Capítulo XXXIX

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 — Quem te contou essa história? - perguntei.

— Minha mãe, mas os mais velhos também costumam contá-las para as crianças. - sorri - Quando crescer, quero ser tão honrado quanto você e seu pai.

— E vai ser! - acariciei seu rosto - Só que antes precisa aprender a segurar um arco.

— Mas, ele é grande e pesado.

— Meu pai dizia que para um rei nada é tão pesado que não possa ser suportado. - expliquei - Tente de novo, dessa vez se posicione assim... - ajeitei sua postura enquanto todos do campo de treinamento observavam a cena - Respire fundo e só solte a flecha quando se sentir preparado.

 Fiquei de pé, um pouco distante de seu corpo, mas continuei ao seu lado. Isaach pareceu se sentir pressionado pela quantidade de pessoas que o olhava, por isso seus olhos percorreram todo o campo de treinamento em segundos.

— Sua arma faz parte do seu corpo, meu príncipe. - falei e ele voltou sua atenção para mim - Só existe você e ela em uma batalha!

 Depois de minha fala, meu sobrinho pareceu recuperar sua atenção. Com um pouco mais de confiança, ele endireitou o corpo da forma que eu havia pedido enquanto enchia os pulmões de ar.

 Seus dedos libertaram a flecha e, em segundos, ela acertou o alvo à sua frente. Não acertou o meio do círculo, mas já era um começo.

 Todos do campo vibraram ao vê-lo acertar, e seu sorriso se expandiu ainda mais ao perceber que o rei também acompanhava a cena de longe.

— Parabéns, meu filho. - Akin disse batendo palmas e sorrindo.

— Obrigado, pai.

 Mesmo depois de anos, Akin ainda carregava o mesmo semblante firme e carinhoso. Embora seu rosto não tenha mudado tanto, ele estava mais alto e seu corpo muito mais musculoso, além de algumas pequenas cicatrizes conquistadas com o tempo.

 Quando notaram sua presença todos fizeram os devidos cumprimentos. Akin se aproximou um pouco mais de mim, encarou meus olhos e entoou as palavras com firmeza:

— Ayaba wa!

 Assim que sua cabeça se curvou levemente, todos em volta repetiram seu gesto. Fiquei sem palavras ao ver tantas pessoas se curvarem à minha frente, já que isso nunca havia acontecido.

— Pelo visto, suas habilidades de batalha continuam melhores que as minhas. - disse ao se levantar.

— Algumas coisas nunca mudam. - sorrimos juntos.

— É bom ter nossa rainha de volta!

— É bom estar em casa outra vez.

— Posso conversar com você, Ayla? - olhou rapidamente em volta - A sós?

 Olhei para Nala que estava visivelmente desconfortável, por isso pensei em negar, mas ela logo se apressou em dizer:

— Pode ir, minha irmã. - afirmou de longe - Cuidarei da Eva enquanto estiver ocupada.

 Mesmo um pouco insegura com aquela situação, resolvi aceitar. Realmente, haviam coisas que deveriam ser finalizadas e quanto mais rápido isso fosse feito, melhor.

— Desde que me tornei rei tenho tido resposta para todas as perguntas direcionadas a mim. Mas agora, estando ao seu lado, não faço a mínima ideia de como começar essa conversa! - explicou enquanto caminhamos lentamente.

— Nala me contou de suas idas à praia nos anos em que estive ausente. - comentei olhando para frente - Achei que você já tivesse se esquecido do que vivemos naquela.

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