Beija eu.

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13 de Agosto de 2015.

— Você vai? — Melinda questionou em um semblante sério e depois pressionou os lábios, estava se referindo a loira que chamava Jasmine para conversar.

A ruiva assentiu concordando e levantando da cadeira.

— Se acontecer qualquer coisa me chama que eu te salvo, faz algum sinal, pede socorro. — Segurou o pulso da escritora que riu com a brincadeira, mas olhou em seus olhos. — Sério, a gente tende a ficar coagido com a presença de quem não nos faz bem e você não precisa conversar com ela só para não ser mal educada, se não te faz bem, não fique perto. — Explicou pedindo para que a moça pensasse, sabia que o coração de Dalia era muito bom e deduziu que as pessoas se aproveitavam disso.

E não errou porque era o que normalmente acontecia.

— Tá bem, linda. — Assentiu em obediência.

A morena puxou a ruiva discretamente fazendo com que ela se inclinasse rapidamente e lhe deu um beijo na ponta do nariz, como Jasmine fazia com ela. A artista sorriu com suas bochechas coradas e foi em direção a loira, sendo acompanhada pelos olhos castanhos.

Melinda cruzou as pernas, abriu a palma da sua mão contemplando suas unhas pequenas e o conjunto de anéis, bebeu mais um gole do seu uísque sentindo ele lhe queimar a garganta, pegou o celular e tentou se distrair.

Não gostava de ter a primeira opinião sobre alguém baseado no que outras pessoas falavam dela, não curtia a rivalidade feminina, ainda mais nessa típica situação, não necessariamente tinha que desgostar da ex da sua ficante. Tentava ao máximo lutar contra a sensação ruim que a moça e aquela conversa que as duas estariam tendo lhe causava, mas a pontada de ciúmes era inevitável e não conseguia nem sequer disfarçar em sua expressão facial.

Tinha algo na loira em que não gostava, a intuição da morena gritava e ela não iria ignorar.

— Sua nova paquera? Ela arrasou nos lances. Era ela na pintura né? São muito parecidas.— Alice perguntou puxando assunto.

Jasmine não entendia o motivo dela tê-la chamado para conversar já que não se falavam e quando falavam era apenas por educação, não tinham mais assunto e mantinham distância desde o término. Mas Alice era extremamente possessiva e mesmo que as duas não tivessem mais nada, lhe doía ver que a ruiva teria seguido em frente. E Dalia deveria ter advinhado isso logo de início, a ex queria marcar território, era da sua particularidade tratar as pessoas como objeto.

— Tudo bem com você? — Perguntou fugindo dos questionamentos que teria escutado.

— Tudo ótimo e contigo? — Deu um passo a frente para escutar ouvir melhor a voz, ainda que o salão já estivesse vazio pois a festa havia acabado e já era madrugada, a música era ensurdecedora.

— Também... — Respondeu bebericando algo para disfarçar o seu nervosismo.

— Como vai a sua vida? O seu trabalho? Minha escritora favorita. — Questionou usando a frase que tinha costume de dizer diretamente ao pé do ouvido de Jasmine quando via que ela estava fazendo algo relacionado a escrita.

Sabia que essa recordação acertaria em cheio a memória da artista, porém ela balançou a cabeça negativamente espantando as cenas.

— Tudo ótimo, Alice. — Sua voz agora saiu em um tom sério observando o rosto da ex que sorria cinicamente. Jasmine mexia em seus dedos ansiosamente, desconfortável com a conversa.

— Você sumiu, nunca mais te vi... Se bem que ando bastante ocupada com as coisas do trabalho, mas esperava ver você lá no petshop pelo menos. — Alice tinha uma postura serena como uma boa moça, tudo era um teatro, atuava bem mal por sinal.

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora