Capítulo XIII

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 Os dentes amarelados do senhor de meia idade foram expostos em um sorriso irônico, enquanto eu forçava meu cérebro a achar qualquer coisa que pudesse nos tirar daquela situação.

— Olha só rapazes, viemos atrás do desgraçado e, pelo visto, ganhamos um bônus. - ele analisou o corpo dela - Como vai, Ana?

 Como ele sabe o nome dela?

— Deixe-a fora disso. - falei colocando o corpo de Ayla cada vez mais atrás do meu - Seu problema é comigo!

 Minha mente trabalhou para achar uma saída, mas não consegui pensar em nada. Íamos morrer ali, eu sentia isso.

 Lentamente senti o calor do corpo de Ayla se afastar do meu, só então percebi que ela estava se afastando de mim. Olhei para trás e a mesma encarou meus olhos pela última vez antes de ir até o senhor à minha frente.

 Quando ela estava se aproximando dele, os dois homens que o acompanhavam baixaram suas armas por ordem do velho. Ela chegou bem perto dele.

 Perto até demais.

— Acabe logo com isso, Sr. Albuquerque. - ela disse se virando levemente para mim.

— Conhece ele? - perguntei incrédulo.

— Ora, ora, ora. - ele sorriu - Parece que alguém está querendo voltar a trabalhar para mim.

— Ayla... - chamei e ela me olhou rapidamente com desdém.

 Desgraçada, mentirosa, traiçoeira.

— Mal posso esperar para ir para casa, senhor.

— Eu poderia matar você também. - ele disse apontando a arma para a cabeça dela - Junto com esse navegante metido a besta.

— Poderia... - ela falou sem nem mesmo tremer a voz - Mas, não vai!

 Ayla se pôs ao lado do velho assim que ele deu passagem, enquanto os olhos do mesmo brilhavam em vitória.

 Por algum motivo, meu peito estava doendo. Já havia sido traído muitas vezes, mas dessa vez, eu me senti o maior dos tolos por ter oferecido minha confiança a alguém que me traiu na primeira oportunidade.

 O velho apontou a arma para mim e eu respirei fundo, torcendo para que aquilo acabasse logo.

— Deixe que eu faço. - ela falou em voz alta.

 Isso não pode estar acontecendo. Como eu pude confiar nessa vadia?

 O velho entregou a pistola nas mãos dela, enquanto a mesma voltou a chegar perto de mim. Sem hesitar, ela apontou aquela droga de arma para a minha testa.

 Suas mãos não tremiam, seus olhos nem sequer apresentavam remorso quando ela engatilhou a pistola.

— Ayla... - falei tentando achar algum resquício de sentimento naquele ser desprezível - Eu cuidei de você, te ajudei. Eu confiei em você!

 Seus olhos vazios se encontraram com os meus, enquanto eu tentava achar argumentos cabíveis para aquela cena.

— Eu sei. - disse tranquilamente - Pensa rápido, navegante.

— O que?

 Dois segundos. Esse foi o tempo que levou para ela se virar e enterrar uma bala na cabeça do velho.

 Não tive muito tempo para digerir o que tinha acontecido, mesmo em choque peguei minha arma e atirei contra os outros dois.

— O que você...

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