*---------- quadro de avisos -----------*
Olá! Como estão?
Acho que eu ia dizer algo, mas esqueci, então vamos ao capítulo!
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Lauren
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- Psi! Psi! Psi! - foi o som que surgiu no meio do sonho em que eu dançava salsa com uma mamadeira gigante - Lern!
- Hmmmm? - consegui resmungar.
Estava interessada demais no meu sonho, porque estava em uma competição de dança contra a esponja de lavar e a colher de sopa. Eu é que não ia perder para elas!
- Como está sua coluna? - sussurrou em meu ouvido, mas ignorei, me virando para tentar continuar meu sonho sem perturbação - espero que isso signifique que está tudo bem.
Que pergunta descabida!
Silêncio. Voltei para o meu sonho.
- ACORDA, MAMÃE!
Arregalei os olhos não apenas pelo grito da maluca, mas pelo peso jogado em cima de mim. Um monte de bebê começou a gritar e puxar partes de mim e a cara feliz da desgraçada da minha esposa flutuava acima do meu rosto.
- Feliz aniversário para a mais idosa de todas! - Camila exclamou alegremente.
Ela esperou eu voltar a respirar pra se inclinar e deixar um beijinho em meus lábios. Os meninos continuaram a me agarrar, puxando meu cabelo, meus braços, meu rosto.
- Eu ganhei um ataque cardíaco de presente esse ano? - brinquei, impedindo uma das crianças de arrancar fora minha bochecha - bom dia para todos vocês também.
- Você está velha! Velha! Velha! Velha! - Camila cantarolou, dançando sobre a cama.
Eu sinceramente não tinha ideia de por que ela fazia isso, já que sabíamos que eu era mesmo mais velha e não tinha como ficar mais nova em vez de envelhecer. Talvez ela tivesse algum parafuso frouxo e não soubesse reagir as coisas direito, mas fosse o que fosse, eu amava como ficava feliz por cada ano de vida que eu completava.
- Obrigada! Eu jamais perceberia se não fosse você - ri de sua empolgação e ela me beijou rapidamente de novo - como fez com que esses rapazes não me acordassem antes?
Camila deu de ombros.
- Acordei eles primeiro - riu - olha a cara desse aqui.
Apontou para um deles, que enroscou meus cabelos nas mãos e estava quase voltando a dormir. O observei bem, me desafiando a saber quem era logo de cara.
- Uh... esse é o... Thomas? - chutei, já que era sempre o mais foda-se.
Camila estalou a língua.
- Não reconhece seus próprios filhos, mamãe? Que coisa feia! É bem claro que esse é o Oliver... - ela olhou a pulseirinha em seu pulso - opa, é o Dan. Foi mal, acontece com os melhores.
Deu de ombros e eu ri.
Olhei o sonolento tentando memorizar seus traços naquela manhã. Olhei para os outros dois. Seis meses e eles ainda eram a mesma coisa. Quando isso iria mudar?
O outro bebê puxou minha blusa e sua pulseirinha brilhou na minha cara. Era Oliver. Então o que estava tentando montar na minha cabeça era Thomas. Esse menino estava ficando ativo demais.
- O que preparou para hoje? - perguntei a Camila, que levou as mãos a cintura.
- Por que prepararia algo? A aposentadoria não é comigo, senhora, eu sou só a babá jovem e bonita dos seus filhos - seu sorriso era travesso, mas revirei os olhos.
Nunca dava para esquecer que Camila era escritora, já que inesperadamente ela surgia com algum detalhe fantasioso.
- É serio? O clichê Patroa e Babá não está passado demais? - critiquei prontamente e ela deu de ombros.
- As pessoas gostam - foi o que disse - assim como histórias de mafiosos, donos de morro, mocinhas virgens e inocentes compradas por algum ricasso altruísta, milionários sem sentimento e uns negócios meio estranhos sobre ser parte animal e ter cio.
- O tipo de coisa que você se recusa a escrever - apontei.
Camila torceu o lábio. A empresária dela tinha surgido com a proposta de que ela deveria escrever um livro dentro das camadas mais populares atuais. Inclusive tinha feito uma lista com o que seria mais provável de vender muito. Só que ela não funcionava assim. Camila escrevia por amor e com amor. Cada uma de suas histórias tinha uma raiz viva que fazia com que crescesse bonita e saudável. Era por isso que a amavam.
