Por você.

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11 de Dezembro de 2015.

Por você eu dançaria tango no teto

Eu limparia os trilhos do metrô

Eu iria a pé do Rio a Salvador

Eu aceitaria a vida como ela é

Viajaria a prazo pro inferno

Eu tomaria banho gelado no inverno...

Isabel foi a primeira a acordar naquele dia, com uma expressão de quem não entendia o que havia acontecido, olhava ao seu redor tentando indentificar onde estava. Notou abaixo de si a cintura de Ana Clara, a moça dormia com os cabelos loiros jogados na face de forma bagunçada.
Ela sentou-se rapidamente, inalando o forte cheiro de álcool e sendo acertada em cheio por uma dor de cabeça tremenda, olhou para o lados percebendo Melinda em cima de Jasmine, elas se abraçavam e a morena havia adormecido com um papel na mão.

Mel abriu seus olhos de forma lenta, saboreava de forma desagradável o gosto amargo enquanto seu estômago se revirava avisando algo de errado, logo o gosto mudou para um azedo forte e então a empresária sentiu tudo voltando pela sua garganta.
Tapou sua boca de forma ágil e se desesperou levantando sem nenhum cuidado, acordando Jasmine e Ana Clara, correu até o banheiro onde se debruçou no vaso sanitário e expulsou tudo de ruim do seu corpo.

A mulher tatuada era a única que já tinha assimilado o que acontecia, correu junto, juntou os cabelos longos e castanhos todos em suas mãos e esperou que a morena terminasse o que fazia, se esforçando para não sentir ânsia também. Dalia havia ficado claramente assustada e levantou indo para perto da sua noiva.

— Era só cachaça mesmo. — Melinda justificou o motivo do seu vômito, era sempre assim quando ela ficava naquele estado.

Deu descarga e se levantou para escovar os dentes o mais rápido possível, queria se livrar de toda aquela sensação ruim. 

— Eu sempre fui assim. — Deu de ombros pegando a escova e a pasta de dente. As mulheres apenas concordaram, não tinham nada a acrescentar.

— O que a gente estava fazendo? — Ana Clara perguntou, não se lembrava de muita coisa, tinha preguiça até para se mover.

— A gente ia fazer uma tatuagem. — Isabel respondeu em naturalidade, tinha as memórias de forma clara em sua mente.

— Quê? — Ana Clara respondeu incrédula, a empresária gargalhou.

— É isso ai. — A escritora falou sem ter tanta certeza, dando passos arrastados até a cama e se jogando de qualquer jeito nela.

— Ué, desistiram? — Melinda perguntou saíndo do banheiro e se encostando na porta com os braços cruzados.

— Não. — Isabel respondeu de pronto.

— Eu também não. — Foi a vez de Jasmine, amarrava os cabelos bagunçados.

— Tenho alguma lembrança da Melinda dizendo que a gente ia escrever o nome dela nas costas, bem grande. — Ana clara riu de forma lerda fazendo a morena gargalhar alto.

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Eu mudaria até o meu nome

Eu viveria em greve de fome

Desejaria todo dia

A mesma mulher

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora