De janeiro a janeiro.

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Aviso de conteúdo sensível.

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19 de Dezembro de 2015.

Melinda chegou no hospital de ambulância, sendo atendida logo na emergência pois a mancha em suas costas era preocupante.
Exames de sangue e de imagens foram feitos com urgência, comprovando que a morena tinha seus pulmões cheios de líquido, que era o que estava fazendo ela sentir a falta de ar e tossir daquela forma.

A mulher estava com a saúde extremamente sensibilizada e precisava de cuidados redobrados porque qualquer pequena coisa, mesmo que fosse um resfriado, poderia piorar a sua situação em dez vezes mais.

E ela não teve esses cuidados e por isso seu estado de saúde se agravou... Banho de chuva, noites em cachoeiras geladas, pés descalços no chão, a falta de agasalho, muito tempo na água do rio, a rotina de hidratação capilar que fazia a moça esperar por horas descoberta e em contato com a temperatura alta. Tirando isso, ainda tinha a falta de alimentação saudável e reforçada, a falta de remédios e de acompanhamento médico.

Isabel resolveu privar Jasmine de saber sobre esses detalhes, pois não queria que a moça se sentisse culpada por isso, já que ela quem estava sendo a companhia de Melinda em suas "aventuras". Falou apenas sobre o tumor da empresária que tinha avançado em níveis absurdos e infelizmente já teria se espalhado para outros órgãos, fazendo também pressão em seu crânio e no globo ocular, que era onde Melinda sentia dor.

Se ele já fazia estrago com um mês, já voltava para o tamanho que tinha após a cirurgia, imagine então em sete meses... Ela estava viva por conta de milagres.
Isso não invalidava a força que a morena tinha, que lutava por sua vida mesmo sem nem saber, sem saber que o seu tumor estava tão agravado.

Sua saúde estava correndo tanto risco que se Melinda tivesse apenas mais uma convulsão, possivelmente entraria em coma, e se essa convulsão demorasse mais tempo que o normal, a moça acabaria morrendo, porque sua vida estava por um fio.

A única alternativa que tinham era desacordar a mulher para evitar que isso acontecesse e tentar mais uma cirurgia que seria de risco extremo e que provavelmente a moça não resistiria, tinha apenas 0,01% de chance, já que seus outros órgãos também estavam tomados e começariam a apresentar problemas em pouco tempo, então não era válido.

Tomar novamente a decisão de não tentar e aceitar que era a sua hora de ir embora também tinha vindo de Melinda, e contar isso para para suas amigas e noiva foi doloroso como de costume.

A empresária precisou assinar toda a documentação, o termo de responsabilidade e a ordem de não ressucitação. Deixando claro que era uma paciente terminal e estava desistindo da cirurgia, se caso tivesse uma parada cardiorrespiratória não queria ser reanimada, pois provavelmente entraria em coma e mesmo se entrasse, seu corpo se deterioria as poucos pois já estava totalmente infectado. Tinha autorizado apenas as medicações, para que sua partida não fosse tão sofrida e não sentisse tanta dor.

As mulheres foram aconselhadas pelo médico a se despedirem, porque não tinha hora para o pior acontecer, mas que iria acontecer rápido pois o corpo de Melinda não aguentaria por muito tempo, poderia ser a qualquer momento.

Outra vez, eu tive que fugir

Eu tive que correr, pra não me entregar

Às loucuras que me levam até você

Me fazem esquecer que eu não posso chorar...

A primeira foi Ana Clara que mesmo com tão pouco tempo ao lado da morena, havia se apegado em níveis grandes, a empresária estava acordada e conversava com ela de forma calma, tentando segurar seu choro, porque o cuidado que tinha com a loira era igualado ao de mãe, de quem realmente teria a adotado-a, como havia dito.

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora