Capítulo XXXVIII

76 14 1
                                    


 Então meus amores, pra evitar o trabalho de traduzir tudo que for dito, a partir de agora, imaginem que as falas dos moradores de Ekom estão em iorubá, okay?!


Quando chegamos à tribo, John foi levado às pressas para a tenda dos curandeiros enquanto Kayin ia comunicar o líder. Acompanhei meu navegante o tempo todo e não deixei que Eva se distanciasse de mim.

— O que aconteceu? - a senhora perguntou quando a maca foi colocada no chão em sua frente.

— Nosso navio foi invadido e ele foi atacado covardemente. - expliquei - Acha que pode ajudar?

— Vou fazer o possível. - afirmou - Mas, preciso que vocês esperem do lado de fora. Ele está fraco, não posso cometer erros!

 Suspirei fortemente ao assentir, mas me direcionei até a maca para deixar um beijo em sua testa e acabei derramando uma lágrima em seu rosto pálido.

 Segurei a mão de Eva com a intenção de sair da tenda que ficava quase no centro da tribo e, ao chegar na parte exterior, percebi que todos me olhavam incrédulos.

 Será que se lembram de mim?

— Ayla? - ouvi uma voz feminina e me virei - É você mesmo?

 A moça estava grávida e, aparentemente, não demoraria muito para a criança nascer.

— Sim. - respondi levemente desconfiada.

 Seus olhos foram tomados pelas lágrimas ao mesmo tempo que seus passos se apressaram para vir de encontro a mim. Quando estava próxima o suficiente, ela me abraçou com força, mas não consegui retribuir de imediato.

— Nem acredito que está aqui, minha irmã. - franzi o cenho e ela se afastou para encarar meus olhos - Se soubesse o quanto roguei aos guias por sua proteção, pedindo para que voltasse. - ela sorriu enquanto algumas lágrimas escorriam por seu rosto - E você voltou!

— Nala? - perguntei com dúvida.

— Eu mudei tanto assim? - sorriu.

 Abri a boca em surpresa ao abraçá-la novamente, dessa vez apertando seu corpo da mesma forma que ela havia feito comigo.

— Mudou, mudou muito. - analisei seu rosto - Céus, como você está linda.

— Não tanto quanto você! - afirmou animada - Ouvi Kayin avisando sua chegada ao nosso rei, não consegui acreditar, tive que verificar pessoalmente. - ela desviou o olhar - Também não consegui esperar para ver sua herdeira. - se abaixou um pouco - Oi princesa, eu sou sua tia.

 Eva parecia confusa, já que não entendeu nenhuma palavra do que havíamos dito, mas depois que traduzi e expliquei toda a situação ela sorriu carinhosamente.

 Quando minha irmã estendeu os braços, mesmo um pouco relutante, ela abraçou-a. Percebi que a menina relaxou bastante os músculos depois do contato com Nala e fiquei feliz por ela estar à vontade.

— Pelos guias, Ayla. - minha irmã disse analisando o rosto de Eva - Sempre imaginei que seus herdeiros seriam tão lindos quanto você, mas essa garota parece uma escultura. - sorri - E os outros? Onde estão?

— É só ela. - expliquei e sua feição demonstrou dúvida.

— Mas, só uma? - assenti - Seu marido não quis mais herdeiros? - suspirei.

— Nos últimos anos eu vivi em uma realidade um tanto quanto diferente da de Ekom, Nala. - expliquei - Eu não sou casada e não dei a luz a nenhuma criança, a Eva foi colocada em meu caminho por acaso. - a menina abraçou minhas pernas - E depois disso, comecei a amá-la e protegê-la como uma filha.

ALFORRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora