Oração.

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16 de Outubro de 2015.

Isabel terminava de lavar as louças sujas, tinha pressa, a água estava gelada a ponto de lhe dar calafrios. Desligou a sopa que estava no fogo e secou suas mãos no pano de prato em seu ombro, estava cansada pois Melinda havia dado muito trabalho para dormir. 

A moça ouviu o barulho de batida na porta e então correu para atender, odiaria caso o som acordasse sua melhor amiga.

— Oi. — Jasmine foi curta, estava nervosa demais.

— Jasmine? Entra. — Bel foi educada, se surpreendeu abrindo espaço para a ruiva passar.

— A Melinda está? — Perguntou mexendo nos próprios dedos, se beliscava sem nem perceber.

— Ela está dormindo, acabou de pegar no sono, deu um baita trabalho... Senta. Por favor. — Foi gentil fazendo a ruiva concordar e se sentar.  — Você veio conversar com ela, não foi? — Perguntou sentando-se no outro sofá.

— Sim, acho que você já deve saber o que aconteceu. — Suspirou de forma cansada.

— É, eu soube... — Disse de forma vaga lembrando do que havia acontecido depois de Dalia ir embora. — Tive que lidar com as consequências... — Falou pensando alto demais e se culpou por isso.

— Aconteceu algo depois que saí daqui? — Ainda estava conturbada com o que aconteceu, mas se preocupava com a namorada de qualquer forma, amava a morena e queria o melhor para ela.

— Melinda não iria me perdoar caso eu contasse, não quer que você tenha pena ou amoleça o coração.  — Bel cruzou os braços.

— Ela não saberá que eu sei. O que aconteceu, Isabel?

— Eu não posso, ela é orgulhosa demais.

— Por favor, aconteceu algo grave? — A ruiva já havia se preocupado além da conta e se culpado também.

— De qualquer jeito não vai dar pra esconder de você, está muito aparente nela...  — Ela reclamou cedendo.

-

Já era tarde, três dias após o acontecido da descoberta de toda a verdade. A mulher deitada na cama do hotel em que estava hospedada tentou ignorar a todo custo a chamada insistente no celular, mas Melinda não costumava ligar e era isso que estava deixando-a apreensiva.

— Bel? — Ouviu a voz fraca e distante da empresária, que a fez levantar em um solavanco.

— Oi? — Respondeu com os ouvidos atentos.

— Bel? — Chamou de novo, parecia não ter escutado a resposta.

— Oi Melinda. — Falou com mais firmeza e mais alto.

— Eu não sei se está me escutando. — A morena estava distante, não só do celular, mas de si mesma, alheia ao que falava, falava com dificuldade. — Eu preciso de você, vem pra cá por favor. — E então Isabel saiu correndo, sabia que era sério.

A sua melhor amiga quase nunca ligava e era orgulhosa demais para pedir ajuda, então se havia chegado a esse ponto, a situação estava preocupante demais. E isso fez Bel se culpar por deixá-la sozinha.

Estava tão preocupada que ultrapassava os sinais vermelhos sem paciência nenhuma para esperar, pisava no acelerador sem medo e muito menos prestava atenção nas placas ou no caminho que seguia.
Chegou no apartamento estacionando seu carro de mal jeito, tentou ir pelo elevador, visto que iria demorar demais, subiu as escadas arranjando fôlego onde não tinha, encontrou a porta destrancada e entrou correndo dentro do local procurando por sua amiga, com a adrenalina percorrendo seu sangue e fazendo seu coração bombeá-lo rapidamente.

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora