Girassol.

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20 de Agosto de 2015.

— Aonde estamos? — Jasmine perguntou olhando para a estrada que estava vazia e a sua volta só tinham plantas, de vez em quando apareciam algumas casas solitárias no meio do nada.

— Não posso dizer. Uma pena que hoje tá nublado, fica mais bonito no pôr do sol. — Comentou Melinda com as mãos no volante, conduzindo o automóvel para o acostamento onde dava abertura para uma estrada de terra.

Um caminho bastante apertado para o carro grande que a empresária tinha, mas a moça era uma boa motorista e passava com maestria sem tocar em nada. Haviam cactos e flores que se enrolavam nas cercas de arame farpado deixando a vista bem mais bonita.

A morena então parou o automóvel e desceu dele juntamente a ruiva, abriu o enorme portão de madeira mostrando agora o espaço grande que pelo que aparentava, era um sítio. Tinha uma casa bem arrumada de dois andares, pés de frutas espalhados, área de lazer com redes, parecia um cantinho de paz.

— Fecha os olhos. —  Ordenou segurando a mão da escritora e ela obedeceu deixando-se ser guiada para os fundos do terreno.

Dalia conseguia sentir o cheiro da natureza, de verde e se sentia feliz porque Mel tinha todo o cuidado em ditar os obstáculos, fazia com que a desviasse de todos eles. Até que pararam de caminhar.

— Pode abrir agora. — Avisou esperando ansiosamente.

As palpebras da moça pálida abriram, cheia de expectativa sentiu seu coração se aquecer e o corpo encher em euforia, contemplava a vista, estava rodeada de uma imensa plantação de girassóis de todos os tamanhos. Se encontravam bem no meio deles. Jasmine era apaixonada pela flor e não conseguiu ficar quieta, começou a passar a mão em quase todas elas enquanto corria pelo enorme circulo.

No chão tinha um lençol quadriculado aberto e uma cesta cheia de comidas e bebidas.

Melinda já tinha tido a ideia de trazer a companheira no sítio antes, porém viu como uma chance de animá-la naquele dia, porque horas mais cedo haviam se falado por telefone e a escritora tinha uma voz triste, soluçava durante a ligação. A morena perguntou se estava tudo bem e se ela precisava de algo, se tinha acontecido algo, mas Dalia se limitou a responder que estava tudo "okay". Claro que a empresária não acreditou, nem uma criança com toda a sua ingenuidade acreditaria naquela afirmação, porque o jeito dela de conversar estava diferente.

A dúvida de que talvez estivesse acontecendo algo se confirmou quando os olhos castanhos observaram Jasmine de perto, ela tinha as bochechas e a ponta do nariz um pouco avermelhadas avisando um recente choro, mas nada comentou.

— Que coisa mais linda. — Expressou passando seus dedos nas pétalas, seus olhos chegavam a brilhar e a sua voz explodia em alegria, sentia-se uma criança no meio de um parque de diversões.

— Não é?  — Fez uma pergunta retórica admirada com a animação. — Imaginei que fosse gostar de vir aqui.

— Gostar? Eu amei! — A ruiva correu e envolveu a morena em um abraço apertado que a surpreendeu e a fez retribuir da mesma forma.

— Ali tem algumas coisas pra comer caso você queira. — A empresária falou se desvencilhando do abraço e deitando no lençol, a escritora se acomodou ao seu lado do mesmo jeito, não tão próximo.

Um girassol nos teus cabelos

Batom vermelho, girassol

Morena, flor do desejo

Há teu cheiro em meu lençol

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora