Quarenta e Cinco - Família

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*----------- quadro de avisos -----------*

Estive adiando, mas aqui estou. Vamos assim mesmo.

Vem aí o multiverso.

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Lauren

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Camila confidenciou a mim suas suspeitas sobre os pais de Olivia assim que ficamos sozinha.

A menina dormiu em nossa casa e iríamos com ela depois tanto para discutirmos o que fazer na melhor das hipóteses, quanto para proteção.

Eu não queria acreditar que eles fariam algo, mas também não duvidava. Alguns pais eram assim e amargamente não conhecíamos os pais de Olivia muito bem.

Estranhamente éramos mais próximas do tio dela, que conhecemos por acaso junto ao marido e os filhos gêmeos Leo e Hilary. Eles sempre diziam que éramos muito parecidas com um casal de amigas deles que tinham o mesmo nome que nós, mas brincava que a Camila delas desmaiaria se tivessem trigêmeos.

Minha Camila também desmaiou, assim como eu. Talvez não fôssemos tão diferentes. Uma realidade paralela? O mundo invertido? Um multiverso Camila e Lauren?

Não falamos ainda para Thomas por falta de tempo e cabeça para lidar com isso, mas Dan provavelmente contaria que tivemos uma briga com Oliver e Olivia. Quando chegássemos em casa depois da conversa resolveríamos isso. Fomos de carro até a casa da menina. Nem era tão longe assim, mas para eventuais problemas...

Camila dirigia. Como motorista eu era uma excelente arquiteta ainda que como motorista minha esposa fosse uma escritora incrível.

Olhando pelo retrovisor, podia ver que Olivia estava pálida, mas senti certo orgulho que meu filho manteve a postura em torno dela. Ele parecia diferente, um tanto maduro. Como se sua postura de quem odiava tudo e era sempre do contra tivesse se voltado para a de quem odiaria tudo e fosse contra todos que pudessem machucar a namoradinha e o futuro filho.

Céus! Eu ainda tinha tremiliques e arrepios na coluna ao pensar nisso. Cinquenta e um anos e vovó. Ao menos podia ser mais estranho para Camila, que não passava da metade dos quarenta. E eu não queria tocar naquele assunto sensível que era eu ter perdido uma aposta que, acima de muitas que fizemos, não poderia ser perdida.

Era algo que eu não deveria ter errado. Eu poderia ter errado que ele gostaria mais de beterraba, mas ter um filho na adolescência? Oh, não!

Estacionamos em frente a sua casa.

- O que disse que seus pais fazem? - perguntei enquanto descíamos do carro.

- Meu pai é médico e minha mãe advogada - ela falou.

- Ah... - foi o que consegui dizer.

Eu não queria julgar ninguém, mas me parecia o clássico tipo de pessoas que pressionam os filhos para serem perfeitos na medida em que eles planejaram. Isso poderia acabar mal, então estranhamente eu quis errar mais uma vez.

Olivia nos colocou para dentro de casa e chamou:

- Mãe! Pai!

Assim que eles apareceram e nos cumprimentaram, ela disse corajosamente que precisavam conversar. Prestei meia atenção na conversa. Só sabia que Olivia contava a eles o mesmo que contou a nós junto a Oliver. Os pais dela combinavam esteticamente, como se suas medidas corporais fossem feitas para se encaixarem e se completarem. Olivia tinha puxado as cores fortes do pai e o corpo mignon da mãe. Mas ainda que fossem tão complementares, os dois estavam longe de serem como Camila e eu.

Um, Dois, Três!Onde histórias criam vida. Descubra agora