Lauren
.
Montamos o caminho. Camila e eu fomos imaturas o suficiente para comprar aqueles tapetes em blocos que se encaixam, mas que não sei o nome, e agora os montavamos de forma diferente porque decidimos que precisávamos criar um desafio a mais.
Talvez faltasse algo no funcionamento de nossos cérebros, mas acho que não causava danos permanentes.
- Estou de olho em você, Lauren Cabello-Jauregui! - Camila me alertou enquanto eu colocava os prêmios nos lugares.
- Eu não sou trapaceira como você, Camila Cabello-Jauregui - retruquei, mas coloquei a banana de Thomas um pouquinho mais para frente.
Acho que ninguém perceberia, e eu tinha apostado duas trocas de fralda que ele a pegaria. Thomas era o mais espertinho em seu desenvolvimento motor, e se estávamos apostando corrida, acredito que se alguém tinha potencial de ser o primeiro, esse alguém era ele. Minha aposta reserva era que Oliver não sairia do lugar porque ele era contra tudo e que Daniel chegaria em segundo.
Já Camila, ela apostou que Oliver iria atrás do paninho azul que ele gostava e que Daniel choraria na metade do percurso até seu ursinho favorito, mas Thomas nem daria atenção.
Calma, nossos filhos não andavam. Eles sequer engatinhavam! Só que achamos que as tentativas de se arrastarem podiam receber um incentivo maior. O que poderia dar errado, de qualquer forma?
Minha esposa desconfiada se aproximou de olhos cerrados e olhou a posição dos prêmios. A miopia venceu.
- Isso mesmo, desconfia da sua adorável e justa esposa! - fiz drama, mas quando ela saiu para pegar os meninos empurrei o prêmio um pouquinho mais para frente antes de ir ajudá-la.
- Espero que estejam prontos para arrasar a mamãe de vocês, carinhas - ela disse aos meninos - não a mim, mas a mamãe do leitinho!
Abafei o riso por sua observação.
- Isso mesmo, meus amores - disse quando balbuciaram em farra - a mamãe de peitinho pequeno.
- Lauren! - ela fez bico e ganhou um beijinho.
- Vocês estão prontos? - perguntei a eles, que riram.
Estavam muito interessados, como em toda vez que Camila e eu somos hiper competitivas na frente deles. Mesmo Oliver, que detestava tudo, achava interessante nós duas nos comportando como se tivéssemos três anos.
- Então todos na largada! - Camila e eu os posicionamos - três, dois, um... Já!
Corremos para o outro lado e começamos a chamar pelos três, que de primeira só se interessaram uns pelos outros. Algumas vezes eles faziam isso, provavelmente estranhando ver duas pessoas idênticas na frente deles, sei lá.
Continuamos chamando até que Daniel nos deu atenção e se colocou na posição de arrastar.
Oh, não!
Oliver foi o segundo.
Oh, droga!
- Thomas! Ei, garoto! Olhe aqui! Tem banana, olha! Comida! Hmmmm! - tentei chamar a atenção dele.
Empurrei um pouquinho mais o pratinho com a banana para frente.
- Lauren! - Camila me repreendeu - sua trapaceira!
Meu rosto queimou e eu sabia que devia estar muito vermelho.
- Eu não tenho culpa, meu joelho esbarrou sem querer - inventei, porque não era só porque ela era a escritora que eu não sabia criar uma boa história.
Ela cerrou os olhos em minha direção.
- Está bancando a sonsa - apontou um dedo.
- Eu não faria isso - seguei o riso - eu não tenho culpa de ser tão desastrada!
Camila riu.
- Que fingida! - exclamou, parecendo admirada - pois você vai perder porque...
- Mamama!
Olhamos para baixo e descobrimos uma coisa: perdemos a corrida todinha.
Os três bebês simplesmente já estavam perto de nós. Daniel, em seu pijama verde, estava deitado de barriga para baixo apertando o ursinho com suas mãozinhas. Oliver estava em posição de engatinhar como de vez em quando eles ficavam, mas que poderia dizer tudo ou nada. Em frente a ele, Bichana Julieta estava deitada sobre seu paninho azul. Já Thomas estava sentado comendo sua banana e sendo observado muito de perto por Tempero.
Ele apontou a banana para mim.
- Mamama! - exclamou antes de voltar a comer.
Camila e eu não dissemos nada por um segundo.
- Bom, você o ouviu - quebrei o silêncio e ela se voltou para mim com uma mão na cintura.
- Eu ouvi o que? - me desafiou a dizer o que tinha planejado.
- Thomas contou quem venceu e fui eu!
Seu ar de admiração que sempre surgia quando eu dizia algo aparentemente absurdo demais se expandiu no ar.
- E como ele disse isso?
Dei de ombros.
- Você viu, ele apontou a banana para mim e disse "mama".
Camila riu de mim, mas como ela sempre ria de mim não levei para o lado pessoal. Ao menos não muito...
- Ele poderia muito bem estar te mostrando a banana dele e só isso - apontou - e ele disse "mamama".
- Não foi isso, e "mamama" traduzido da língua dos bebês significa "mamãe". Todo mundo sabe disso - argumentei logicamente.
Ela negou em um balançar veemente de cabeça.
- Temos duas mamães aqui, como sabe se não estava falando de mim? - apontou para si mesma.
- Porque ele apontou para mim quando falou! Aceite que perdeu.
O riso de Camila foi mais em um tom incrédulo.
- Isso não está certo. Não dá para eles resolverem isso.
Minha sobrancelha se ergueu para ela.
- E o que você sugere então, se não confia em sua esposa ilibada e nos próprios lindos e inocentes filhos?
Ela cerrou o olhar para mim acusativamente, então se inclinou para Tempero.
- Tempero, garoto! - chamou com voz abobada - diz para a gente, quem venceu? A mamãe ou eu?
- Diz para ela, Tempero, que você sabe que a mamãe aqui sempre está certa - puxei pro meu lado usando o mesmo tom e o cachorro latiu, balançando o rabo e vindo para meu colo.
- Ah, cara! Isso não está certo! - Camila protestou fazendo biquinho novamente enquanto eu ria descontroladamente - vocês estão todos contra mim! Vou me mudar de casa e começar outra família.
Daniel ofereceu o ursinho dele para Camila, que desarmou a postura ofendida e pegou o urso e o bebê no colo.
- Ganhei pelo menos um - ela fungou, ajeitando o cabelo de Daniel.
- Não seja boba...
Camila soltou um risinho anasalado.
- Eu não sou, mas você precisa perder um pouco. Não é saudável ganhar todas.
Neguei com a cabeça e sorri para ela. Ela não percebia, isso era incrível!
- Mas você já ganhou a maior competição de todas, Camz...
Ela franziu o cenho.
- E qual foi?
- A de melhor pessoa do mundo - sussurrei para ela, que sorriu com as bochechas vermelhas antes que eu a beijasse.
Tínhamos cinco segundos antes de Tempero se enfiar entre nós, mas foi perfeito. Eu sempre ganhava, isso era indiscutível. Era algo maior que eu e provocado pela própria Camila. Ela era a melhor pessoa do mundo, mas mesmo assim quem vencia era eu. Não poderia ter ganhado nada melhor que ter o amor dessa mulher incrível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um, Dois, Três!
FanfictionEla me beijou uma, duas, três... milhares de vezes. E nosso amor se entrelaçou como nossas vidas se uniram por uma história inicial. E nunca terminaria, porque infinitamente respiraríamos fundo e contaríamos para continuar vivendo ardentemente: um...
