Por enquanto.

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16 de Outubro de 2015.

Mudaram as estações, nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Tá tudo assim, tão diferente...

— Acho que precisamos começar novamente, provavelmente passei a impressão de quem não tinha gostado de você. Me desculpe. — Isabel pediu enquanto coçava seus olhos, estava com sono. A verdade era que mal dormia preocupada com sua melhor amiga desde o dia em que conheceu Jasmine. — Não foi isso, você parece alguém adorável, eu já te admiro só porque você disse que voltaria. — Então ela sorriu para a ruiva agitada. — É que fiquei um tanto quanto nervosa quando descobri tudo, porque perguntei a Mel se ela estava saíndo com alguém. Eu deveria saber que você não era só uma amiga, mas eu fui ingênua demais. Não imaginei que... Que ela fosse arrumar um relacionamento agora, entende? Mas deveria pensar nisso porque ela nunca se permitiu viver um durante toda a vida. — Justificava a moça gesticulando. — Então novamente, me desculpe.

— Tudo bem Isabel, eu provavelmente teria a mesma reação. — Dalia usou de sua gentileza, não tinha mágoa nenhuma dela. — Eu não sabia que tinha acontecido isso tudo com ela... É que na hora que eu descobri foi como se meu mundo tivesse ficado sem chão. — A mulher assentiu. — Eu não esperava nunca algo do tipo, eu só quis ir embora, saí daqui porque eu precisava de um tempo pra pensar. Eu não conseguia encarar ela e meu coração é muito bobo, eu iria perdoá-la só de vê-la chorando e eu não podia fazer isso. — E os gestos ansiosos estavam lá novamente, as beliscadas na própria mão deixando marcas vermelhas. — Não podia fazer isso comigo porque o que ela fez foi errado demais e isso dói muito aqui dentro pra eu perdoar assim.

—  Eu entendo bem, Jasmine. — E a moça tatuada realmente entendia a atitude.

— Eu ainda estou confusa em relação a tudo, tem muita dúvida aqui.

— Eu vou te explicar o caso da Melinda, é até melhor que eu explique porque isso acabou virando um gatilho fodido pra ela. — Isabel tentava recuperar todas as memórias. — Começarei do começo. — A ruiva apenas assentiu, tinha sede de saber de todos os detalhes. — A Melinda descobriu esse tumor em 2013, te explicando melhor sobre ele, é que ele é maligno, então é muito provável que se espalhe para os outros órgãos. Mesmo ela fazendo cirurgia, ele volta a crescer, não tem nenhum tratamento que elimine a massa por inteiro ou que cure. Ela descobriu quando as proporções dele estavam muito grandes, fez cirurgia, ele voltou, e foi esse processo por três vezes.

— Como eu não notei nenhuma cicatriz? — Franziu o cenho lembrando das características da namorada, tinha tudo gravado em mente.

— Porque todas as cirurgias foram feitas em vídeo e pelo nariz, para que não fosse tão invasivo e o pós operatório não fosse tão difícil. A única cicatriz que ela tem é uma perto da orelha, que foi quando ela precisou levar ponto porque tinha desmaiado e mesmo assim é quase imperceptível.

— E por que agora ela tá vivendo assim? Sei lá, não tem alguma coisa a se fazer? — Eram tantas perguntas que ela não conseguia medir a rapidez em que falava.

— Porque Melinda não quer fazer o tratamento. — Respondeu com toda a sinceridade. — Mas assim, os médicos que a acompanhavam não aconselhavam ela a fazer, disseram que era melhor ela aproveitar o tempo que restava ao lado de quem amava. Porque seria um tratamento agressivo e ele não iria garantir muitos meses de vida a ela, talvez só um e olhe lá... Muito provavelmente em péssimas condições, se ela conseguisse sair da cama seria grande coisa já, porque isso a deixaria debilitada demais.

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora