LOGO CHEGARAM SARAH, médicos, enfermeiros, macas, oficiais de segurança, guardas e mais alguns curiosos que não tinham nada a fazer ali.
A aparência do pescoço de Enrique estava terrível e, apesar dos protestos, ele foi colocado numa maca para ser levado para o campus. Rafael gemia baixinho; provavelmente se mantinha apagado por causa da bebida (rabo-de-dragão, de acordo com uma farejada do doutor Janson) e não por causa de Sarah. A garota achou adequado avisar que talvez, casualmente, tivesse acertado Rafael no estômago também. Carl Janson soube que não havia nada de casual naquilo e Enrique chamou Sarah, caminhando bem do lado de sua maca, de máquina mortífera disfarçada de miniatura.
– Como se você fosse muito grande! – devolveu ela, sorrindo.
– Ah, eu! Que altura você tem, miniatura demolidora?
– Um metro e cinquenta e cinco. E meio! E você, amostra de gênio?
– Um metro e setenta e um. E meio, se eu me espichar bastante!
Carl Janson, mais para trás com o pessoal da segurança, só olhava os dois jovens.
* * *
NA ENFERMARIA, Rafael foi para um lado, Enrique foi para outro fazer seus exames, e o doutor Janson chamou Sarah para uma salinha.
– Avisei que precisava de algum tempo com você. – Ele trancou a porta. – Depois a equipe de segurança quer seu depoimento.
– O senhor está me olhando de um jeito estranho desde que me conheceu, como se não gostasse de me ver perto de Enrique. – Sarah cruzou os braços, encarando o homem. – Qual é o problema? Ele não pode se aproximar de garotas porque isso perturba o rendimento no laboratório?
– O problema é que conheço seus pais e não entendo o que está acontecendo, alteza.
Sarah descruzou os braços, toda sua postura mudou e ela encarou o homem com novos olhos. Mas, cautelosa, conferiu:
– Alteza? Está me confundindo com alguém, doutor Janson.
– Não, eu não estou, princesa Sarah, Herdeira de Durina. Tem os olhos de seu pai e a aparência de sua mãe. No Império, respondo por Moolna. Sou o atual Lorde.
Estendeu o braço direito, convidando-a a conferir a identificação. Sarah prontamente se aproximou e segurou o pulso dele. A identificação de Moolna veio fácil. Moolna, uma das mais incomuns Linhagens do Império! Eram famosos por seus conhecimentos assombrosos, sua memória infalível e sua tendência de achar que sabiam tudo melhor do que todo mundo!
– É um prazer conhecê-lo e uma surpresa encontrá-lo aqui, Lorde. Dispensado de títulos para Durina, antes que alguém bata na porta e nos encontre envolvidos em etiqueta imperial.
– Obrigado. Dispensada de títulos para Moolna. Sente, por favor.
Ela atendeu, sentando num pequeno sofá. O Lorde sentou ao lado dela, e a princesa perguntou, direto:
– O que, exatamente, o senhor não está entendendo?
– Tem companheiro, princesa?
Ouvir aquilo de um imperial era profundamente ofensivo e a moça respondeu, seca:
– Eu jamais me aproximaria de Enrique se houvesse um companheiro escolhido. Ele deve ser alguém muito especial para ser colocado sob a guarda do Lorde de Moolna.
– Eu fui chamado como o psicólogo Carl Janson, não como o Lorde de Moolna. E Enrique é muito especial. Tem uma mente rara e brilhante, capaz de revolucionar este mundo. Também é descendente de Antigos. – Sarah, surpresa, compreendeu a preocupação do Lorde. – A mãe de Enrique ficou viúva muito cedo e nunca quis outro companheiro. Disse que era habitual na família dela e, em uma de nossas primeiras conversas, Enrique mencionou sua convicção de que o mesmo aconteceria com ele. Ele tem direito a uma única escolha e já a escolheu, princesa de Durina. De imediato, como costuma acontecer com Antigos. Existe reciprocidade na escolha?
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Olho do Feiticeiro
FantasiaJá há dias o brilho e as cores do Talismã se intensificavam. Rei, rainha e princesa se revezavam na vigilância até que, depois de seis longos anos de silêncio, o Talismã abriu-se ao contato. O Rei chamou a esposa e a filha; assim, os três integrante...