- Eu não planejei nada de extraordinário para o dia de hoje - confessou - temos muita coisa para fazer com três crianças tão ativas, ou não tanto porque Daniel dormiu, não é. O que eu planejei é de darmos uma volta com eles para tomar um ar fresco. Sem festa surpresa porque é muita coisa, você sabe. Então colocamos as crianças para dormir, tomamos um copo de suco e te mostro meu presente.
Minhas sobrancelhas foram se erguendo enquanto ela falava.
- É um bom plano para mim - sorri para ela, que espelhou-se em mim - Vamos começar, então?
- Claro.
Ela capturou Thomas e Oliver enquanto eu tentava me desenrolar de Daniel e acabando por acordar o bichinho. O café da manhã foi no nosso esquema habitual: Thomas na cadeira longe do prato dos irmãos. Daniel numa distância suficiente para fazer sua bagunça. Oliver no colo porque era o único jeito de se interessar em ao menos beliscar a comida, já que ele estava mesmo muito resistente a se alimentar de algo que não fosse leite materno.
Nossa amigas fizeram chamada de vídeo, assim como meus pais e sogros. Todos queriam saber de presentes e planos para o dia, mas se decepcionaram um pouco quando não tivemos algo grande para falar. Não para eles, pelo menos.
O passeio também foi tranquilo, apesar de as pessoas sempre esticarem os pescoços para verem o carrinho de trigêmeos passando. Podia ler seus pensamentos de "eita, são três!" e os olhares para ver quem seria a mãe enquanto esperavam ver uma mulher exausta e desleixada, ou o que pensariam ser relaxada em péssimos julgamento de mulheres que simplesmente faziam de tudo por seus filhos.
Meu físico estava ok. A barriga ainda um pouco flácida, mas depois de esticar tanto eu não me cobrava, eu fazia minha parte. Meus peitos estavam maiores, mas não estavam nada mal para quem estava amamentando. Sinceramente eu não me importava tanto. Uma mulher tão bonita e gostosa quanto eu não precisa se preocupar com muita coisa.
Os garotos gostavam do ar fresco. Eram curiosos e olhavam para todos os lugares enquanto balbuciavam suas sílabas. Algumas vezes pareciam conversar entre eles, o que não duvido. Eles tinham a Assembleia dos Trigêmeos Cabello-Jauregui onde decidiam o destino da humanidade.
Camila me puxou para seus braços assim que nosso descanso chegou. Me viu falar uma última vez com meus pais e ficou em silêncio enquanto colocava um embrulho retangular sobre minhas pernas. O peguei e abri. Era um manuscrito.
- Luzes - li o título em voz alta antes de ler o resumo:
"Em uma realidade sem luz, sem som e sem cores, uma mulher tem uma forma diferente de funcionar e ver a vida, e quando ela toca as outras pessoas, elas também desenvolvem a capacidade de ver as luzes que tornam a vida algo bonito de se viver. Ela luta contra as adversidades da vida e pessoas autoritárias que tentam provar que era perigosa e devia ser detida e tudo e todos que buscam mostrar que ela estava errada em ser diferente."
- Ela é você - Camila sussurrou em meu ouvido - porque você é uma luz tão forte na vida das pessoas que nem 36 velas gigantes são o suficiente para demonstrar sua imensidão. Você ilumina a todos, Lauren. O mundo só é bom porque você existe nele para trazer luz a meros mortais. Me sinto honrada demais por poder escrever sobre como o grande amor da minha vida é tão necessário para o funcionamento do universo. Eu te amo.
Desgraçada!
Meus olhos se encheram de lágrimas que caíram quando eu pisquei. A beijei com toda força que tinha em meu peito. Foi um beijo de devoção, carinho, amor, paixão, gratidão, entrega de tudo o que tinha por dentro. Se eu era luz, Camila era aquilo que me mantinha acesa.
*
*
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Eu amo duas boiolinhas.Até logo!

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Um, Dois, Três!
FanfictionEla me beijou uma, duas, três... milhares de vezes. E nosso amor se entrelaçou como nossas vidas se uniram por uma história inicial. E nunca terminaria, porque infinitamente respiraríamos fundo e contaríamos para continuar vivendo ardentemente: um...