Quarenta - Não gosto dela

950 147 27
                                        

Lauren

.

Camila estava de péssimo humor há horas.

Bom, sempre que o assunto surgia ela ficava mal humorada. Agora que o assunto iria a nossa casa, ela parecia estar prestes a enfrentar o inferno.

— Camila, não faça essa cara! — a repreendi quando seu rosto pareceu preso permanentemente em uma careta.

— Não gosto dela — repetiu sua sentença de sempre.

Ela não gostava de ninguém. Não era a primeira e provavelmente não seria a última.

— Eu gosto — Dan declarou.

Estava sentada em uma postura impecável lendo um livro em alemão. Eu não sabia dizer se estava entendendo, mas essa garota era esperta demais.

— Eu também — Thomas disse. Ele cozinhava alguma coisa que tinha o cheiro maravilhoso.

Não sei como ele conseguia cozinhar tão bem tendo dois péssimos exemplos, e sei que quatorze anos é meio cedo para assumir a refeição da casa, mas Thomas tinha paixão pela culinária.

Não tinha nada que fizesse que ficasse ruim. Ele pegou nosso grande defeito e transformou em ouro.

Que orgulho desse moleque!

— Meu amor, você quer ajuda? — ofereci.

— Não! — ouvi tanto de meus filhos quanto de minha esposa.

Fiz bico.

— Vocês são maus — apontei.

— Desculpe, mamãe, mas vocês são péssimas na cozinha — Thomas disse com um sorrisinho e bochechas coradas.

Ri porque era verdade.

— Certo, nós somos mesmo — admiti — o importante é que quando o assunto chegar, seja bem tratado.

Olhei diretamente para Camila, que cruzou os braços.

— Só porque eu não gosto dela não quer dizer que vou maltratar — replicou — eu sou legal demais para isso, é por isso que você casou comigo.

Neguei com a cabeça.

— Eu casei com você porque você me acha gostosa, perde as apostas e faz uma boa comida.

— MAMÃE! — nossos dois enjoadinhos protestaram.

Acho que era óbvio demais que eu não estava elogiando a culinária de Camila.

Apoiei as mãos na cintura.

— Não sejam chatos. Todo mundo aqui é grandinho o bastante para saber o que as pessoas fazem — retruquei.

— Ew! — fez Thomas.

— Isso é nojento — Daniel fez uma careta.

— Nojentos são vocês — Camila resmungou, se aproximando e me dando um beijão daqueles de tirar o fôlego enquanto os meninos protestavam no fundo do cenário.

Para complicar ainda mais para eles, Camila puxou meus cabelos e me puxou pela cintura bruscamente.

Oh, porra!

Não tinha como esvaziar a casa agora, ou sim?

Ouvi a porta sendo aberta. Era o assunto chegando.

Camila se afastou e olhou, cruzando os braços, mas mantendo uma postura cordial.

— Ew, as coisas aqui estavam estranhas, hein? — Oliver enrugou o nariz.

Dei de ombros.

— Somos mulheres que se amam. Coisa normal — Camila respondeu.

Um, Dois, Três!Onde histórias criam vida. Descubra agora