La Belle de Jour.

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26 de julho de 2015.

— Aninha, te juro que ela é o amor da minha vida. — Jasmine falava empolgadamente com sua melhor amiga. Estava deitada de ponta cabeça no sofá observando a moça que corria de um lado pro outro dentro da casa, se arrumando.

— Isso é fogo de palha, num instante passa. — Ana conhecia a mulher, Jasmine era uma romântica incurável e sabia que a tal moça do bar seria apenas mais uma de suas paixonites.

Só esperava que não fosse tão dolorosa quanto a última, Dalia se jogava por inteiro em seus amores passageiros e isso era um prato cheio para ter o coração despedaçado.

— Tô te falando que não é, ela é muito encantadora, Ana Clara. Não tem como. — Discordava veementemente.

— Abaixe sua bola que você conheceu ela hoje, vá com calma. — Clara já sabia de cor e salteado como essa história terminava, em lágrimas. — Levante Jasmine, nada de ficar de ponta cabeça, já ta bêbada e eu não vou limpar vômito de seu ninguém. — Amarrou seus cabelos loiros em um rabo de cavalo.

— Pense numa mulher bonita... — Dalia falou em seus devaneios se referindo a Melinda, enquanto se deitava normalmente no sofá obedecendo sua amiga.

Se assustou quando seu celular vibrou acendendo com uma mensagem na tela, número desconhecido, ela leu sorrindo sem perceber e decidiu responder depois quando acordasse, pois no momento já estava alterada e podia falar algo que se arrependeria.

— Tá vendo como é verdade, acabei de falar da mulher e ela me mandou mensagem. — Comentou relendo cuidadosamente a mensagem de texto.

— E o que tem a ver o cu com as calças, Jasmine? — Perguntou colocando as mãos na cintura em uma fala dramática. A ruiva gargalhou com a expressão.

— Dizem... Dizem que quando você está falando de alguém e esse alguém dá um jeito de aparecer bem na hora, significa que é verdade o que você estava falando sobre a pessoa ou situação. — Explicou. — E num sou eu quem tá afirmando não, dizem por ai, eu já ouvi.

— A pior ilusão não é aquela que você foi vítima, mas sim a que você criou, cuidado com a carência, ela costuma criar amor onde não tem. — Clara repreendeu pegando as chaves. — Muita atenção dona Jasmine. Preciso ir agora. — Alertou a sua amiga dando-lhe um beijo na testa em despedida.

— Como diz o pensador que me foge o nome agora e que por algum motivo a frase ficou na mente... "Não quero nunca renunciar a liberdade deliciosa de me enganar". Pode deixar, Aninha, vou ter cuidado. — Recitou mostrando que sabia muito bem onde estava se mentendo. — Boa transa! — Gritou assim que ouviu a porta bater.

— Indelicada! — Ana berrou de volta.

— Indelicada não, realista. Agradeça ao meu desejo. — Corrigiu.

— Obrigada. — Respondeu revirando os olhos.

— Você me entende né, Brutus? — Jasmine afinou seu tom de voz falando com o pequeno pinscher adoentado que teria que cuidar pelo resto da noite, pegou ele no colo aconchegando-o do seu lado e dormiu pelo sofá com a roupa do corpo. Levantou de duas a três vezes durante a noite para dar remédio ao animal.

Horas depois o dia já havia amanhecido, já era uma bela tarde de domingo. Jasmine despertou em um solavanco, assustando também o filhotinho que dormia sossegadamente perto da moça, não tinha dado trabalho nenhum para a mulher bêbada.

— Perdão Brutus, tu é tão quietinho que eu não lembrava de você. — Riu acariciando os pelos curtos do animal enquanto ele animado balançava o pequeno rabo e lambia sua mão retribuindo o carinho, parecia melhor, os remédios tinham feito algum efeito.

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora