Um amor puro.

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Aviso de conteúdo sensível.

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18 de Dezembro de 2015.

Melinda acabou tendo outra crise de ausência um dia depois ao que teve a primeira na frente de Jasmine, só que dessa vez foi durante uma conversa com a sua melhor amiga, nesse momento foi que a morena admitiu para si mesma que estava chegando a sua hora.

No mesmo dia ela pediu para Isabel para que fossem na rua resolver algumas papeladas que faltavam enquanto ela ainda tinha consciência, para melhor amiga era duro demais ter que ouvir tudo e continuar firme sem chorar a cada minuto que passava, pois essa era sua única vontade.

Voltaram para casa antes mesmo de Jasmine e Ana Clara chegarem, fingindo que não tinham saído para lugar algum, esse tinha sido o pedido de Melinda, Isabel atendeu, mesmo sem vontade e depois de uma longa discussão.
Mentir para  Dalia tinha sido traumatizante e doloroso, mas como a ruiva não fez nenhuma pergunta pois achava que as moças tinham passado o dia em casa, então elas conseguiram manter bem o segredo.

Estava sendo um dia difícil, a morena sentia dor pelo quinto dia seguido, malmente saía da cama e era forçada a comer algo. Ana Clara e Jasmine dispensaram o trabalho para ficar ao lado da mulher, dando o máximo de atenção que ela precisava, mas a empresária estava tão fora de si que nem sequer notava a presença.

O que há dentro do meu coração

Eu tenho guardado pra te dar

E todas as horas que o tempo

Tem pra me conceder

São tuas até morrer...

Isabel estava na cozinha terminando de colocar o caldo de carne que havia feito para a melhor amiga em um copo, para ver se ela ganhava pelo menos um pouco de força. A ruiva estava sentada do lado da noiva e conversava baixinho com ela, junto a Ana Clara, perguntando os sintomas que a moça sentia.

Melinda se esforçava para não expressar sua dor, já que a decisão de não ir ao hospital tinha sido sua, mas era humanamente impossível aguentar por muito tempo, ninguém aguentaria.

Às vezes ela se contorcia, suspirava, fechava seus olhos com força quando era acertada por uma pontada forte, seu olho latejava, seu cérebro parecia estar solto, suas costas pareciam ter batido com força no chão. A respiração ficava cada vez mais difícil, os pulmões ardiam em toda inspirada e expirada por mais fraca que a moça desse, a tosse que ela tinha piorava ainda mais a situação, o corpo tremia e ardia de febre, estava totalmente desnorteada, a ponto de esquecer quem era.

— Deixe-me levá-la para o hospital, amor. — Jasmine implorava limpando as suas lágrimas.

— Não Jasmine, eu só quero ficar aqui, me deixe aqui. — Pedia com a maior dificuldade do mundo, não estava nada bem.

— Amor, eu estou implorando. Implorando de todo o meu coração. — Tinha as sobrancelhas franzidas em uma expressão triste.

A escritora molhava o paninho na água e depois voltava a colocá-lo na fronte de Melinda, numa tentativa de abaixar a temperatura corporal dela. Isabel ainda tentou alimentar a moça, mas não ela não conseguia comer, de vez em quando a morena gemia de dor ou gritava agonizando com seu corpo inteiro contraído por instinto.

Era de partir o coração ver a cena, assustador até para quem assistia, Ana Clara limpava as suas lágrimas pois chorava junto a sua melhor amiga, se sentiam inúteis sem poder fazer nada.

Um Livro para Melinda - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora