O quarto é lindo. Lindo. Viveria nele para sempre. Parece ter o tamanho do meu apartamento inteiro. Tem uma garrafa de champanhe em cima da cama, fazendo companhia a uma caixinha de bombons finos. Enquanto o mensageiro traz a mala, eu, Erica e Emma andamos embasbacadas pelo cômodo. Vou em direção à janela, que é enorme e está coberta por uma cortina branca e antiga, apesar de parecer nova em folha. Pego os dois pedaços de pano nas mãos e abro de uma só vez. Lá fora, um pouquinho de neve ainda cai. O chão está branco. A primeira coisa que aparece no meu campo de visão, por detrás dos flocos, é a Torre Eiffel.
Essa é uma das coisas mais lindas que já vi em toda a vida, e não acho que seja só por causa da neve. No verão, no outono e na primavera a vista deve continuar sendo exuberante. Se pudesse, passaria todas as estações nessa janela e, ainda assim, acharia pouco. O mundo é realmente um lugar maravilhoso. Só precisamos abrir os olhos com carinho e vê-lo com calma de vez em quando.
Dou um passo para trás e as meninas também estão ali, apreciando a paisagem da janela. Minutos se passam e estamos, as três, namorando um cenário. Aos poucos, voltamos a explorar o quarto. O banheiro está em um nível de dois degraus acima do quarto e tem uma banheira de imersão. A decoração, incluindo os móveis, é retrô, do jeito que eu gostaria que minha casa fosse, se tivesse estilo – ou dinheiro – para bancar tudo isso. Emma tira o champanhe e os bombons da cama e é então que percebo que, no aparador perto da porta, estão três taças. Pierre, de fato, não cometeu nenhum engano: essa suíte é a minha, mesmo, e estava pronta para receber as três mosqueteiras. Nos jogamos na cama, as três ao mesmo tempo, só para tornar ainda mais difícil nossa decisão de, eventualmente, sair do hotel para passear. Quentinha, fofa, confortável. Com vista para a Torre Eiffel.
— Eu paguei por tudo isso? Eu realmente estou aqui?
— Você realmente está aqui, e isso é o mínimo que você merece – diz Erica, em sua voz mais doce.
— Estamos em Paris! – Emma exclama, já se levantando para pegar a garrafa de champanhe e ignorar as taças no aparador. — E vamos flertar!
— Só se alguém vier até aqui – digo –, pois nunca mais vou sair desse quarto.
— Podemos arranjar isso.
Bebemos champanhe, comemos bombons e, quando percebemos, já se passaram duas horas dede que subimos. A sexta-feira está quase acabando. Meu coração começa a palpitar com a ideia de que amanhã eu estaria me casando; bastaria a virada do relógio. Não tem jeito: esse é um sentimento que preciso encarar, mais cedo ou mais tarde – e ele deu as caras mais cedo.
— Ei, que horas são no Brasil? – pergunto.
— São quatro ou cinco horas de diferença. Não lembro – Erica responde.
— Acho que vou ligar pra casa.
Afinal, não respondi nenhuma das mensagens que o telefone notificou quando o tirei do modo avião.
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Teoria do Amor
RomanceLembra das aulas de física que te faziam pensar a razão pela qual era preciso saber o que aconteceria a um bloco de três quilos se você o empurrasse de uma altura de quinze metros a uma velocidade de seis quilômetros por hora - bem como a aplicação...