Dez - Mamãe mandou

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*---------- quadro de avisos ---------*

Olá!

Então, domingo, dia 10, é meu aniversário. Estava pensando em fazer algo, como uma maratona ou algo assim. Ainda não sei, mas para algo do tipo preciso que apareça gente nessa festinha.

É apenas isso.

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Camila

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Fazer as compras para casa é uma tarefa séria e totalmente responsável. Isso é óbvio, claro.

Lauren e eu nos preparamos muito para o momento em que de fato teríamos que ser responsáveis na hora das compras, já que costumávamos decidir no "mamãe mandou" entre os produtos que poderiam ser cancerígenos, mas que pareciam gostosos.

Se fosse de fácil preparo era melhor ainda, principalmente porque nem Lauren, nem eu, éramos grandes cozinheiras e nossa culinária tendia a dar mais errado do que certo.

Experimento pessoal. Se nenhuma de nós morressemos, então estava dando certo.

Mas ali, agora, éramos responsáveis por três vidas que queríamos que se desenvolvessem saudáveis. Era por isso que aquela era uma grande missão e eu estava me esforçando para não selecionar as coisas na base da sorte.

Bom, eu não resisti a algumas coisas. Ficar olhando e comparando me deixava impaciente, mas ainda assim, acho que deu certo.

Estava silencioso quando cheguei em casa. Nem barulho de bebê, nem barulho de Lauren acalmando bebê. Deviam estar dormindo.

Guardei as compras tentando fazer o maior silêncio possível e subi para o quarto. Eu estava certa. Minha esposa exausta dormia em uma posição aparentemente desconfortável de quem estava sentada e escorregou na cama por pegar no sono. Havia um livro que explicava sua posição e ela tinha tomado banho.

Me perguntei se ela tinha conseguido ir ao banheiro finalmente, porque estava enfezada desde o parto e dizia que isso doía pra caralho, mas ao mesmo tempo tinha medo de forçar e doer ainda mais. Um medo razoável, aliás. Quem nunca.

Sei que comprei até uns iogurtes para ajudar. Tadinha, sofria. Colocar o intestino no lugar e todo o resto voltar a funcionar depois de todo o quebra-cabeças que formou pra abrigar três bebês devia ser uma loucura.

Aproveitei a quietude e fui para meu próprio banho, tempo o suficiente para ouvir o barulho de choro triplo quando terminei me vestir (ok, não seria dessa vez que pentearia meus cabelos).

Lauren soltou um gemidinho cansado e se espreguiçou.

— Pode deixar que eu pego — falei e ela ergueu os olhos para mim enquanto os coçava e bocejou.

— Camz, nem vi você chegar...

— Foi agorinha, não se preocupe — me aproximei e beijei sua bochecha antes de seus lábios — foi só o tempo de tomar banho.

Saí do quarto e fui até o dos bebês. Eles estavam no berço de Oliver, juntinhos para não esquecerem que sempre dividiram tudo numa boa. Me aproximei e enfartei.

Corri até a porta, o absoluto pânico me tomando.

— Lauren! — gritei — Lauren! Os bebês estão todos de amarelo!

— Oh, Camz... desculpe! Eu nem percebi que era a mesma cor. As roupas verdes, azuis e marrom estão sujas!

Não respondi. Voltei para os bebês que choravam. Não culpava Lauren, ela devia estar cansada e não percebeu mesmo. E não é como se fosse a mesma roupa, elas só eram da mesma cor.

Um, Dois, Três!Onde histórias criam vida. Descubra agora