A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.
Isaac Newton, 1687
CAPÍTULO 74
Existe um provérbio que diz que "toda história tem três versões: a sua, a minha e a verdade".
E a verdade – essa sou eu – é que Luca se sentia tranquilo. Sabia que o que quer que Rodrigo tivesse dito não fazia sentido, embora ainda fosse amarga a sensação de ter seu nome citado por ele sobre o fim da relação com Alice. Ele ainda tinha alguns dias para treinar seu discurso de desculpas, mesmo que não entendesse o que Rodrigo quis dizer com "se não fosse por sua causa, ela estaria casada". Ou algo do tipo. Ele nem se lembrava mais do que aquele homem detestável tinha dito; só lembrava que isso podia terminar muito mal para ele.
E também é verdade que, depois de ligar para Alice na França, Luca ficou mais calmo. Aparentemente, ela ainda não sabia do acontecido, senão teria tocado no assunto. Foi bom ter conversado com ela sobre uma novidade tão grande – o elogio que ela recebeu foi enorme, embora ele não achasse nada surpreendente, já que ela é mesmo tão inteligente – e conseguir se comportar como o bom amigo que era. A leveza o ajudou a se soltar um pouco, melhorando consideravelmente seu humor. Ainda que seu rosto estivesse roxo e inchado, ele não sentia mais dor, ou não se importava mais com ela a ponto de notar sua existência.
Passou a sexta fazendo piadinhas com Chris, quebrando o clima esquisito que se formou entre eles durante a semana, e conversando por telefone com Marina, que se mostrava cada vez mais interessante. Há tempos não se sentia tão animado como naquele sábado, em que chegou mais cedo no Irlandês com o objetivo de arrumar tudo até o início da tarde, ir para casa e esperar a hora de ir para a festa de Léo.
Luca estava revendo o estoque com Igor quando Girolamo irrompeu pela porta, um sorriso enorme no rosto, chamando toda a atenção para si.
— Ei! Olha quem eu encontrei passeando por aqui!
Atrás dele estava Cora, a médica que atendeu Luca no episódio do olho roxo.
Sim, a que é fisicamente parecida com sua falecida mãe.
Sim, a que tem a personalidade completamente diferente da saudosa Molly.
— Eu a vi por aí e disse: "Doutora! Você precisa ver como Luca está!", e ela achou que seria uma boa ideia dar uma passadinha aqui no bar.
— Na verdade... – Cora começou a explicar, se aproximando de Luca –, fiquei com medo de ignorar um italiano animado. Nunca se sabe a quantos decibéis ele pode chegar!
— É uma boa linha de raciocínio – sorriu Luca, cumprimentando-a, enquanto Girolamo perguntava a ela se queria uma bebida. Cora disse que uma água estava de bom tamanho. — Então – Luca continuou, simpático –, você vem sempre aqui?
— Na realidade, não. Resolvi finalmente ver essa feirinha de sábado aqui perto. Seu pai comentou na quarta que era uma excelente feira.
— E eu estava errado? – Girolamo entrou no salão com uma garrafa de água, um copo e algumas rodelas de limão.
— Não, senhor. É uma boa feirinha!
— Há! Eu te disse. Ei, Chris, venha ver a mulher que ajeitou a cara do Luca!
— Eu não ajei...
Cora desistiu de argumentar. Chris parou na frente para Cora e, surpresa, sem falar uma palavra, olhou para Luca. Foi a única reação possível. Ela também tinha notado a semelhança e, por uma fração de segundos, achou estar vendo um fantasma. Chris conhece Molly por fotos e, naquele momento, encarava um holograma da irlandesa, bem na sua frente.
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Teoria do Amor
RomanceLembra das aulas de física que te faziam pensar a razão pela qual era preciso saber o que aconteceria a um bloco de três quilos se você o empurrasse de uma altura de quinze metros a uma velocidade de seis quilômetros por hora - bem como a aplicação...