Hoje completa exatos 20 dias desde que entrei para a tripulação do capitão John Carter e, por incrível que pareça, estou gostando da experiência.
Nunca pensei que pudesse me sentir tão bem no meio de 20 homens brancos, longe de tudo, escutando dia e noite apenas o barulho das ondas e dos ventos. No início eu me arrependia de ter aceitado a proposta de John, mas agora vejo que não foi tão ruim assim.
— TERRA À VISTA! - fui tirada de meus pensamentos - TERRA À VISTA!
Eu e Adam nos entreolhamos ao mesmo tempo, depois largamos os esfregões e saímos correndo do dormitório. Voltamos para o convés com a respiração entrecortada devido a correria, mas ficamos felizes ao encostarmos na proa, olharmos o horizonte e vermos um porto próximo.
Os marujos estavam tão eufóricos que começaram a jogar seus chapéus para cima e gritarem em felicidade. Minha intenção era participar da comemoração apenas rindo junto, mas Adam me surpreendeu ao me abraçar até tirar meus pés do chão. Eu ri no primeiro momento, mas minha felicidade caiu por terra ao olhar para o lado e ver John me encarando com um semblante nada bom.
A cada dia tenho me apegado mais a Finley, Adam e aos outros marujos, mas minha proximidade com John praticamente desapareceu.
Até uma semana atrás, ainda trocávamos uma palavra ou outra enquanto ele cuidava das minhas costas, mas agora que minhas feridas se fecharam, nos vemos somente no horário das refeições e mesmo assim ele ignora minha presença da mesma forma que eu fazia com ele dentro daquele celeiro.
Ele não disse nada, não fez nenhum gesto, apenas virou as costas e direcionou sua atenção para outra coisa.
— VAMOS COMEMORAR! - Finley disse em voz alta, desviando totalmente minha atenção.
Quando o sol baixou, os marujos trouxeram seu grande estoque de vinho e cerveja para o convés, juntamente com instrumentos musicais e pão.
Pela primeira vez vi como ocorriam as festas de navegantes. Todos bebiam muito, quase em um nível inacreditável, dançavam, cantavam e até gritavam para expressar sua felicidade.
Me limitei a tomar apenas quatro ou cinco copos de vinho, só para não fazer desfeita.
Quanto mais as horas iam passando, mais eles se embebedavam e gastavam sua energia fazendo sujeira pelo convés.
Já estou imaginando o trabalho que vai dar pra limpar tudo isso amanhã.
Adam e Finley estavam bêbados e queriam a todo custo que eu dançasse uma das músicas com eles, então inventei uma dor de cabeça e me afastei dos marujos usando a desculpa de que iria dormir.
Minha intenção realmente era voltar para o dormitório, mas algo mais interessante chamou minha atenção. Pela primeira vez, vi a sala de navegação aberta, apenas com a porta encostada.
Olhei para os lados na intenção de verificar se alguém tinha me visto ali, depois entrei.
A sala estava bem iluminada, com muitos papéis abertos sobre a mesa. Me aproximei do móvel e percebi que se tratavam de mapas, havia algumas coisas escritas neles, mas não consegui entender o que era.
Também havia um objeto de tamanho mediano que se parecia bastante com um relógio, mas as numerações eram diferentes, sem contar as letras por baixo dos ponteiros.
Me inclinei um pouco mais para conseguir enxergar melhor os papéis e fiquei encantada com a riqueza de detalhes.
— O que está fazendo aqui? - levantei o olhar.
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ALFORRIA
Romance"Sonho com uma outra vida, onde as correntes não separem nossas almas!" Na época em que pessoas eram condenadas pela cor e outras beneficiadas pela "falta" dela, um laço forte prende dois amantes da liberdade: o amor. Seria possível dentro de um...