a princesa. – Quase sempre, só um filho por geração. É maravilhoso Lila já ter dois e, pra completar, um é menino, coisa bem rara em Senira! Imagine só quantos principezinhos de Senira vai haver nesta geração, se Lila e Denaro já têm dois filhos em tão pouco tempo!

Até o final do jantar, estava combinado que, no dia seguinte, Sarah levaria Donasô a Senira para conhecer Aldaret e rever a pequena Deila. E, aproveitando a oportunidade, Alek e sua família iriam também. Seria bom Senira conhecer oficialmente o novo preposto de Durina.

– Vai ser muito estranho ver Denaro como Rei de Senira – assegurou Alek. – Nas últimas vezes em que o vi, ele e Sulon estavam treinando dia e noite para entrar na guarda da princesa. E agora ele é um Rei!

A notícia da morte de Sulon, sua companheira e seus filhos ainda era muito nova para Donasô, e ela engasgou ao ouvir o nome. Percebeu que apenas ela havia engasgado; os imperiais continuavam conversando como se nada de extraordinário tivesse sido dito.

Nós respeitamos nossos mortos, Donasô. Profundamente. Apenas não choramos por eles da mesma forma como acontece na superfície. Aprendemos desde cedo a conviver com a ausência dos que já se foram.

Uma coisa era ouvir Renato falar; outra, bem diferente, era ver que agiam mesmo assim...

Donasô expulsou decididamente a simpatia de Sulon da lembrança, ou acabaria chorando. Seria bom ver o novo filho de Lila!

Assim, no outro dia, o grupo de Durina se transportou para Senira: Sarah e sua mãe Darah; o preposto Alek, sua companheira e filhos; Donasô e Renato. Lila e Denaro os receberam efusivamente, e logo Denaro e Alek estavam falando da infância, lembrando de muitos membros perdidos da família e chegando, mais uma vez, à conclusão de que todos os desentendimentos pareciam muito pequenos agora. Haviam restado poucos Ramasi.

– Preposto ou não, você acabaria se tornando o próximo patriarca da família, Alek. É o descendente mais direto que restou.

Apesar da enorme beleza de Senira, que convidava a tranquilidade e relaxamento, a expressão de Alek endureceu, olhando as crianças que brincavam lá adiante, entre flores e árvores.

– Vai ser um grande prazer extirpar aqueles renegados que tomaram nosso mar. O dia em que o último for expulso das águas de Durina vai ser um dia muito feliz para mim.

– Para todos nós.

Alek voltou-se para o parente com indiscutível curiosidade.

– Você sempre foi um guerreiro, Denaro, e muito bom. E agora? Como se sente, aqui em Senira?

– Acredite, é mais fácil lutar do que se encarregar de um Palácio.

– Mas Senira é um lugar tão... pacífico e calmo. Não sente falta?

Denaro lembrou das extenuantes horas passadas com o sogro, aprendendo a lutar como o tritão que era. Jamais estivera em tão boa forma na vida. Sorriu de um jeito que Alek não entendeu ao responder:

– Não tenho tempo de sentir falta. Olhe, elas estão nos chamando.

Elas eram Lila e Alani, a companheira de Alek. Lila tinha acabado de pressentir a conversa enveredando para rumos indesejáveis e resolvera interrompê-los.

Quando tanto Denaro quanto Alek estavam ocupados com os respectivos filhos, entretidos com as brincadeiras das crianças e os comentários encantados de Donasô, Lila escapou do grupo e foi para junto de Sarah.

Olho do FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora