Capítulo 54

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— As meninas deram notícias?

— Não hoje.

Assim que as palavras saem percebo, com certo constrangimento, que não era de mim que Igor esperava uma resposta, mas de Chris. Eles me olham com interesse, como se eu tivesse notícias. Como se soubesse o que aconteceu ontem, ou domingo, enquanto eles não estavam por perto.

Existe uma pergunta silenciosa ocupando espaço entre nós, pois os dois estão no balcão aguardando o que quer que eu tenha a contar – e o que tenho a contar é que, pela primeira vez desde que saiu da cidade, Alice passou um dia inteiro sem me mandar mensagem, de qualquer natureza.

— Elas estão bem.

— Obrigado – disse Igor.

Satisfeito com três palavras, ele volta a cuidar de sua vida, só que Chris não faz a mesma coisa. Ela continua aqui. Para ela, a conversa está apenas começando.

— Desembucha, Acconciaoco.

— Não te...

— Tem, sim. Como é que você sabe que elas estão bem? Viu no Instagram?

Golpe baixo. Ela sabe que não entro nas redes sociais.

— Foi o que pensei. Andou conversando com Emma?

— Não.

— Erica?

— Não.

— Bom, então só resta uma pessoa!

— Escuta aqui, Chris, eu não sei o que você quer insinuar, mas pode parar. Eu só contei a ela o que contei a vocês, do Léo. E, com todo respeito, não estou interessado em você, e nem no Igor, então não sei como isso pode significar que eu esteja interessado nela, se o tópico de conversa foi o mesmo.

— Calma, esquentadinho...

Devo estar tão vermelho quanto meu tom de pele permite.

— Desculpa. Eu não estou bravo com você.

— Eu sei que não está. Mas ficou todo esquentadinho, dando informações demais para uma pergunta que eu sequer fiz, Luca... tsc, tsc. Está cada vez mais fácil te pegar no pulo.

Sou salvo pelo gongo: o telefone vibra com Leo mandando uma mensagem com foto e, embora nunca seja uma escolha segura abrir mensagens dele em foto, qualquer conteúdo é o suficiente para me desviar da conversa. Chris é muito mais esperta do que qualquer pessoa pode supor.

Para minha sorte, o conteúdo é discreto e civilizado. Ele mandou uma foto de Marina, perguntando se eu já tinha mandado alguma mensagem para ela. Eu não tinha, mas não seria esse um excelente momento para fazê-lo? Isso pode distrair Chris das próprias teorias.

— Viu? – pergunto, provocativo.

— Sim, muito bonita. E?

— Essa é a Bruna? – Igor volta ao balcão e, sem a menor cerimônia, entra na conversa.

— Duvido – sibila Chris.

— Por que?

— Porque essa Bruna é a famosa cabeça de bacalhau. Fala-se sobre ela, mas ninguém sabe se de fato existe.

— Há, há, há – meu riso é sarcástico, mas não tenho vontade de comprar a provocação dela. — A Bruna existe. Mas essa não é ela, mesmo.

— Não te disse?

Chris parece satisfeita com o rumo que a conversa toma.

— É a Marina, Igor – finjo exclui-la da conversa. — Uma amiga da namorada de Léo. Ele quer que eu a conheça, sábado.

Teoria do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora